Brechós impulsionam consumo consciente em Teresina

O mercado de brechós ainda é tímido na capital, mas já começa a despontar

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Brechó | José Alves Filho

A sustentabilidade está em alta no mundo, e no Piauí não é diferente. E quando o assunto é roupa, muita gente opta pelos brechós, onde os produtos podem ser encontrados a preços baixos e com qualidade. Mas o que são os brechós? São lojas de artigos usados, como roupas, calçados, louças, objetos de arte, bijuterias, dentre outros.

O consumo consciente, a procura por marcas famosas ou não, com preços mais acessíveis, dentre outros fatores, têm contribuído para o crescimento desse tipo de negócios em Teresina. Sem contar que muitos brechós têm finalidade beneficente, o que contribui ainda mais para a valorização do mercado, que alia sustentabilidade e solidariedade.

José Alves Filho

Embora algumas pessoas já optem por este tipo de produto e por um consumo consciente, a microempresária do ramo, Suellen Soares, diz que o mercado de brechós em Teresina ainda é tímido, se comparado com outras cidades do país e, portanto, tem bastante espaço para ser expandido. 

Suellen, que tem um brechó que comercializa roupas e acessórios, afirma que, quem já despertou para essa forma de consumo, o faz principalmente devido ao preço baixo e ao bom estado de conservação das peças.

"A maioria são pessoas que querem comprar produtos em bom estado de conservação, por um preço bem abaixo de um produto novo. Outras, são pessoas que praticam o consumo consciente e entendem que 'a roupa mais sustentável é a que já existe'", comenta Suellen Soares. Ela entende que a melhor forma de atrair novos clientes é o bom tratamento, o que faz com que estes propaguem sua loja.

Internet - Além de lojas virtuais, muitos empresários do ramo se utilizam de vendas on-line, hoje uma grande aliada das empresas. "Foi na internet que nosso brechó nasceu e depois partiu para o físico. Mas ainda assim a nossa maior receita vem das vendas on-line. Nossas peças mais vendidas são as de frio. Seja qual for o item. Casacos, cardigãs,  echarpes, luvas", disse Suellen.

O lucro com as vendas de brechós, diz a microempresária, não se compara ao de uma peça nova, mas é um lucro considerável. E, segundo ela, 90% das peças disponibilizadas para a clientela são garimpadas por ela, em lojas, e os outros 10% são peças consignadas de clientes. 

Sustentabilidade nas peças reutilizáveis

Buscando um padrão de vida mais sustentável, a jornalista Elane Araújo é uma exímia consumidora de brechós. Segundo ela, a moda é muito dinâmica e visceral, e pelo fato de ela ser de um movimento que vai contra as fast fashion, passou a se engajar na causa, há cerca de dois anos, quando o movimento minimalista foi se popularizando.

"Eu já consumia roupas que eram de brechó, porque na família eu sempre ganhei roupas que já não eram novas, e isso não era um problema para mim, nem nunca foi. As roupas que a maioria de nós compra, em lojas de departamento, por 20, 30 reais, foram feitas em condições subumanas de trabalho e de vida. De uma maneira mais simples, eu busco seguir o estilo de vida mais sustentável possível, comprando de brechós, ou através do trabalho de pequenas produtoras, artesãs e costureiras do meu bairro", explica Elane Araújo.

José Alves Filho

Outro fator que pesa na hora de optar por brechós, diz a jornalista, é o fato de as roupas serem bens duráveis, algumas com histórias que acompanham o crescimento e a evolução do ser humano, sem contar que, quando as roupas têm qualidade, duram muito mais. "Hoje, a maioria das pessoas se veste pelas tendências, e é em cima disso que as fast fashion lucram. E o mais louco de tudo é que o que é tendência hoje foi tendência há algum tempo, mas as pessoas não gostam e nem querem usar as mesmas roupas o tempo todo, porque elas não têm em mente que a roupa é um bem durável", pontua.

Preço acessível e peças bem cuidadas

Por ser conhecedora e consumidora de brechós, Elane Araújo diz que, hoje, o movimento de brechós é grande e muita gente aproveita para "garimpar" roupas. "Hoje, posso dizer que meu consumo é 80% de brechó, 10% de costura e outros 10% de algumas lojas que eu sei em que condições as roupas foram feitas e confio. O movimento de brechó em Teresina ainda é novo e é muito maior on-line que físico, mas é ótimo. As roupas são de ótima qualidade, preço acessível e bem cuidadas".

Ela acrescenta ainda que é preciso desmitificar a ideia de que roupa usada é roupa velha, suja ou rasgada. “Eu compro roupas de todos os tipos em brechó, desde roupas para o trabalho até roupas para uso do dia a dia”, disse. Ela lembra ainda que os brechós comercializam também calçados e bolsas que, em sua produção, não afetaram animais ou foram produzidas em condições análogas ao trabalho escravo.



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