Conselheiro do papa é acusado de abuso sexual pela polícia

Cardeal se diz inocente e deve comparecer aos tribunais em julho

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A polícia australiana apresentou, nesta quinta-feira (29), acusações de abuso sexual envolvendo o cardeal George Pell, da Austrália. Pell é um dos conselheiros mais próximos do papa Francisco e os crimes sexuais que rondam a Igreja se aproximam agora do coração do Vaticano. As informações são da agência Reuters.

Ministro da economia do Vaticano, Pell é um dos mais importantes líderes da igreja católica a enfrentar este tipo de acusação. Ele diz que é inocente e afirma que Francisco deu a ele permissão para retornar a Austrália e se defender. Em entrevista, o cardeal de 76 anos disse que a simples ideia de abuso sexual é um absurdo para ele.

— Estou ansioso por finalmente ter meu dia nos tribunais. Repito que sou inocente de todas as acusações. Elas são falsas.

A figura de Pell — chamado de "homem do dinheiro do papa" pelos jornais australianos — passa a representar um problema para o pontífice, que prometeu tolerância zero para casos de abuso sexual. As acusações também devem representar implicâncias para os planos de Francisco de reformar as finanças do Vaticano. As reformas eram lideradas pelo cardeal australiano, um dos nove em todo o mundo que compõem o painel de conselheiros do papa.

A polícia australiana do estado de Victoria, onde Pell atuou como padre nos anos 70, aponta que ele enfrenta "múltiplas acusações de abuso sexual" por parte de "múltiplas vítimas". O órgão não detalhou as denúncias contra o cardeal, nem especificou as idades das supostas vítimas ou o período em que os crimes ocorreram. Pell foi convocado a comparecer aos tribunais de Melbourne em 18 de julho.

Pell, que se recusou a responder perguntas de jornalistas nos últimos dias, culpou a mídia pelo "assasssinato de sua personalidade" e disse que quer limpar o próprio nome e depois retornar ao trabalho em Roma.

O porta-voz do Vaticano, Greg Burke, afirmou que o cardeal não vai aparecer em serviços públicos da Igreja durante o período do julgamento.

Histórico de denúncias

No ano passado, Pell disse a um inquérito do governo australiano que a igreja católica fez "escolhas catastróficas" ao se recusar a acreditar em crianças que se diziam sexualmente abusadas por líderes religiosos. Ele criticou a postura do Vatiano de simplesmente mudar os acusados de paróquia e confiar a resolução dos problemas aos conselhos de sacerdotes locais. E então, no último mês de julho, a polícia do estado de Victoria confirmou que o próprio Pell era investigado por abusar sexualmente de crianças.

O papa Francisco ressaltou, em 2016, que o cardeal não deveria ser julgado pela mídia, e sim pelo sistema de Justiça.

— Está nas mãos do Judiciário. Ninguém pode julgar antes que o Judiciário se pronuncie. Depois que o Judiciário se pronunciar, eu me pronuncio.

Os últimos desdobramentos, entretanto, aumentaram a pressão para que o pontífice finalmente cumpra sua promessa de cortar pela raiz os abusos sexuais que a Igreja é acusada de acobertar.

Escândalo global

Os crimes sexuais cometidos pela Igreja vieram a público em 2002, quando descobriu-se que bispos americanos da cidade de Boston acusados de abuso eram simplesmente trocados de paróquia em vez de serem formalmente punidos.

Milhares de casos ganharam os holofotes internacionalmente ao passo que as investigações encorajavam as vítimas a se manifestarem. A reputação da Igreja ficou seriamente comprometida em países como a Irlanda, e mais de 2 milhões de dólares foram pagos em indenizações desde então.

"Eu acredito que as acusações contra Pell vão arrasar o Vaticano e o próprio papa", afirmou Thomas P. Doyle, um dos primeiros padres americanos a condenarem os abusos sexuais acobertados pela Igreja, cujas denúncias levaram as autoridades a descobrirem muitos dos crimes praticados em Boston.



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