Dia da não violência: Bons exemplos em busca da paz

O dia 30 de Janeiro foi proclamado pela ONU como o Dia da Não Violência.

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Um dia dedicado à reflexão contra a violência contra a mulher, o idoso, as crianças, a de gênero, contra os animais e qualquer opressão. O dia 30 de Janeiro foi proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o dia da não violência e remete ao assassinato do líder pacifista Mahatma Gandhi, que ocorreu nesta data, em 1948. A data atenta para os ensinamentos deixados por ele. Trata-se de uma iniciativa voltada à educação para a paz, à solidariedade e ao respeito pelos direitos humanos. Os exemplos de Gandhi enchem os corações de piauienses esperançosos, e o mais importante, que levantam as mangas e possibilitam um mundo melhor na sociedade em que vivemos, todo dia.

O Brasil é o 5º país com a maior taxa de feminicídio do mundo. Quem se esforça para mudar essa realidade e não desanima é a promotora Amparo Paz, titular da 10ª Promotoria Criminal de Teresina do Ministério Público (MPPI), coordenadora do Núcleo de Vítima de Violência Doméstica e Familiar (Nupevid). Lá ela coordena o Justiça Pela Paz em Casa, uma ação voltada para combater a violência doméstica. Para ela, que leva o termo até no nome, a não-violência é uma arma poderosa, um estilo, um caminho que requer muito mais coragem do que o da violência.

Promotora Amparo Paz - Crédito: José Alves Filho

"Dialogamos que a violência doméstica existe; que a mulher é privada do seu direito. Eu escutei uma vítima dizer: 'doutora, eu só quero viver em paz'. Poucas vítimas querem processar os acusados, embora sempre fazemos campanhas para que elas denunciem os agressores, e foi daí que nasceu essa proposta que me fez incentivar a paz. Queremos uma sociedade não violenta, e essa paz começa dentro de casa, das famílias. Acreditamos que os homens podem, sim, ser multiplicadores da paz", suscita a promotora.

Crédito: Raíssa Morais

Ideias assim fizeram Amparo desenvolver outros projetos, como o 'Papo na Obra', que dialoga com operários há três anos, e o mais novo 'Compreender e acolher’. A par dessas experiências, os resultados são exitosos. Sentir a dor do outro foi um dos grandes precursores do conceito de Não Violência para a promotora. Ela nos faz refletir sobre a paz, solidariedade e respeito aos direitos humanos.

"A paz é refletida dentro de nós, até os conflitos são resolvidos de forma mais amistosa quando estamos com uma linguagem do coração, de ser humilde e de ouvir as pessoas. Temos que refletir cada dia mais os ensinamentos de Gandhi, deixemo-nos de ser violentos. Sei que é muito difícil convencer as pessoas, mais estamos conseguindo levar as pessoas a verem onde estão errando, levando à reflexão e disseminando a paz a toda a sociedade", emendou.

Paz cotidiana nas escolas

Como ter uma convivência com os colegas longe da violência e casos de bullying na escola? A resposta vem do Projeto 'Paz na Escola'. O trabalho contínuo de levar a cultura de paz para estudantes e professores, desenvolvido pela prefeitura nas escolas municipais, integra a frente de prevenção do programa Vila Bairro Segurança, que contempla 13 bairros da Zona Norte de Teresina. O programa atua na prevenção à violência,    abordando questões relacionadas à mulher, ao trânsito e à juventude.

Projeto 'Paz na Escola'

Para a gerente de Assistência ao Educando da Secretaria Municipal de Educação (Semec), Madalena Leal, o foco do projeto é orientar os alunos, sejam eles pequeninos na educação infantil ou os adolescentes do 6° ao 9º ano, para que sejam tolerantes com as diferenças entre eles, os professores e a comunidade. "O projeto descortina a violência nas escolas, trazemos à tona a desconstrução da violência trabalhando temas que combatam qualquer forma de racismo, drogas, bullying, preconceito, agressão contra a mulher, crianças e adolescentes de forma lúdica, o envolvimento do próprio aluno na escola", definiu. 

Por trás disso tudo, professores, gestores e instituições parceiras não medem esforços para que a violência fique fora do cotidiano dos alunos. "A própria escola monta sua estratégia com gincanas, feiras, palestras e a Semec atua conjuntamente. Todas as escolas são estimuladas a promover a paz", conta ela. (V.P.)

A inclusão da juventude da periferia

Júnior MP3 é fundador do 'Movimento pela Paz na Periferia', que surgiu no ano de 2004, em meio a rodas de conversas na Praça Pedro II, no centro de Teresina. Hoje, o projeto ganhou força, adquiriu sede própria e contribui para a inserção da luta contra a violência na agenda da comunidade, oferecendo diversas atividades,    como: Cine Periferia; Oficinas de Corte e Costura (Montagem de sacolas); Aulas gratuitas de skate/ boxe / dança de rua; Projeto Inclusão Digital e cursos de computação.

"Dialogamos com os jovens e buscamos uma sede, uma organização social. Foram os próprios jovens que me disseram que queriam paz na periferia, paz dentro da 'quebrada', e foi daí que nasceu nosso projeto de inclusão digital. Todo nosso trabalho é a unificação desses jovens e sua capacitação para que eles retornem a sua comunidade solicitando que a paz reine. Mas ao mesmo tempo, o jovem tem que ser o protagonista e o     pregador da paz e convença outros jovens a não caírem no crime", enfatiza Júnior.

O fundador lembrou ainda que a pacificação da periferia está no convencimento e no fomento à educação, despertando consciências e praticando a inclusão de crianças e adolescentes da periferia, da solidariedade e do combate à desigualdade, da promoção da justiça social. "Fazemos sempre o acompanhamento pedindo para que os jovens estejam sempre presentes na escola. Queremos que os jovens dialoguem com seus pais, para que eles respeitem a escola e não participem do tráfico de drogas, nem incentivem a violência, e através de nossas palestras, cursos, dos encontros, que eles tenham um discernimento. Esse convencimento chama os jovens para dentro da sala de aula e a educação salva. Em suma, nosso objetivo é pacificar o jovem para a periferia", ressaltou. (V.P.)

Amor aos animais abandonados 

Num tempo em que se veem tantos casos de violência, abandono e maus-tratos com os animais, conhecer pessoas que se dedicam, por amor, a defender a causa desses seres inocentes, chega a emocionar. Isabel Moura é uma das fundadoras da Associação Piauiense de Proteção e Amor aos Animais (APIPA), instituição que existe há 11 anos e cuida da realidade tão dolorosa de animais abandonados. "Mãe" adotiva de centenas de cachorrinhos e gatos encontrados na rua, ela busca mudar esse quadro alarmante de violência aos animais. 

“O amor nasce assim, em uma calçada dormindo encolhido, tremendo de frio, o amor nasce assim, quando encontramos um ser em uma esquina passando fome e sofrendo violência. O amor supera a dor de ser espancado na rua, de sofrer tentativa de envenenamento e, principalmente, de abandono. Assim nasce o amor aos animais, quando percebemos que a dor pode ser compartilhada e aniquilada. Quando adotamos eles e oferecemos abrigo, comida, cuidados e, principalmente, quando fazemos deles a nossa família", diz.

Ela não só é uma militante dos direitos dos animais, mas arregaça as mangas, pede ajuda e usa seus próprios recursos para proporcionar dignidade a dezenas de cães e gatos abandonados. 

Para conseguir dar apoio a tantos animais vítimas de maus-tratos, a Apipa conta com uma rede de amigos que colaboram. “A ideia nem era um abrigo, porque é muito complicado. Queríamos trabalhar a conscientização, mexer com o poder público, e depois conseguimos a sede e veio junto a solidariedade das pessoas”, conta. Hoje, a instituição vive de contribuições em dinheiro, rações e produtos de higiene.   

Para São Francisco, a paz surge como uma mensagem atual e urgente, mas também como compromisso a ser assumido e vivido por todos nós, e como mensagem dele mesmo, “Senhor, fazei-me um instrumento de Vossa Paz!". (V.P.)



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