Empresa entra no mercado de doces com brigadeiro quadrado

Portuguesa e filho trocaram bolinho de bacalhau por linha de doces.

Beijo Doce. | G1
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Da receita portuguesa de bolinho de bacalhau herdada dos tataravós para a receita brasileiríssima de brigadeiro, só que em formato quadrado. Essa é a trajetória da família Rodrigues, proprietária da Beijo Doce, fabricante de docinhos distribuídos atualmente em mais de 600 pontos de venda na capital de São Paulo e cidades do litoral e do interior.

O negócio nasceu há seis anos, após um período traumático para a família de imigrantes portugueses, que desistiu do ramo de padaria após um assalto no ano 2000, no qual o patriarca foi baleado e ficou 46 dias internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

?As despesas médicas com o meu pai eram muito altas. O negócio foi ficando abandonado e quebramos. Foram quatro anos no cheque especial e acumulando dívidas?, lembra Elias de Jesus Rodrigues, de 45 anos, que criou a Beijo Doce com a mãe, Ester Rodrigues, de 67 anos.

Antes de abrir a empresa de doces, a família tentou investir na venda de bolinho de bacalhau, que fazia sucesso na padaria que era mantida no Itaim. Mãe e filho chegaram a distribuir o quitute português para diversos bares da Vila Olímpia, mas o negócio não decolou.

?O armazenamento e a distribuição eram muito complicados. Teria que investir mais e não tinha dinheiro. Sem contar que a gente tinha que ficar ensinando os cozinheiros a fritar, porque senão o bolinho nunca ficava do mesmo jeito?, afirma Elias.

A volta por cima veio com a aposta nos docinhos. Em dois anos, a empresa saiu da cozinha da família para um imóvel próprio e, desde 2009, a Beijo Doce está instalada num galpão próprio, no bairro do Cambuci, na região central de São Paulo, onde trabalham 15 funcionários.

?Minha mulher é louca por doce e a gente notava que ninguém vendia brigadeiros, beijinhos em tamanhos maiores. Então pensamos em fazer a mesma receita caseira, que a minha mãe fazia em casa, em tamanhos maiores?, conta Elias.

Segundo ele, o formato retangular e achatado surgiu na fase de testes de fabricação em escala comercial. ?De início, pensamos embalar em papel filme, no formato arredondado. Mas não conseguíamos dar um padrão. Os doces amassavam e cada um ficava num formato?, recorda o empresário.

Segundo ele, o formato final ? quadradinhos de 40g, foi ?aparecendo meio que naturalmente?. ?Já tinha paçoquinha quadrada, pão de mel quadrado, então a gente tentou embalar desse jeito?, afirma. ?Não dá pra gente dizer que somos o pai da criança, mas nunca tinha visto docinhos empacotados desse jeito?, garante. Na embalagem desenvolvida pela família, o único lacre é a etiqueta com as informações nutricionais dos doces.

Embalagem sem máquina

Além de facilitar a armazenagem e o transporte, o formato também permite uma maior exposição dos doces nos pontos de venda: na grande maioria, caixas e balcões de padarias, restaurantes, cafés e lojas de conveniência.

Pode parecer surpresa, mas nenhuma máquina é usada no processo de embalagem. Toda produção é artesanal, do preparo em pequenas panelas ao corte e pesagem dos doces. ?Não tenho uma batedeira na fábrica. Nossas maquininhas são todas manuais?, afirma Ester, que compartilha apenas com poucas funcionárias a técnica de embalagem dos doces.

Como se trata de um produto cuja compra geralmente se dá por impulso, boa apresentação é fundamental. Mesmo porque hoje já existem outras empresas disputando o mesmo filão no mercado. ?Como se não bastassem copiar, tem uns que colocam até uma etiqueta parecida com a nossa?, reclama Rodrigues.

A Beijo Doce já conseguiu registrar a marca e agora tenta proteger a logomarca. Mas é principalmente na qualidade e na apresentação dos doces que a empresa busca se diferenciar da concorrência. ?Só usamos matéria-prima de primeira. Só faço brigadeiro com Leite Moça e chocolate da Nestlé?, afirma Elias.

Por mês, são consumidos cerca de 200 kg de chocolate só para a fabricação de brigadeiros. Com a concorrência crescente, a empresa não informa os números de sua produção. Revela apenas que opera com uma margem de lucro de 20%.

O crescimento da Beijo Doce já chamou a atenção também de redes maiores. Há pouco mais de um ano, a empresa foi procurada pela Amor aos Pedaços, que questionou o uso da nomenclatura Bicho de Pé, marca registrada da rede, nas etiquetas do doce cor de rosa à base de leite condensado e gelatina.

?Eu achava que era uma marca genérica como brigadeiro?, explica Elias, que passou a chamar o doce rosa de "beijo doce tradicional".

?Hoje já tem cliente que pede beijo doce na hora da compra?, diz Ester que comanda ao lado do filho o trabalho de divulgação e conquista de novos pontos de venda. ?Tenho cliente que vou três vezes por semana?, afirma Elias.

O prazo de validade curto do produto, de 20 dias, é outro fator que exige um relacionamento contínuo entre a empresa e seus distribuidores. ?É uma compra por impulso e temos que manter o produto sempre à vista, fresquinho e molinho?.

O catálogo da Beijo Doce inclui atualmente 16 sabores, incluindo versões com abacaxi, nozes, avelãs, limão e crispy. Os doces mais vendidos são o brigadeiro, o beijinho e o beijo doce tradicional. O preço sugerido de cada doce é entre R$ 2 e R$ 2,50.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES