Filhos de Cunha participaram de 'fatos criminosos',segundo operação

Segundo procuradores eles participaram de 'fatos criminosos graves'

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Para os procuradores da Força Tarefa da Operação Lava Jato, há evidências de que três filhos do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) participaram de uma "série de fatos criminosos graves" como o recebimento de propinas e lavagem de dinheiro. As informações constam do pedido de prisão feito contra Cunha. Os três filhos mais velhos dele são sócios de uma empresa investigada pela Lava Jato e suspeita de ter recebido dinheiro de suborno pago pela empresa Gol Linhas Aéreas.

Eduardo Cunha foi preso na última quarta-feira (19) por decisão do juiz federal Sérgio Moro. A decisão do juiz atendeu a um pedido da Força Tarefa da Operação Lava Jato.

As atenções dos procuradores se voltaram ao trio após a quebra do sigilo fiscal e bancário de empresas pertencentes a eles. De acordo com o pedido de prisão contra Cunha, a análise da movimentação financeira de uma empresa da qual os três são sócios "revelaram evidências da participação da companheira (Cláudia Cordeiro Cruz) e dos filhos do ex-deputado federal em uma série de fatos criminosos graves".

Os filhos mencionados pelo MPF são: Danielle Dytz Cunha Doctorovich, Camilla Dytz Cunha e Felipe Dytz Cunha. Os três são sócios da empresa GDAV Serviços de Publicidade. A empresa, segundo as investigações da Lava Jato, recebeu R$ 1 milhão da agência de publicidade Almap Publicidade e Comunicação a pedido da Gol Linhas Aéreas.

No total os procuradores avaliam que empresas ligadas a Cunha receberam R$ 3 milhões de empresas ligadas à família constantino, que controla a Gol Linhas Aéreas e o Grupo Comporte, de transporte terrestre.

Um relatório da Receita Federal indica que, em 2013, a GDAV tinha apenas um funcionário.

No pedido de prisão contra Cunha, os procuradores ressaltam que não há indícios de que a empresa dos filhos de Cunha tenham efetivamente prestado serviços que justificassem os pagamentos recebidos. 

Além das suspeitas em relação aos repasses feitos à GDAV Publicidade, os procuradores da Operação Lava Jato também indicam que Danielle teria usado dinheiro de propina para pagar o seu casamento, realizado em 2011 no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.

A suspeita, dizem os procuradores, é que os repasses feitos por empresas de transporte terrestre e aéreo (entre elas a Gol Linhas Aéreas) para Cunha e seus familiares seriam uma espécie de pagamento pela atuação do ex-deputado em favor dessas empresas durante o período em que ele mantinha mandato parlamentar.

"Embora os fatos necessitem aprofundamento investigativo, o auxílio de Cunha com projetos de interesse das empresas de transportes urbanos pode explicar os repasses.", diz um trecho do pedido feito pela Lava Jato.

Os investigadores também afirmam que um dos veículos utilizados por Danielle Cunha avaliado em R$ 110 mil teria sido comprado com dinheiro oriundo de atividades criminosas do pai. "Assim, restou claro que os automóveis da família do ex-deputado federal foram adquiridos com valores provenientes de crimes cometidos por Eduardo Cunha", diz um trecho do pedido de prisão feito pela Lava Jato.

Investigações

Desde outubro de 2015, Danielle Cunha é alvo de um inquérito que tramitava no STF (Supremo Tribunal Federal) para apurar as suspeitas de que dinheiro de propina do esquema que desviava recursos da Petrobras abastecia contas no exterior das quais ela seria uma das beneficiárias. 

O pedido de prisão contra Cunha não indica se há investigações em curso contra Felipe e Camilla Cunha.

Procurada, a advogada de Danielle Cunha, Fernanda Tortima, disse que só irá se manifestar sobre o caso nos autos. A reportagem não conseguiu identificar advogados de Felipe e Camilla Cunha.

A reportagem também telefonou para o número da GDAV Publicidade, empresa do trio, mas o telefone cadastrado na Receita Federal é o de um escritório de contabilidade que afirmou não prestar mais serviços à GDAV.

Em nota, a Gol Linhas Aéreas disse que "iniciou uma apuração interna e contratou uma auditoria independente externa para plena verificação dos fatos". A empresa disse ainda que está colaborando com as investigações sobre o caso.



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