'Estou num país capitalista', diz Bolsonaro ao chegar à China

País comemorou o 70º aniversário da revolução comunista no início do mês. Presidente diz que prioridade da visita é ampliar comércio entre os dois países.

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O presidente Jair Bolsonaro disse estar em um país capitalista ao chegar nesta quinta-feira (24) à China, que comemorou o 70º aniversário da revolução comunista no início do mês. Bolsonaro deve se encontrar nesta sexta-feira com Xi Jinping, presidente do país asiático e secretário-geral do Partido Comunista Chinês.

O presidente brasileiro fez a afirmação ao ser questionado sobre estar em um país comunista, sistema político reiteradamente criticado por ele. Durante as eleições, em 2018, Bolsonaro defendeu "dar um pé no traseiro do socialismo, no comunismo", ao dizer que o Brasil devia se afastar da Venezuela. Ainda como candidato, ele chegou a dirigir críticas à China.

O país asiático foi proclamado comunista em 1949 e até hoje é administrado pelo Partido Comunista Chinês. A partir do fim dos anos 1970, com o dirigente Deng Xiaoping no poder, reformas capitalistas começaram a ser implementadas: a propriedade privada no campo foi permitida e foram criadas zonas especiais, onde havia mais liberdades para a iniciativa privada.

O Partido Comunista, no entanto, ainda intervém fortemente na economia — umas das principais características desse tipo de regime. Muitas das grandes empresas do país têm participação societária do Estado. Elas também se beneficiam de linhas de crédito baratas.

Nesta quinta-feira, o presidente brasileiro não quis falar sobre as críticas aos chineses feitas na campanha, quando disse várias vezes que incentivaria o país asiático a "comprar no Brasil, não a comprar o Brasil".

A visita à China é parte de um giro do presidente neste mês pela Ásia e pelo Oriente Médio. Ele embarcou em 19 de outubro e deve retornar ao Brasil no dia 31. Bolsonaro já passou pelo Japão, onde participou da entronização do imperador Naruhito, e ainda deverá ir aos Emirados Árabes, ao Catar e à Arábia Saudita.

Relação com China mudou

Em janeiro, uma viagem à China de deputados do PSL — partido do presidente — foi criticada pelo ideólogo do governo de Bolsonaro, Olavo de Carvalho e, segundo o blog da Andréia Sadi, causou mal-estar no Planalto. A avaliação de ministros ouvidos pelo blog na ocasião era de que o grupo estava “deslumbrado” e que a viagem iria desgastar a imagem do governo.

Em março, entretanto, o presidente anunciou que iria à China, a convite de Xi Jinping, e disse que a relação com o país iria melhorar.

"Nós queremos nos aproximar do mundo todo, ampliar nossos negócios, abrir nossas fronteiras, e assim será o nosso governo, essa foi a diretriz dada a todos os nossos ministros", afirmou durante a apresentação das credenciais do embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, em março.

Do lado chinês, o discurso também mudou. Em novembro de 2018, logo após a eleição, o jornal estatal chinês, "China Daily", publicou um editorial que citava os riscos econômicos de o Brasil seguir a linha do presidente Donald Trump e romper acordos comerciais com Pequim. A publicação afirmava que Bolsonaro foi "menos que amigável" em relação à China durante a campanha.

Em março, ao apresentar suas credenciais a Bolsonaro, o embaixador chinês afirmou a jornalistas que a conversa com o presidente do Brasil foi “excelente” e destacou o interesse do governo brasileiro em “ampliar” as relações com a China.

“A conversa foi excelente e, sobretudo, o presidente Bolsonaro manifestou grande interesse de ampliar a aprofundar a relação com China. Pessoalmente, como embaixador, me sinto muito satisfeito”, declarou o embaixador.

Investimentos no setor energético

A prioridade da visita de Bolsonaro ao gigante asiático é ampliar a relação comercial entre os dois países, segundo o presidente. A China é o principal parceiro comercial do Brasil, com US$ 70 bilhões negociados em 2017.

Perguntado se ofereceria estatais brasileiras aos chineses, o presidente indicou que pretende obter investimentos no setor energético. O plano de privatizações do governo federal prevê a venda da Eletrobras, além de linhas de transmissão e parceria para a conclusão de Angra 3.

"O que acontece? Muitos criticam as privatizações. Arrebentaram com as estatais. Conseguiram quase quebrar uma petroleira. Então, nós estamos numa situação que não tem mais alternativa. O sistema energético, nós não temos suficiente para investir para que ele não entre em um colapso brevemente ", afirmou.



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