Evo Morales decide convocar novas eleições na Bolívia

Mais cedo, OEA afirmou que houve irregularidades na eleição de 20 de outubro, que vem sendo alvo de protestos da oposição.

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O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou na manhã deste domingo (10) que decidiu renovar os membros do Tribunal Superior Eleitoral e convocar novas eleições.

"[Decidi] convocar novas eleições nacionais que mediante ao voto permitam ao povo boliviano eleger democraticamente suas novas autoridades, incorporando novos atores políticos", afirmou.

Ele disse também que vai "renovar a totalidade de membros do Tribunal Superior Eleitoral; nas próximas horas a Assembleia Legislativa Plurinacional, em concordância com todas as forças políticas estabelecerá os procedimentos para isso".

"Quero pedir para baixarmos toda a tensão. Todos temos a obrigação de pacificar a Bolívia".

Foto: Reuters/Carlos Garcia Rawlins

Mais tarde, a uma rádio, o presidente disse que não renunciará. "Tenho um papel constitucional, termino minha administração em 21 de janeiro do próximo ano. Aqueles que insinuam [sobre a renúncia] estão com um golpe de estado", afirmou.

O anúncio veio logo depois que a Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmou que houve irregularidades na eleição presidencial do dia 20 de outubro, quando Evo foi reeleito em primeiro turno, e recomendou que uma nova votação seja feita.

Morales venceu as eleições realizadas em 20 de outubro –na contagem final, ele teve 47,07% dos votos, e Carlos Mesa, o segundo colocado, 36,51%. Como é uma diferença de mais de 10 pontos percentuais, o atual presidente foi reeleito em primeiro turno.

O resultado foi contestado pela oposição e, no dia 30 de outubro, a Bolívia e a OEA concordaram em realizar uma auditoria.

Em seu comunicado, a OEA diz: "A equipe de auditores não pôde validar o resultado da presente eleição, e recomenda um outro processo eleitoral. Qualquer futuro processo deverá contar com novas autoridades eleitorais para poder levar a cabo eleições confiáveis."

Neste domingo, Carlos Mesa disse que Evo não deveria ser candidato nas próximas eleições. ''Evo Morales não pode presidir o processo eleitoral, nem ser candidato", afirmou. O líder opositor pediu um acordo nacional, com a participação de políticos e cidadãos, e disse que no próximo processo eleitoral, se Evo "ainda tem um pingo de patriotismo, deve ficar de lado".

Outro líder da oposição, Fernando Camacho, disse que a auditoria da OEA mostra que houve fraude e que, portanto, Evo precisa renunciar.

A própria Central Operária Boliviana (COB), entidade sindical boliviana que apoia o governo, disse que a renúncia de Evo deve ser considerada. "Se é uma ação e uma medida para o povo se pacificar, companheiro presidente, o chamamos à reflexão de que possa assumir essa responsabilidade, se houver a necessidade, de renunciar para pacificar o povo boliviano, dizemos a partir da COB para pacificar o país em nível nacional ”, disse o secretário-executivo Juan Carlos Huarachi.

Motim policial

Na sexta (8) e no sábado (9) policiais bolivianos se amotinaram. O governo respondeu com um comunicado no qual denunciava um plano de golpe de estado.

O Ministério de Relações Exteriores afirma que “os últimos acontecimentos põem em evidência a implementação de um plano de golpe de estado provocado por grupos cívicos radicais”.

Os policiais dos estados de Cochabamba, Sucre e Santa Cruz foram os que iniciaram os motins. Na capital La Paz, a rebelião começou no sábado (9).

Os grupos se recusam a reprimir as manifestações contra Morales para um quarto mandato consecutivo após eleições contestadas por opositores.

Incêndios nas casa da irmã de Evo e de políticos

Antes de decidir convocar novas eleições, Evo Morales disse que a casa de sua irmã na cidade de Oruro foi incendiada, bem como as casas dos governadores da mesma região e também em Chuquisaca, em meio aos protestos que se espalharam por todo o país.

“Denunciamos e condenamos perante a comunidade internacional e o povo boliviano que o plano de golpe fascista executa atos violentos com grupos irregulares que atearam fogo a casa dos governadores de Chuquisaca e Oruro e minha irmã naquela cidade”, disse Morales em sua conta no Twitter.

O presidente, que no sábado chamou a oposição para dialogar, pediu que a “paz e a democracia sejam preservadas”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Víctor Borda, também teve a casa incendiada, e renunciou neste domingo ao cargo.

"Renuncio à Câmara de Deputados (...), tomara que seja para preservar a integridade física de meu irmão, que foi feito de refém" durante o ataque, na cidade andina de Potosí, disse Borda à imprensa local.

Minutos antes, o ministro de Mineração da Bolívia, César Navarro, já havia renunciado depois que opositores queimaram sua casa, também em Potosí.

Confrontos nas ruas

Grupos pró e contra Morales se enfrentaram as ruas de cidades bolivianas na quarta-feira (6). Em Cochabamba, houve confrontos com paus, pedras e rojões, e alguns estudantes usaram uma espécie de bazuca artesanal. O canal de TV Unitel mostrou jovens com escudos de metal para se proteger dos objetos lançados.

Um estudante de 20 anos morreu durante os choques entre opositores e partidários do presidente, que também deixaram 50 feridos.

Ele não foi o primeiro: dois homens morreram na semana retrasada, baleados durante um protesto em Montero, na região de Santa Cruz.

Entenda como começou a crise

O órgão responsável por computar os votos apontou o seguinte resultado final:

Evo Morales: 47,07% dos votos

Carlos Mesa: 36,51%

Como a diferença entre Morales e Mesa foi de mais de 10 pontos percentuais, o atual presidente foi reeleito para seu quarto mandato.

Antes desses números serem publicados houve uma indefinição: inicialmente, havia um método mais rápido e preliminar de apuração, e um outro, definitivo e mais lento, onde se conta voto a voto.

Os números dessas duas contagens começaram a divergir, e a apuração mais rápida, que indicava que haveria um segundo turno, foi suspensa.

Desde que Evo ganhou, a oposição tem ido às ruas em protestos. A polícia parou de reprimir as manifestações, e houve motins em quartéis do país.



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