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Futebol beneficia crianças e planta semente de esperança em bairros da periferia de Teresina

O Instituto Nacional de Craques do Futuro conta com 400 jovens de diversos bairros de Teresina e os inclui no mundo do futebol.

Futebol | Kelson Fontinele
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O campo de futebol é um santuário para a maioria dos meninos; nele, os ídolos aparecem, as perspectivas mudam e a chance de um futuro melhor se desenvolve. Pensando na força social do esporte e mais especificamente o futebol, o grupo KalFix, em Teresina, começou a plantar uma nova semente de esperança em quatro bairros da periferia da capital. Abrangendo garotos na faixa de 8 aos 17 anos, foi criado o Instituto Nacional Craques do Futuro, onde são oferecidas aulas de futebol todas às terças e quintas, com o objetivo de trazer, além da prática esportiva, vantagens sociais, ajudando na formação do caráter, tal como na disciplina, guiando para caminhos fortuitos.


O projeto alcança o Mocambinho, Esplanada, Planalto Uruguai e Promorar, contribuindo com 400 jovens ao todo. O único critério para participar das atividades é estar matriculado regularmente na escola, além de obter boas notas.

“Nós sempre os incentivamos a focar nos estudos, ninguém consegue atingir um bom futuro sem esse fator; é isso que queremos, que eles participem e melhorem o seu desempenho no colégio, tanto que sempre peço que tragam o boletim”, destaca o professor Luiz Alves.

Essa exigência é confirmada pelos próprios alunos, que garantem ter conquistado saltos maiores após a entrada no projeto; muitos, inclusive, tiravam notas baixas e passaram a se destacar por bons resultados na sala de aula. “O professor sempre fica observando, se estivermos mal no colégio, ele chega até a nos suspender por um período, e assim acabamos levando a sério, já que ninguém quer ficar sem treinar”, destaca o estudante Denis Kelvin, de 11 anos. Há seis no Instituto, ele já percebe avanços. “Estou muito mais focado nos estudos, é uma prática que nos ajuda bastante, sonho em ser um jogador de futebol, mas também quero me formar, ter uma opção”, delimita.

A assistente social Daniele Soares revela que a empresa sempre pensou no social e o Instituto é apenas mais um demonstrativo. “Sabemos do papel do esporte na educação, ele pode funcionar como um estímulo e buscamos isso, formar cidadãos, e temos sido muito bem recebidos em qualquer lugar que chegamos”, afirma. A profissional ainda sintetiza.

“Tem que ter 75% da frequência escolar, não queremos, de modo algum, que eles abandonem os estudos, pelo contrário, queremos que continuem e planejem o ensino superior”, completa.

O trabalho que começou em 2009 colhe frutos que vão além dos campos, insere os alunos em atividades socioeducativas, lúdicas. “Nós realizamos palestras sempre com temas importantes para a realidade em que vivem, buscando levar a informação e a conscientização”, orienta Soares. Essa ação se faz ainda mais relevante ao contrastar com o cenário apontado nos bairros atendidos. “Escolhemos essas regiões por terem alto índice de violência e parte das crianças vive em situação de vulnerabilidade social”, reitera. O olhar se dirige para a prevenção, o projeto foca em impedir que esses jovens sejam vítimas da falta de oportunidades. “Nós oferecemos outros caminhos, caminhos que os levarão para o bem”, destaca o coordenador Luís Eduardo Alves.

Pais incentivam filhos a se dedicarem ao projeto


A confiança adquirida ao longo dos anos do INCF é transmitida pelo apoio dos pais na participação dos filhos. A dona de casa Antônia Lima é um exemplo. “Eu sempre que posso o acompanho nos treinos, mas quando não dá, o deixo tranquilamente com o professor e os colegas de futebol, eles me passam essa certeza de que ele estará bem cuidado”, conta.

Percebendo a importância do esporte na transformação do seu filho, ela não se arrepende de incentivá-lo a permanecer com a prática. “Olha, ajuda muito na disciplina, ele quer sempre estar melhorando, evoluindo no colégio, para não ficar de fora. Aqui eles cobram que os alunos sempre estejam indo bem e isso dá um gás a mais. Fico muito feliz de o ter apoiado nessa iniciativa”, comenta.

O Instituto vê na prática esportiva a garantia de um direito, e passa isso a todos que colaboram com a ação.

“Precisamos fazer com que eles possam ter acesso ao esporte, e possam fugir de qualquer má influência que possa ser encontrada na rua, sabemos que os perigos são grandes, o futebol não deixa de ser uma proteção, um escape”, diz a assistente social Daniele Soares. Nessa perspectiva também entra a socialização. “Aqui os meninos podem construir amizades, ver outros que compartilham dos mesmos sonhos ou até enfrentam problemas semelhantes”, complementa.

Sob esse prisma, Lima também vê vantagens. “Ele fica muito mais calmo em casa, não dá aquela vontade de sair, sabe, na escolinha encontra tudo o que precisa, acaba construindo novos elos de amizade, e para quem é tímido ajuda ainda mais. Eu vejo apenas bons resultados, não tenho do que reclamar. Meu filho sempre passava aqui pelo campinho e via os meninos jogando e pediu para que eu deixasse, eu deixei e hoje ele só é envolvido com o esporte, também faz badminton, vôlei, ele gosta de tudo”, complementa.

A alegria dos familiares com as ações do Instituto enche os profissionais de satisfação. “É muito bom ver que você está contribuindo de alguma forma, que você transforma de certo modo a realidade, é uma grande vitória, a maior que se pode ser conquistada”, comenta o professor Luís Alves.

Celeiro de talentos


Apesar de não ser o principal objetivo da iniciativa, a escolinha de futebol do Craques do Futuro é um celeiro de revelações, fator que anima os professores a se dedicarem com ainda mais veemência nas aulas. “Nós já temos ex- alunos que estão atuando em times profissionais e sempre os uso como exemplo, eles sempre conversam com os meninos e destacam a importância de se dedicar ao que almejam”, comenta o professor Luís Alves. Ele destaca, inclusive, as ‘pratas da casa’ que fazem sucesso nos gramados. “Tem o Ruan, que joga no futebol pernambucano, começou aqui com 8 anos, e foi até campeão no River ano passado. Tem o Samuel, além do Mateus, que está no Mirassol, e tudo é fruto daqui”, elenca.

Alves desponta o olhar para o futuro e arrisca. “Tem cinco meninos aqui que, se prosseguirem, podem trazer muitas felicidades para nós, além de orientarem para novos exemplos, pois sempre que algum aluno daqui é contratado por um time de futebol, eu faço a despedida, eles contam toda sua trajetória e transmitem essa experiência; é um incentivo”, relata.

Atuando como lateral-direito, o estudante Claúdio Henrique Oliveira, de 12 anos, sonha em seguir os passos dos ex- alunos, que hoje atuam no futebol profissional. “É o meu sonho, sempre me inspiro neles, é um motivo a mais para continuar me esforçando, tanto aqui, quanto no colégio”, declara. O garoto vai aos treinos acompanhado do irmão mais novo e destaca sua experiência. “Aqui é maravilhoso, não quero deixar nunca de vir pra cá, aprendemos demais, sei que estou no caminho certo”, finaliza.

Trabalho com as famílias

Com a certeza de que os avanços alcançados não devem se restringir apenas aos garotos participantes, o reflexo se difunde pelas famílias. “Oferecemos atendimento médico e até mesmo orientação quando necessário”, ressalta Soares. Esse viés se estende na importância da preparação profissional.

“Buscamos ministrar cursos; recentemente teve um de costureira, onde fizemos uma parceria e as ensinamos uma nova fonte de emprego e renda, tornando-se aptas à função”, complementa.

Esse acompanhamento social leva a ideologia do INCF para as casas de cada um, tornando a mudança mais fácil e sólida. “Tem um de nossos alunos que tem a mãe e o pai envolvidos com drogas, aqui ele foge desse quadro, mas quando sai do campo fica mais complicado, e aí que entram essas atividades complementares, onde visamos tocar também nesse ponto, fazendo com que o compromisso de uma nova vida não seja apenas dele, mas dos parentes como um todo”, diz o coordenador Luis Eduardo.

A emoção com essa conquista diária ultrapassa qualquer projeção. “É emocionante, não há nada mais gratificante, você chega aqui e vê uma situação complicada e depois vai percebendo a evolução dia após dia, é algo que faz você acreditar que é possível, que não se deve desistir”, sintetiza.

A persistência é uma palavra reverberada a cada ação do projeto, nenhuma criança ou jovem que deseja participar deixa de ser atendida, o carinho e a dedicação acompanham passo a passo. “O idealizador e presidente do Instituto, Frank Kalume, preocupa-se com todos, tanto que as ações são pensadas no bem da comunidade, é um projeto que motiva”, destaca o professor Luís Alves.









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