Líderes discutem metas para o meio ambiente na Cúpula do Clima

Governo de Joe Biden quer sinalizar aos outros países que os EUA vão assumir um compromisso duradouro para reduzir emissões. Saiba como será o encontro de líderes que acontece durante dois dias.

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JOE | Reprodução
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Nesta quinta-feira (22) lideranças de mais de 40 países participam do primeiro dia da Cúpula de Líderes sobre o Clima, organizada pelo governo dos Estados Unidos da América (EUA).

O presidente Jair Bolsonaro é um dos convidados a falar sobre o combate às mudanças climáticas na reunião virtual que ocorre hoje e amanhã, na sexta-feira (23). A cúpula é fruto dos esforços da gestão do presidente americano Biden para cumprir promessas de campanha e reconstruir a imagem do país após o governo de Donald Trump, que foi desastroso para o meio ambiente.

Joe Biden abriu a Cúpula do Clima (Foto: Reuters)

Com o republicano, os EUA deixaram integrar o Acordo de Paris – medida que foi revogada logo no primeiro dia do democrata na Casa Branca.

A Cúpula de Líderes sobre o Clima marca a volta dos EUA nas discussões internacionais sobre o clima, interrompidas durante a gestão de Donald Trump com a saída do Acordo de Paris. Os EUA são responsáveis, hoje, por cerca de 15% das emissões.

Na véspera do primeiro dia, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse em entrevista coletiva que a cúpula "põe em prática" a mensagem do presidente americano sobre a questão climática. "A mensagem que ele está mandando é que a crise climática é tão significativa, que em menos de 100 dias de mandato ele está convocando as maiores economias mundiais para discuti-la", disse Psaki.

Redução nas emissões americanas

Especialistas em política norte-americana acreditam que Biden deve anunciar, durante a cúpula, qual será a nova meta de redução na emissão de gases poluentes pelos EUA nos próximos anos.

A expectativa é que Biden prometa cortar pela metade as emissões americanas até o fim de 2030, voltando ao mesmo nível das emissões registrado em 2005.

Os americanos esperam também incentivar outros países a assumir metas audaciosas para o combate às mudanças climáticas em seus próprios territórios (veja mais adiante).

Imagem do Brasil

O Brasil sempre participou ativamente do debate ambiental desde 1992, quando sediou a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente – a ECO-92.

No entanto, desde o início do governo Bolsonaro, o país vem recebendo críticas de outras nações – especialmente, os europeus. Um acordo entre a União Europeia e o Mercosul encontra impedimentos por conta da postura brasileira sobre o meio ambiente. Na semana passada, uma carta enviada por Bolsonaro a Biden mostrou uma tentativa de mudança no discurso do governo brasileiro em relação ao tema.

No documento, Bolsonaro pediu a "ajuda possível" da comunidade internacional e disse que se compromete a zerar o desmatamento ilegal até 2030 – o mandato atual de Bolsonaro acaba em 2022.

O embaixador Marcos Azambuja, que foi o coordenador brasileiro na ECO-92, disse em entrevista ao Jornal Nacional que não basta o governo tentar mudar o discurso se não apresentar resultados concretos.

"O problema hoje é que nós damos a impressão de que estamos procurando ganhar tempo e um pouquinho enganar os outros", disse Azambuja.

Entidades, organizações não governamentais, parlamentares e governadores mandaram cartas à Cúpula sobre o Clima criticando Bolsonaro.

Em um documento, parlamentares dizem que o governo tem como inimigos aqueles que atuam pela conservação da Amazônia. Os negociadores americanos, aparentemente, pareceram surpresos com a receptividade do Brasil em tratar do assunto do meio ambiente como uma "nova prioridade", desde que fosse incluída na negociação uma contrapartida financeira pelos serviços florestais do país.

A ideia dos americanos, no entanto, é só colaborar depois que o Brasil agir sozinho, inicialmente, para que outros países colaborem na conservação e nas políticas para diminuir as emissões de gás carbônico.

Preparação para a COP 26

O presidente Biden convidou 40 líderes de países ou blocos de países, todos também farão parte do encontro oficial de novembro, a COP 26, organizada pelas Nações Unidas em Glasgow, na Escócia.

Na soma, todos esses países são os responsáveis pela maior parte das emissões globais – de 75% a 80% do total – carregados pelos EUA, China, Índia e Rússia.

Analistas internacionais apontam que o encontro proposto por Biden será considerado bem-sucedido se houver compromissos explícitos desses quatro países.

A cúpula dos líderes não substitui a COP 26, ela é um evento independente.

O secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, disse em entrevista ao G1 que apesar de não fazer parte do calendário oficial da ONU, a Cúpula dos Líderes sobre o Clima não "deixa de ser importante".

“A COP é realmente o espaço oficial, acordado pelos países, para debater questões climáticas. É onde foi assinado o Acordo de Paris e onde os países submetem os seus compromissos para o clima”, explica Astrini.

Financiamento para países em desenvolvimento

Os EUA devem insistir que os países precisam reduzir emissões de modo que o aquecimento seja de, no máximo, 1,5ºC. Um dos temas da conversa é a forma de financiar os programas para atingir essa meta.

Para os americanos, é preciso falar sobre mais do que doações de países ricos e incluir também conversas sobre como atrair capital privado, como estruturar programas de seguros e garantias e envolver fundos.

O Brasil tenta conseguir parte deste financiamento internacional e defende que é só com investimento internacional que conseguiria alcançar a meta de eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030 – definida durante o Acordo de Paris, em 2015.

"Alcançar essa meta, entretanto, exigirá recursos vultosos e políticas públicas abrangentes, cuja magnitude obriga-nos a querer contar com todo apoio possível, tanto da comunidade internacional, quanto de Governos, do setor privado, da sociedade civil e de todos os que comungam desse nobre objetivo", escreveu Bolsonaro em carta ao presidente Biden.

Em 2019, em meio a recordes no número de queimadas na Amazônia, a Noruega decidiu suspender o repasse de recursos para o Fundo Amazônia. Mais de R$ 100 milhões seriam usados para proteger a floresta e desenvolver projetos na região.

No mesmo ano, o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha decidiu suspender o financiamento de projetos para a proteção da floresta e da biodiversidade, estimados em R$ 155 milhões.



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