Parentes das meninas sequestradas na Nigéria dormem na floresta por medo de represálias

“As pessoas desaparecem porque não há segurança“, diz o pai de uma das estudantes

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O pai de duas das mais de 200 estudantes sequestradas em 14 de abril pelo grupo Boko Haram, na aldeia Chibok, no norte da Nigéria, contou que sua família está dormindo na floresta por medo de sofrer algum tipo de represália dos radicais ou até mesmo do governo.

"A vida em Chibok está muita perigoso neste momento. Desde o sequestro, nós não dormimos em casa", disse o homem, que, por segurança, não quis se identificar.

E a família dele não está sozinha. A partir das cinco ou seis horas da tarde, ?as pessoas desaparecem na floresta porque não há segurança", diz o pai, segundo informações da rede de TV CNN.

Ele contou que também aproveita o tempo na floresta para fazer buscas solitárias pelas filhas. Armado apenas com um arco e flechas, ele afirma que ninguém mais está realmente procurando elas.

? Nós nunca vimos um militar por lá. Se os militares entraram na floresta para salvar as nossas filhas nós teríamos visto.

Emocionado, ele relembra a noite de horror na qual suas filhas foram levadas da escola internato onde estudavam. Tudo começou, segundo ele, com uma forte explosão, que acordou a família. O estrondo foi seguido pelo som de tiros.

Como morava próximo da escola, ele correu para ver o que estava acontecendo e presenciou quando os rebeldes abriram fogo contra seguranças locais e queimaram partes da escola. Sem armas, não havia nada que ele pudesse fazer para ajudar, conta o pai, apenas observar e esperar.

Quando finalmente pode entrar no local, o homem e outras pessoas se depararam com o cenário de destruição deixado pelo Boko Haram.

? Vimos roupas cortadas. Os dormitórios, tudo virou cinzas. Um homem nos disse que eles tinham nossas filhas. Nós não podíamos acreditar.

O grupo levou as meninas para caminhões que estavam à espera, de acordo com relatos do que aconteceu naquela noite. Os caminhões desapareceram na floresta densa que faz fronteira com Camarões, reduto do grupo radical.

É a partir daqui que a história se complica. Há dúvidas sobre quantas meninas foram, de fato, levadas naquela noite. Relatórios variam muito e apontam que este número está entre 230 e 276.

Além disso, parentes já acusaram o governo de não se dedicar o suficiente às buscas.

O Boko Haram, que significa em língua local "a educação não islâmica é pecado", luta para impor a "sharia" (lei islâmica) na Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristã no sul.

Desde que a polícia matou em 2009 o líder do Boko Haram, Mohammed Yousef, os radicais mantêm uma sangrenta campanha que deixou mais de três mil mortos.

Com 170 milhões de habitantes integrados em mais de 200 grupos tribais, a Nigéria, o país mais populoso da África, sofre múltiplas tensões por suas profundas diferenças políticas, religiosas e territoriais.



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