Menina que teve 8 amigas mortas pediu para não ir à escola

Júlia fez questão de comparecer aos enterros das amigas.

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Quinta-feira, 6h15. Como costuma fazer diariamente, Júlia Barbosa da Silva, de 13 anos, aluna da turma 1.801 da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, despertou com a ajuda dos pais para novo dia de estudos. No entanto, um cansaço físico atípico a fez pedir para faltar à aula naquele que se transformaria no dia mais trágico da história escolar no Brasil. Das 12 crianças mortas, oito eram amigas de classe da menina. Outras três ficaram feridas.

Cerca de um km separa a residência de Júlia do colégio. Por isso, se atrasou em várias oportunidades. Apesar disso, não costuma faltar à aula. Ela e a mãe, a dona de casa Valéria Barbosa, 38 anos, atribuem a Deus a ausência naquele dia trágico.

"Não tenho explicações racionais. Na noite anterior, ela nem tinha arrumado o material na mochila, como faz todos os dias. Alguns dias antes da tragédia, ela levantou às 6h47, 13 minutos antes do horário de entrada, me pediu dinheiro para ir de ônibus e foi", conta a mãe da adolescente, acrescentando: "imagina se eu a tivesse mandado para o colégio na quinta? Olha o peso que carregaria".

Das amigas Karine Lorraine (14), Luisa Paula da Silveira (14), Milena dos Santos (14), Bianca Rocha (13), Ana Carolina Pacheco (13) e Mariana Rocha (12) - consideradas as mais próximas -, restaram apenas fotografias nas redes sociais e no quadro de fotos afixado sobre a cabeceira da cama. "Estou muito triste. Nós costumávamos ir juntas para o colégio. Não vou conseguir dar sequência aos estudos naquela escola. Vou trocar de ambiente e refazer amizades, mas minhas amigas ficarão para sempre no meu coração", desabafou.

Júlia fez questão de comparecer aos enterros das amigas. Na sexta, recordou momentos felizes vividos por elas. E lembrou-se de história que mais parece premonição. "Semana passada, a Taiane (que levou três tiros, mas sobreviveu) sonhou que havia sido baleada. Ela disse que tinha medo de morrer".

Neste domingo, Júlia receberá pela primeira vez a visita de um psicólogo da prefeitura do Rio de Janeiro. "Uma funcionária da Assistência Social ligou para ela na sexta-feira e agendou uma conversa para às 11h. Esperamos que haja, de fato, um acompanhamento", disse Valéria.

Atentado

Um homem matou 12 estudantes a tiros ao invadir a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, na manhã do dia 7 de abril. Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, era ex-aluno da instituição de ensino e, segundo a polícia, se suicidou logo após o atentado. O atirador portava duas armas e utilizava dispositivos para recarregar os revólveres rapidamente. As vítimas tinham entre 12 e 14 anos. Outras 18 ficaram feridas.

Wellington entrou no local alegando ser palestrante. Ele se dirigiu até uma sala de aula e passou a atirar na cabeça de alunos. A ação só foi interrompida com a chegada de um sargento da Polícia Militar, que estava a duas quadras da escola quando foi acionado. Ele conseguiu acertar o atirador, que se matou em seguida. Numa carta, Wellington não deu razões para o ataque - apenas pediu perdão a Deus e que nenhuma pessoa "impura" tocasse em seu corpo.



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