Piauí é recorde de medalhas na Olimpíada de Matemática

O Theatro Municipal do Rio de Janeiro foi o palco de uma celebração

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 “A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”. A frase de Paulo Freire traduz o estado dos estudantes piauienses campeões da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) que buscaram o conhecimento, aprenderam e tiveram a alegria de ter o reconhecimento de todo o País. Nunca antes na história do Piauí tantos estudantes da rede pública receberam tantas medalhas na competição nacional, foram 93, sendo nove de ouro, 17 de prata e 67 de bronze; além de 564 menções honrosas – ao todo foram 650 premiações para aqueles que se destacaram na Olimpíada pelo aprendizado alcançado na rede pública de ensino do Piauí.

O Theatro Municipal do Rio de Janeiro foi o palco de uma celebração emocionante no dia 20 de julho que homenageou os vencedores da Obmep. A festa começou no dia anterior - os jovens, de todos os estados do Brasil, acompanhados dos coordenadores regionais da OBMEP, chegaram ao Rio de Janeiro no dia 19 de julho. Receberam as boas-vindas da equipe da OBMEP Central, jantaram juntos e participaram de um evento cultural. Na manhã do dia 20, no hotel, assistiram com muito interesse ao depoimento do Prof. Artur Ávila (pesquisador do IMPA e do CNRS e ganhador da Medalha Fields em 2014), que contou um pouco de sua trajetória acadêmica. Uma experiência nova, enriquecedora e inspiradora para os jovens estudantes do Piauí.

No inicio da tarde, 470 alunos e cerca de 110 coordenadores regionais e de iniciação científica, incluindo a comitiva piauiense, se dirigiram ao Theatro Municipal. Era o momento que todos esperavam. Reunidos, eles receberam suas medalhas das mãos das seguintes autoridades: o Ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro; o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebello; os secretários estaduais do Rio de Janeiro, Antônio Carlos Neto, da Educação, e Gustavo Tutuca, da Ciência e Tecnologia e Informação (ambos representando o governador do Rio de Janeiro); professor Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências; o presidente da Sociedade Brasileira de Matemática, professor Marcelo Viana; o vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, professo Ildeu de Castro Moreira; o Prof. Cláudio Landim, coordenador geral da Obmep e o diretor adjunto do IMPA e o Prof. César Camacho, diretor-geral do IMPA. As autoridades foram coadjuventes no evento, mas representam o alto grau de prestígio da Obmep.

Além da premiação dos medalhistas de ouro, sendo nove do Piauí, um recorde para o Estado, a cerimônia trouxe ainda uma comemoração especial pelos 10 anos de realização da Olimpíada. Por isso, foram convidados a participar 10 ex-alunos e 10 professores que se destacaram nesse período – incluindo o professor Antônio Cardoso Amaral, do Piauí.

Medalhista de ouro cursa matemática no ifpi

Dos 350 mil alunos piauienses que participaram da última edição da Obmep, nove se destacaram ao conquistar a medalha de ouro em suas categorias, foram eles: Anne Beatriz Cardoso de Soousa e Tainara de Carvalho, da Unidade Escolar Paulo Ferraz em Capitão de Campos; Lael Viana Lima, da Escola Municipal Barjas Negri em Teresina; Sávio Vinícius Costa do Amaral, José Marcio Machado de Brito e Jean Carlos Sousa de Brito, do Ensino Médio Augustinho Brandão em Cocal dos Alves; Rodrigo Sousa Duarte Cavalcante e Fredison Soares da Silva Júnior, da Unidade Escolar Padre Freitas em Piripiri; Anderson Araújo Guimarães da Unidade Escolar Alfredo da Silva Cota em Lagoa Alegre.

“Foi o melhor resultado da história. Tudo isso graças ao empenho dos professores, dos alunos, das famílias e com o forte apoio da Secretaria de Estado da Educação, que nos possibilita chegar as escolas mais distantes do Estado e mudar vidas com a matemática”, explicou Egnilson Moura, coordenador estadual da Olimpíada.

Um dos medalhistas de ouro é Jean Carlos, 21 anos, que na época da disputa era aluno da Unidade Escolar Agostinho Brandão, de Cocal dos Alves, e que agora cursa Matemática na Universidade Federal do Piauí. “A Obmep e a minha escola abriram as portas do meu futuro. Hoje estou no curso que gosto e sou bolsista do Programa de Iniciação Científica”, relata o jovem, que conquistou o prêmio pela segunda vez.

Já o professor Werbety Ney, da Unidade Escola Paulo Ferraz, de Capitão de Campos, revela que em sua escola a Obmep fez mais que trazer medalhas e traçar futuros. “Tínhamos índices de evasão escolar e reprovação altíssimos que foram resolvidos com o projeto Geometria e a Obmep. Hoje temos outra realidade”, completa.

Parceria entre alunos, professor e escola

“O meu sentimento é de estar no caminho certo na busca de todos esses nossos propósitos, que é fazer uma educação boa, numa escola pública situada em um lugar com todas as adversidades que são constatadas”, afirmou o professor Antônio Cardoso do Amaral (foto), após ser homenageado na cerimônia dos dez anos da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), realizada na semana passada no no Rio de Janeiro.

O professor Amaral leciona na Escola de Ensino Médio Augustinho Brandão, em Cocal dos Alves (norte do Piauí), e foi um dos dez professores homenageados por terem marcado os dez anos da Obmep. O projeto que tem como base o incentivo à aprendizagem se tornou destaque no Brasil por transformar alunos em campeões. Desde a primeira edição até hoje foram conquistadas cerca de 80 medalhas.

A Escola de Ensino Médio Augustinho Brandão é a melhor colocada no País, levando em consideração o número de alunos premiados na Obmep em comparação com o número de participantes. Desde 2005 foram 150 medalhas e menções honrosas. Somente na Obmep 2015 os alunos conquistaram 3 medalhas de ouro, 8 de prata e 5 de bronze.

Antônio Amaral explica que esse resultado é fruto da parceria entre alunos, professores e escola, em especial os alunos. “O que nós percebemos quando nos reunimos na premiação é que todos tiveram um resultado muito bom porque existe uma parceria entre professores, alunos e escola”.

Meio Norte – Como o senhor avalia o fato de o Piauí ter batido o recorde em conquistas de medalhas na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep)?

Antônio Amaral – O meu sentimento é de estar no caminho certo na busca de nossos propósitos que é fazer uma educação boa em uma escola pública e em um lugar com todas as dificuldades que foram constatadas. Nesse sentido, não só eu, mas os outros dez professores premiados, porque tivemos alunos premiados em todas as dez edições da Olimpíada. O que nós percebemos quando nos reunimos na premiação é que todos tiveram um resultado muito bom porque existe uma parceria entre professores, alunos e escola. Eu me sinto com o trabalho cumprido, mas não na autonomia e no poder de dizer que estamos fazendo isso sozinho, mas que fiz isso com parceria e o principal é que o conjunto mais forte nessa parceria foram os alunos, mas também, nesse momento, gostaria de agradecer a escola porque todas as vezes tivemos o apoio da nossa gestão, que não teve dificuldade de colocar a Obmep como prioridade.

MN – Quais são os projetos para o futuro?

A.A. – Os projetos para a futuro são os principalmente a luta pela manutenção desse nosso projeto. Esse é o nosso projeto futuro. O nosso projeto é para que consigamos nos manter com a qualidade que nós conseguimos nos manter na Unidade Escolar Augustinho Brandão. Queremos, claro, atingir mais coisas. Por exemplo, melhorar alguns indicadores na nossa escola, utilizar ainda mais esses bons meninos nos nossos Programas de Estudo de Grupos, onde os melhores ajudam os que tem mais dificuldades, queremos ainda aumentar mais o número de alunos premiados, haja visto que a nossa escola é a melhor colocada no país em premiados na Obmep em relação ao número de participantes e, mesmo assim, queremos envolver mais alunos.

MN – O que é preciso para melhorar o desempenho de todos os alunos das escolas públicas de Cocal dos Alves?

A.A – O que falta para transformar todos alunos em campeões, na verdade não dá, por conta do regulamento da Obmep. Porque apenas de 5% a 10% é o percentual de alunos que participam da fase final da Obmep. O regulamento diz que apenas uma parte participe da fase final. Nós conseguimos maximizar o número desses alunos. Dos 20 alunos que participaram da fase final, 19 foram premiados.

Quatro professores foram premiados na Obmep

O retorno da delegação piauiense de estudantes e educadores ao estado na última terça-feira, dia 21, foi marcada por emoção, alegria e medalhas, muitas medalhas, foram 93. Os jovens empunhavam suas premiações com muita alegria e motivação, prontos para dar prosseguimento à revolução educacional em curso no Piauí. Mas além dos alunos, quatro professores piauienses foram premiados: Antônio Cardoso Amaral, do Ensino Médio Augustinho Brandão, que iniciou o processo que alavancou a participação dos piauienses na Obmep; bem como Francisco Junio Machado Brito, Girleny Fontenele da Silvae Raimundo Alves de Brito; todos lecionando em Cocal dos Alves. Cada professor recebeu um tablet, diploma e a assinatura anual da Revista do Professor de Matemática.

“O meu sentimento é de estar no caminho certo, na busca de todos esses nossos propósitos, que é fazer uma educação boa, numa escola pública situada em um lugar com todas as adversidades que são constatadas. [...] Os primeiros alunos premiados na Obmep estão de certa forma bem, porque alguns saíram e cursaram bons cursos. São profissionais da saúde, alguns se tornaram professores na cidade. Temos ex-alunos que hoje são professores na Universidade Federal do Piauí, alguns estão em doutorado e em diferentes cursos como Engenharia Civil e até mesmo Medicina”, lembrou Antônio Amaral.

Para o futuro dos “bons meninos”, forma carinhosa que o professor Amaral se refere aos seus alunos, a meta é manter o projeto e ampliar os bons indicadores. “Nós queremos conseguir manter a qualidade do ensino na escola Augustinho Brandão. Também queremos melhorar alguns indicadores. Utilizar ainda mais esses bons meninos nos estudos de grupos que a gente mantém, nos quais os melhores ajudam aqueles que têm um pouco mais de dificuldade. Queremos aumentar também o nosso número de alunos premiados e envolver mais alunos, com o objetivo de conseguir que todos saiam bem preparados para os cursos que eles escolherem”, disse o professor Amaral.

As secretarias municipais de educação de Cocal dos Alves e Capitão de Campos também receberam um troféu da Obmep pelo desempenho dos seus alunos na Olimpíada.



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