Projeto muda a realidade de crianças e adolescentes

O projeto tem como objetivo orientar crianças e adolescentes a serem protagonistas das suas histórias, além de orientá-los sobre seus direitos

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A expressão em aramaico “Talita Cumi” significa “Levanta-te”, e a denominação serviu como base para a criação do projeto social “Talita Cumi”, que tem como objetivo principal orientar crianças e adolescentes a serem protagonistas das suas histórias, além de orientá-los sobre seus direitos. O projeto vem intervindo na realidade de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e riscos sociais, da periferia da zona Norte de Teresina, como uma forma de prevenção e de enfrentamento aos riscos trazidos pela vulnerabilidade social à que são submetidas.

O projeto das irmãs dos pobres de Santa Catarina de Sena atende 932 crianças e jovens, de zero a 17 anos, em cinco escolas públicas e privadas da zona Norte de Teresina, com o objetivo de preservar o direito das crianças e adolescentes. A ideia principal é empoderar esses jovens com informações sobre os seus direitos para que eles sejam multiplicadores de informações, prevenindo e enfrentando situações de violação de seus direitos. O projeto realiza ações socioeducativas e formativas, aliadas ao uso de tecnologias.

Crédito: Raíssa Morais

Lucélia Silva, assistente social do Projeto Talita Cumi, ressalta que são trabalhadas atividades socioeducativas, com temas voltados para os direitos, mas também os deveres dos adolescentes e crianças. “A gente trabalha nessa perspectiva educativa de levar informação a respeito de diversos temas que trabalhem a questão de vulnerabilidade social do jovem para que eles possam ver estratégias de proteção e defesa deles também. Nós temos também intervenções com as famílias e discutimos esses temas com todos eles”, destacou.

Entre outros temas, são trabalhados situação de pobreza, drogadição, violência sexual e insuficiência de políticas públicas resolutivas, por meio de processos de empoderamento, tornando-os agentes multiplicadores de informações na família, na escola e na comunidade, com ações socioeducativas e formativas no âmbito da tecnologia, esporte, arte e cultura, como ferramentas de aprendizado e de exercício de cidadania, provocando, ainda, a construção de projetos individuais e coletivos de vida.

Crédito: Raíssa Morais

“O retorno dos alunos às iniciativas do projeto tem sido bem interessante, porque temos percebido uma mudança no comportamento deles, onde eles mesmos têm apontado soluções para problemas no bairro e vemos a questão da cidadania nessas crianças e adolescentes, em que percebem que fazem parte disso e podem contribuir para a melhoria da comunidade”, acrescentou a assistente social. Faz parte do projeto, inclusive, o lançamento de um aplicativo de denúncia com o nome inicial “TÔ LIGADO”, no qual as pessoas vão poder denunciar o abuso dos direitos do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Atendimento a menores em situação de vulnerabilidade

O Projeto nasceu na Casa Savina Petrilli, uma instituição de acolhimento provisório para crianças e adolescentes do sexo feminino, mantida pela Associação Norte Brasileira de Educação e Assistência Social (ANBEAS), com o objetivo de alargar para além dos limites físicos da instituição as ações em prol das crianças e adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade e risco sociais.

Crédito: Raíssa Morais

A diretora da Casa Savina Petrilli, irmã Raimunda Lopes, afirma que as crianças chegam à casa de acolhimento encaminhadas pela 1ª Vara da Infância e Juventude, devido a inúmeras formas de violência que elas sofrem na família. “Aqui a gente procura acolhê-las dando a possibilidade de elas se reconstruírem e serem acompanhadas na educação, de forma que elas possam superar aquela violência ou tentar minimizar o sofrimento que elas passam”, declarou.

Dessa forma, o Projeto Talita Cumi vem materializando-se através da realização de oficinas socioeducativas com crianças, adolescentes e jovens, com idade entre três e dezessete anos, oriundos da referida instituição de acolhimento, bem como de quatro escolas da rede pública da região Norte e em uma escola filantrópica/rede privada.

As crianças estudam, praticam esporte, fazem acompanhamento social, psicológico e pedagógico, além de atividades lúdicas, recreativas, passeios e lazer. A pequena Raíssa, de 10 anos, já mora na Casa Savina Petrilli há dois anos e conta que, apesar da saudade da família, sente-se bem e acolhida pelas irmãs. “Eu sabia que ia ficar por um bom tempo longe dos meus familiares e no começo foi tudo meio embaralhado, porque eu não conhecia ninguém, eu não sabia onde eu estava e não me adaptei bem no início, mas depois eu fui começando a me adaptar aqui, fiquei sabendo que aqui era um lugar bom e todo mundo aqui recebe amor e carinho”, disse.

Adolescentes elaboram app de denúncias

O projeto é desenvolvido nos espaços da Casa Savina Petrilli, onde foi montada uma Sala Criativa, com um espaço diferenciado e adaptado para a realização de oficinas direcionadas e pedagógicas, e nas escolas parceiras. Ademais, o projeto oferta oficinas de formação para o corpo docente das escolas, realiza atividades socioeducativas com as famílias.

A coordenadora do Projeto Talita Cumi, Marianne Veloso, lembra que o projeto iniciou em janeiro de 2019 e possui apoio do Criança Esperança – UNESCO e da Rede Saviniana. “O projeto, quando foi pensado pela mantenedora, que é a Associação Norte Brasileira de Educação e Assistência Social, foi definido a partir dessa necessidade da Casa Savina Petrilli de extrapolar sua ação de proteção à criança e ao adolescente pela região Norte, essa necessidade de levar esse trabalho para além dos muros da Casa, tendo em vista que a nossa região é de alta vulnerabilidade social. Diante disso, foram pensadas as atividades socioeducativas, pedagógicas e também com as famílias”, enfatiza.

Crédito: Raíssa Morais

Prevê-se ainda o lançamento de um aplicativo de denúncia das violações de direitos de crianças e adolescentes, que se encontram em processo de elaboração. Marianne ressalta que o aplicativo está sendo pensado pelos próprios adolescentes contemplados com as ações do Projeto.

“Nós estamos na fase de elaboração do aplicativo, que é uma das propostas do nosso trabalho de lançar esse aplicativo de denúncia, e eles se sentem parte desse projeto, se sentem protagonistas, empoderados, cheios de noções de direitos e deveres, e é interessante que vamos percebendo, a partir das atividades, que eles vão se apropriando de serem bons cidadãos e percebem, inclusive, os comentários nas escolas e se apropriam dessas informações que damos a eles, e passam a ser multiplicadores nas suas famílias, escolas e nos espaços que frequentam”, pontuou a coordenadora.

Jovens melhoram desempenho dentro e fora da escola

A adolescente beneficiária do projeto, Cristina Maria, de 14 anos, que estuda no CETI Edgar Tito, localizado no bairro Memorare, na zona Norte da capital, considera o projeto uma oportunidade de conhecer mais sobre os direitos dos adolescentes para poder cobrar e também se defender das negligências que presencia.

Crédito: Raíssa Morais

“O projeto nos ajuda muito, orientando sobre as coisas que acontecem na rua e que não temos conhecimento. Muitas vezes essas violências ocorrem até mesmo ao nosso redor, e quando conhecemos nossos direitos, fica mais fácil nos defender. Minha família participa também e temos percebido muita evolução”, considerou.

O diretor do CETI Edgar Tito, Flávio Veras, comprovou que o desempenho dos alunos mudou a partir da implantação do projeto na escola e tem percebido uma nova postura dentro e fora de sala de aula. “As temáticas que são discutidas dentro do projeto atravessam também as disciplinas. Por exemplo, a exploração sexual e o trabalho infantojuvenil também são discutidos em sala de aula pelos professores da escola, então o projeto tem contribuído no aprofundamento do debate desses temas, e isso melhora também na hora da produção textual”, finaliza.

Crédito: Raíssa Morais



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