Separadas, gêmeas siamesas de 2 anos têm alta 40 dias após cirurgia

Família planeja passar o réveillon na praia com as crianças

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Após um ano de idas e vindas ao Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto (SP), as irmãs Maria Ysadora e Maria Ysabelle, que nasceram unidas pela cabeça, receberam alta médica nesta sexta-feira (7) e poderão voltar para casa.

As meninas estavam internadas na enfermaria pediátrica há 40 dias, após terem sido submetidas à última cirurgia de separação, no fim de outubro.

A família ficará em Ribeirão Preto até o natal e depois deverá voltar a Patacas, distrito de Aquiraz, no Ceará, onde as gêmeas nasceram. Será a primeira viagem desde o início do tratamento.

“A felicidade é muito grande, de poder sair com elas bem e em tão pouco tempo de cirurgia. Agora a gente vai poder passear com elas e, no dia 27, vamos para Fortaleza. Na virada do ano a gente vai levar elas para conhecer a praia, que elas não conhecem ainda”, planeja o pai das meninas, Diego Freitas Farias.

Para a mãe das meninas, Débora Freitas, esse é um novo começo. “Meu coração está a mil. Não vejo a hora de sair daqui, estou contando os minutos. Eu falo que elas têm duas datas de nascimento: o dia 1º de julho é o dia em que elas nasceram, mesmo juntinhas, e que foi um aprendizado que Deus dá para quem pode superar tudo isso; e o dia 27 de outubro, que foi o dia que elas nasceram separadinhas, do jeito que era para elas nascerem”, diz.

Despedida

A despedida nesta sexta-feira deixou a equipe médica emocionada. Ao longo de um ano, elas foram acompanhadas por diferentes profissionais, coordenados pelo professor e neurocirurgião Hélio Rubens Machado. A separação, inédita no Brasil, contou ainda com reforço do especialista americano James Goodrich.

“Muitas saudades. Depois de tanto tempo, quase todos os dias pensando nelas, trabalhando por elas, então a gente vai sentir muita falta sim”, diz Maristela Bergamo, pediatra responsável por acompanhar o tratamento das meninas.

Segundo os médicos, após muitas incertezas, as gêmeas terão condições de seguir a vida normalmente. “É extremamente gratificante chegar ao final. Provavelmente, toda a nossa programação foi correta, era isso que tinha que ser feito e o resultado está aí”, afirma Machado.

Para o neurocirurgião Ricardo Oliveira, que também acompanhou o tratamento, a evolução motora e cognitiva das meninas é considerada boa. “Elas estão muito bem depois da separação. Nós notamos nitidamente uma grande evolução nas últimas semanas, estão muito mais ativas nesse momento. Ver elas indo embora sorrindo, ativas, é de muita satisfação, um trabalho coroado com a alta delas”, afirma.

Reabilitação

Em janeiro, as irmãs voltarão a Ribeirão Preto para iniciar o processo de reabilitação. Como elas ficaram dois anos sem poder se levantar da cama, terão que aprender a andar, ganhar força muscular e postura. Esse processo deverá demorar cerca de um ano.

“Elas precisam adquirir tônus muscular, postura correta, além da reabilitação da parte cognitiva. Desenvolver a parte da fala, da linguagem, da memória. Para isso, elas serão estimuladas em terapia ocupacional, psicologia, uma série de coisas que a gente junta no nome ‘reabilitação’. A finalidade é vê-las adaptadas para entrar na escola, correr, brincar, conviver com outras crianças. Esse é um planejamento de médio e longo prazo”, explica Machado.

Trajetória

As irmãs cearenses nasceram unidas pela cabeça. Nunca uma separação desse tipo tinha sido feita no Brasil. O procedimento foi dividido em cinco etapas para que pudesse ser concretizado.

A primeira operação ocorreu em 17 de fevereiro e durou cerca de sete horas. A segunda cirurgia, em 19 de maio, teve duração de oito horas. A terceira cirurgia ocorreu em 3 de agosto e também durou oito horas. A quarta cirurgia aconteceu no dia 24 do mesmo mês, quando os médicos implantaram expansores subcutâneos para dar elasticidade à pele e garantir que houvesse tecido suficiente para cobrir os dois crânios.

A última cirurgia, inédita no Brasil, durou 20 horas e envolveu 30 médicos, incluindo quatro norte-americanos. Entre eles o cirurgião James Goodrich, referência mundial no assunto e que acompanhou todas as etapas da separação das gêmeas.

Para os pais, sair do hospital significa o início de uma vida nova. “Só o que eu passei, agora posso dizer que estou aliviada. Minha luta não foi em vão. Esperei 2 anos e 5 meses para sair de carrinho com elas e isso é especial. É a primeira vez de muitas e um dia estarei correndo atrás delas”, diz Débora.



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