Viúva falou que Champignon chorou na véspera por críticas, diz delegado

Mulher de músico prestou depoimento na quarta-feira (11) à Polícia Civil. Ele teria ficado triste ao ler críticas de que estaria traindo a banda.

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A mulher do ex-baixista da banda Charlie Brown Jr. Champignon , a cantora Cláudia Bossle Campos, de 32 anos, falou à Polícia Civil de São Paulo que o marido ?chorou? no domingo (8), na véspera de sua morte, por causa de uma crítica que recebeu na internet. De acordo com o delegado Danilo Alexiades, que investiga o caso como suicídio, a declaração da viúva foi dada na quarta-feira (11) em depoimento formal num local não informado.

O corpo de Luiz Carlos Leão Duarte Júnior foi encontrado pela Polícia Militar na madrugada de segunda-feira (9) no apartamento que dividia com Cláudia, na Zona Sul da capital paulista. Segundo a investigação do 89º Distrito Policial, no Portal do Morumbi, Champignon usou uma pistola 380 para atirar contra a própria cabeça.

Além dos problemas financeiros que estava enfrentando, o delegado contou que a viúva relatou que o músico estava ?triste? com comentários , principalmente de fãs, por ter assumido o vocal do grupo no lugar do cantor Chorão, morto em 6 de março. Após a morte de Alexandre Magno Abrão, o Charlie Brown Jr. mudou de nome e passou a se chamar A Banca.

?A mulher falou que um dia antes da morte, Champignon teve críticas fortes na internet. Teria sido chamado de Judas, traíra, aproveitador por estar se aproveitando . Ela falou que ele chorou na manhã de domingo. Ele estava preocupado com a questão financeira, por causa das dívidas, mas o problema dele mesmo, segundo a mulher, eram as críticas?, disse o delegado Danilo Alexíades nesta quinta-feira (12) ao G1.

Após o depoimento da viúva e de mais dez outras pessoas, entre àquelas que conviveram com Champignon, e vizinhos e policiais que o encontraram, o delegado afirmou que está mais convencido de que ?uma forte depressão? levou o artista a se matar.

"Apesar de a viúva não usar a palavra depressão no depoimento que deu, ela percebia que o marido estava triste e que ele reclamava que não estava suportando mais, que não era justo receber tanta crítica por ter assumido o vocal da banda?, falou Alexíades. ?Cláudia fez questão de deixar bem consignado que quando Champignon assumiu a banda, ele assumiu a pedido de Chorão, que antes de morrer iria tirar férias e falou que a única pessoa que poderia assumir o vocal era Champignon. Falou que o treinou para isso e que o marido só assumiu em razão da amizade dom Chorão?.

Segundo Alexíades, mesmo diante da tristeza de Champignon, a mulher não percebeu que o marido estava disposto a tirar a própria vida. ?Ela falou que ficou surpresa com o suicídio, que ele nunca demonstrou desejo de se matar, ou qualquer tendência suicida. Falou que ele amava a vida?, afirmou o delegado.

De acordo com o delegado, Cláudia contou que no domingo à noite, ela e marido foram com um casal amigo a um restaurante japonês na Zona Oeste. Foram num carro só, guiado por um amigo. Pelo depoimento prestado, a viúva contou que teve uma pequena discussão com Champignon por causa de bebida.

Arte Champignon vale esse (Foto: Editoria de Arte/G1)

?Ele queria beber mais saquê e ela falou para ele parar. Foi a última conversa entre eles, que não conversaram mais após se desentenderem. Ele estaria chateado. Cláudia ainda contou que viu o marido fazer o gesto no pescoço, como se fizesse um corte, dentro do elevador. Essa cena foi gravada pela câmera de segurança e está sendo analisada pela perícia?.

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Cláudia escreveu nesta quarta-feira (11) uma homenagem ao marido em sua página no Facebook. ?Ainda não sei como vou suportar. Vivi o amor mais sublime e raro. Ele era a pessoa mais encantadora e maravilhosa do mundo?, relatou Cláudia Bossle Campos, de 32 anos, que está grávida de cinco meses.

Para a Polícia Civil, , o Champignon, se matou ao atirar com uma pistola 380 contra a própria cabeça após discutir com a mulher. O corpo do artista foi encontrado no escritório do apartamento onde morava com a mulher, na Zona Sul.Nas redes sociais, Cláudia agradeceu todas as mensagens de carinho e força que recebeu e disse que ela e a filha do casal, que irá chamar Maria Amélia, estão esperando "a hora de nos reencontrarmos e continuarmos nossos tantos sonhos juntos". Confira a íntegra da mensagem, reproduzida do Facebook:

"Obrigada a todas as mensagens de carinho e força. Ainda não sei como vou suportar. Vivi o amor mais sublime e raro. Ele era a pessoa mais encantadora e maravilhosa do mundo !!! Sorte de quem pode conhecê-lo... AMOR, EU TE AMO MAIS QUE TUDO NESSA VIDA, PRA SEMPRE VOU TE AMAR, FARIA E FAREI TUDO DE NOVO POR TI, PRA VIVER "SHANGRILLA CONTIGO MEU AMOR" Peço uma corrente de oração gigante do tamanho do coração dele neste momento para que ele possa caminhar para a LUZ e descansar no leito do amor de Deus. Eu e Maria Amelinha estamos aqui ainda neste plano te amando e esperando a hora de nos reencontrarmos e continuarmos nossos tantos sonhos juntos!!! deve existir alguma terceira palavra que me salve resultante desta rima de AMOR e DOR..."

O delegado Danilo Alexiades do 89º Distrito Policial de São Paulo, responsável pelo inquérito sobre a morte, quer ouvir Cláudia para saber se o músico tinha depressão e descrever como encontrou o marido morto na última segunda-feira (9). "Quero perguntar para a mulher se ela notou Champignon depressivo e para que dê detalhes do suicídio, como ela encontrou o corpo", disse Alexiades. "A tese da investigação continua sendo suicídio e o inquérito deverá ser concluído nesse sentido", completou.

Cláudia deveria depor na manhã desta quarta, mas "ficou assustada" ao ver muitos jornalistas na porta da delegacia e desistiu, segundo o delegado. Alexiades disse que vai ouvi-la em outro momento, mas não quis dizer a data. As investigações mostram, segundo Alexiades, que diversos problemas causaram depressão e levaram Champignon ao suicídio. ?Para a investigação, uma depressão ou uma tristeza profunda levaram ao suicídio?, disse Alexiades.

Ainda de acordo com o delegado, informalmente, a mulher comentou com policiais que discutiu com o marido antes da morte. Amigos também relataram à polícia que ele estava passando por problemas financeiros e se ?sentia pressionado por ter substituído Chorão como vocalista da banda Charlie Brown Jr., hoje chamada de ?A Banca?.

Champignon fez ao menos duas declarações de pobreza à Justiça. A alegação do músico é a de que ele não tinha condições financeiras para arcar com custos de processos por dívidas, a maioria por bens que adquiriu e não conseguiu pagar, nem dinheiro para pagar advogados para defendê-lo.

Levantamento do G1 feito com base em dados do site do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) mostra que o músico aparece em ao menos dez ações em fóruns de cidades como Santos, onde nasceu, São Vicente e na capital paulista. Em sete desses processos, o artista aparece como réu.

Até esta quarta-feira, dez pessoas foram ouvidas pela polícia, o zelador, o porteiro, o síndico, dois vizinhos, dois policiais militares, a irmã do músico e o casal que estava com Champignon e Cláudia em um restaurante de comida japonesa na noite da morte.

A polícia também deve ouvir a empresária da banda e avalia se chamará a ex-mulher de Champignon e os integrantes do grupo para prestarem depoimento.No final da manhã desta quarta, Alexiades e o delegado titular do 89º saíram da delegacia em um carro com a mãe de Cláudia.



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