Aluno de universidade é agredido por policial militar em São Paulo

Portas foram fechas com solda e com cadeados na noite de segunda (9)

Avalie a matéria:
Imagens mostram agressão e discussão de estudantes com PM | Reprodução
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Um dia após ser registrada uma nova confusão entre policiais militares e estudantes na Universidade de São Paulo (USP), o espaço onde funcionava um centro de convivência para alunos dentro da Cidade Universitária, na Zona Oeste de São Paulo, amanheceu vazio e com as portas lacradas nesta terça-feira (10).

Imagens disponíveis na internet e mostradas nesta terça mostram a confusão, o momento em que o PM não quer se identificar e a hora em que ele é chamado de racista e briga com os alunos.

Segundo os estudantes, após a ação encampada pela polícia e agentes de segurança do campus, que culminou nas imagens de agressão do estudante da USP-Leste Nicolas Menezes divulgadas pela internet, uma empreiteira foi acionada e as portas do espaço até então ocupado pelos alunos foram soldadas e trancadas com cadeados.

?Eles vieram depois da ação policia e soldaram tudo. É um absurdo acabarem com um dos últimos espaços de convivência que mantínhamos por aqui?, disse o aluno de letras Rafael Souza, um dos líderes do movimento estudantil no campus.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da USP não confirmou que a reitoria solicitou a soldagem das portas. A direção da universidade informou apenas que o prédio foi solicitado aos alunos para uma reforma.

O policial que sacou a arma e ameaçou o estudante foi afastado da corporação pela cúpula da PM ainda na segunda. Segundo o coronel Wellington Venezian, comandante do policiamento na Zona Oeste da capital, um outro soldado que estava no local também foi afastado.

As imagens mostram o momento em que alunos, guardas universitários e o policial conversam próximo ao prédio que pertenceu ao DCE e que foi desocupado na quinta (5). O PM pergunta a um dos jovens se ele é aluno. O homem diz que é, mas o policial insiste e pede para que mostre a carteirinha da universidade. ?Tenho minha palavra?, respondeu o rapaz.

O jovem é puxado com força pelo PM, que saca a arma e a coloca de volta no coldre. Os guardas e os alunos pedem calma e o jovem é levado para a frente do edifício. Lá, recebe mais alguns empurrões e um tapa.

"Força e violência"

Em entrevista realizada no fim da tarde de segunda no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, no Centro de São Paulo, o coronel classificou o fato como grave. Ele disse que a polícia não concorda com a atitude de ?força e violência?.

A PM também determinou a abertura de uma sindicância para investigar o incidente. A sindicância dura 40 dias e pode acarretar desde uma repreensão até a expulsão dos policiais da corporação.

O coronel afirmou que o policial vai passar por um acompanhamento psicológico. Ele disse que ele não tinha histórico de abuso de autoridade. Ele atua na USP desde que o convênio entre a universidade e a PM foi firmado. A corporação classificou a atitude como desequilíbrio emocional.

?Conversei com o sargento e ele disse que foi desobedecido. Ele reconheceu que ficou muito nervoso e perdeu o controle emocional.? Os estudantes envolvidos devem ser convidados a falar na sindicância.

Em outro vídeo divulgado pelos estudantes, o policial envolvido diz que não fez ?nada de errado?. ?Que agredi, o quê?, respondeu ao ser indagado por um aluno. ?Você está me provocando? Vai fazer denúncia. Vai fazer denúncia?, afirmou. Uma jovem quis ver o nome e a patente do policial, mas ele retirou a identificação da lapela. ?Por que você quer ver meu nome? Não quero mostrar o meu nome.?

No segundo vídeo, o jovem agredido também dá sua versão. ?Eu estava ali, argumentando com o senhor tenente André e ele pediu para eu mostrar a carteirinha. Eu disse que não ia mostrar e quando eu mostrei a carteirinha, ele me soltou.? Em seguida, ele mostra dois documentos que comprovam que estuda mesmo na USP.

Ocupações

A relação entre os estudantes da USP e a PM é conflituosa desde o fim de outubro, quando três estudantes foram detidos após serem abordados com porções de maconha. Os alunos chegaram a entrar em confronto com os policiais.

Em protesto contra a ação da PM, que os alunos consideram truculenta, um grupo invadiu o prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Depois, em assembleia, decidiram ocupar a reitoria.

No início de novembro, após os alunos não acatarem decisão judicial para a saída do edifício, policiais da Tropa de Choque entraram e prenderam 70 pessoas. Eles foram indiciados por danos ao patrimônio público e desobediência à ordem de Justiça. Em protesto contra as prisões, estudantes de toda a universidade decidiram entrar em greve.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES