Loura morta em assalto na Tijuca já foi garota de programa; saiba

Gaúcha era sedutora e carismática

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As múltiplas personalidades de Ivone Fernandes de Mendonça não se limitavam à cor dos cabelos. Gaúcha, como ficou conhecida no crime, trabalhou como servente de pedreiro, ganhou a vida como garota de programa, foi mãe de família, estelionatária, presidiária em reabilitação e morreu como bandida, com uma arma na mão e disposição para atirar.

? Todos os dados cadastrais dela eram falsos. Isso dificultava a localização dela. Ao longo do tempo, ela foi se profissionalizando no mundo do crime. Era ardilosa, sedutora e demonstrava frieza na hora de agir ? disse o delegado Ruchester Marreiros Barbosa, da 18ª DP (Praça da Bandeira), que investiga a tentativa de assalto a um restaurante na Tijuca, nesta segunda-feira.

Até o local de nascimento passa uma impressão equivocada sobre suas origens. Nasceu em Tubarão, em Santa Catarina, há 34 anos. Mas de catarinense tinha apenas a identidade. A filha mais velha do serralheiro Jorge Ribeiro Mendonça e da dona de casa Marta Fernandes Mendonça foi criada numa casa simples em Viamão, região metropolitana de Porto Alegre.

? Era uma guria alegre. Todo mundo por aqui ficou surpreso ? comentou o diretor Renato Maciel, ex-professor da criminosa, que parou de estudar até a 5ª série.

Ainda adolescente, deixou a casa dos pais para ganhar o mundo. Acabou como garota de programa numa boate em Capão da Canoa, litoral gaúcho. Mas a trajetória de prostituta não durou muito. Gaúcha deixou o prostíbulo após conhecer Volmer Rodrigues dos Santos, segurança de casas de veranistas, alvo fácil de assaltantes no inverno.

Volmer largou a mulher e quatro filhos pequenos para ficar com ela. O casal tinha hábitos curiosos. Gaúcha usava botas, roupa camuflada e saía com o marido, interrogando as pessoas.

Gaúcha e Play, estilo Bonnie e Clyde tupiniquim

Quando participava de um roubo, os movimentos de Gaúcha eram naturais, como se não houvesse tensão em apontar uma arma para quem quer que fosse. Durante a tentativa de assalto ao restaurante da Tijuca, na segunda-feira, a bandida manteve a mesma frieza demonstrada em outros crimes quando foi abordada por um dos policiais militares que impediram o crime.

? Você tem identidade? ? perguntou o policial.

? Tenho duas ? respondeu Gaúcha, enquanto puxava uma arma da bolsa, sem qualquer tipo de hesitação.

O PM ficou sem reação. Só escapou da morte porque um colega percebeu que a criminosa iria atirar e a baleou.

Gaúcha reeditou uma versão própria, contemporânea e tupiniquim de Bonnie e Clyde, casal de criminosos que aterrorizou os Estados Unidos na década de 30.

? Ela teve um relacionamento com um cara certinho, que gostava dela. Só que ela tinha atração por bandido ? lembra José Júnior, coordenador do AfroReggae, onde Gaúcha trabalhou como recepcionista, após ser beneficiada pelo regime semiaberto.

Gilberto Nascimento da Silva, o Play, de 36 anos, seu companheiro há 5 anos, foi seu parceiro em pelo menos dois roubos. No celular de Gaúcha, a polícia encontrou fotos do casal num jet-ski e mensagens de amor do casal bandido.

OS FATOS

O começo no crime - Em julho de 2002, aos 24 anos, foi indiciada por estelionato e receptação ao ser encontrada com talões roubados em Porto Alegre. Em dezembro, tentou abastecer o carro com um cheque roubado. Em janeiro de 2003, foi presa no Aeroporto Salgado Filho enquanto tentava comprar biscoitos, salame, garrafas de vinho e licor com cheque roubado.

Briga na prisão - Naquele mesmo ano, Gaúcha foi presa por estelionato e receptação enquanto tentava comprar dois pacotes de fraldas descartáveis e uma camisa numa farmácia. Dois meses depois, se envolveu numa briga no presídio feminino.

Rolling Stones - Saiu de Porto Alegre e tentou recomeçar a vida no Rio, em 2006, sob o pretexto de assistir ao show dos Rolling Stones em Copacabana. Mais uma vez, foi seduzida pela vida do crime e acabou presa, em novembro.

Gaúcha deixou para trás uma bolsa com identidade falsa, durante fuga por buraco do ar-condicionado, após roubo às Lojas Americanas, em Botafogo

Baleada em roubo - Na ocasião, Gaúcha atirou na dona de uma pizzaria, em Botafogo, para roubar o seu carro. Nem a chegada de um policial a intimidou. Ela rendeu um motociclista para fugir e baleou o PM. Ele revidou e ela foi atingida na perna, antes de ser rendida e presa.

Baleada na perna - Em vídeo feito pela ONG AfroReggae, onde trabalhou como recepcionista por um ano, Gaúcha disse que cometeu o crime por causa do vício em crack.

Onda - Segundo a polícia, Gaúcha teve participação confirmada em seis roubos a estabelecimentos comerciais.



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