Polícia Civil conclui que tiro que matou menina em favela partiu de policial

Maria Eduarda foi atingida por um disparo dois dias antes do Natal do ano passado, quando a PM ocupava o morro durante uma guerra entre duas facções.

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O tiro de fuzil que matou a menina Maria Eduarda Sardinha, de 11 anos, na favela Para Pedro, em Irajá, partiu da arma de um PM. Essa foi a conclusão tirada por agentes da Divisão de Homicídios (DH) após a realização da reprodução simulada do crime, ontem pela manhã na favela. Maria Eduarda foi atingida por um disparo dois dias antes do Natal do ano passado, quando a PM ocupava o morro durante uma guerra entre duas facções.

Um exame pericial feito com raio laser a partir do ponto onde o tiro entrou na casa revelou que o disparo partiu do local onde o sargento Anderson Faria Merces e o cabo Fábio de Barros Dias, ambos lotados no 41º BPM (Irajá), estavam, a cerca de cem metros da casa. O procedimento também mostrou que o autor do tiro estava agachado no momento do disparo.

Para concluir o inquérito, o delegado Fábio Cardoso aguarda a confrontação balística do projétil encontrado na cabeça da menina com cápsulas achadas no local onde os policiais estavam.

? A simulação foi fundamental para entendermos o trajeto da bala e confrontarmos com os relatos dos policiais e de parentes da Maria Eduarda. Tanto a família quanto os PMs dizem algo em comum: os policiais atiraram quando saíram do beco. O laser mostra que o tiro veio exatamente do local por onde eles passaram. Vou fechar o inquérito assim que souber de que arma partiu o tiro e quem estava com ela ? disse Fábio Cardoso.

Durante a simulação, os dois PMs afirmaram que se viram encurralados por traficantes. Segundo o relato de ambos para peritos da especializada, havia traficantes armados tanto no beco por onde vinham tanto nas proximidades da casa de Maria Eduarda. Os dois afirmaram que fizeram disparos justamente quando passavam pelo ponto assinalado pelo laser porque foram atacados por bandidos dos dois lados.

Além da DH, participaram da simulação agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e policiais do 41º BPM. Antes de iniciar o trabalho, policiais da Core trocaram tiros com traficantes e efetuaram uma prisão na localidade. Um homem foi detido com duas granadas e um radio transmissor. Ele foi encaminhado para a 27ª DP (Vicente de Carvalho).

Irmã diz que não houve tiroteio

A versão da família da vítima é diferente. Vanessa Soares, irmã da vítima ? que estava na casa no momento em que a Maria Eduarda foi morta ? disse aos policiais civis que só havia dois meninos sentados em frente à residência.

? Assim que vi que ela tinha sido atingida, saí de casa gritando: ?Assassinos!?. Os dois policiais estavam ali (no fim de um beco), um agachado e o outro em pé. Quando saí de casa, eles fugiram pelo beco. Não teve confronto. Só ouvi uma rajada ? afirmou Vanessa aos agentes da DH.

No dia da morte, sete crianças estavam na sala para tomar café da manhã quando três balas perdidas entraram no cômodo. Uma delas atingiu no rosto Maria Eduarda, enquanto a menina esperava seu pão com manteiga sentada no sofá. Levada para a UPA de Rocha Miranda, ela não resistiu aos ferimentos.

Primo de Maria Eduarda, Davi Araújo, de 7 anos, levou um tiro de raspão na nuca. O tio da menina, Silvano André da Silva, de 49, ficou com uma bala alojada num dos braços.



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