“Juiz precisa julgar com a razão”, diz Almir Abib Tajra

O sucateamento do Poder Judiciário foi uma das principais causas da criminalidade, segundo entrevistados

Avalie a matéria:
Programa Agora realizou debate sobre a violência em Teresina | Denison Duarte
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Um debate sobre a violência em Teresina e no Piauí foi realizado pelo programa Agora, da Rede Meio Norte, nesta quinta-feira, 20. Foram convidados o juiz da 7ª Vara Criminal, Almir Abib Tajra Filho, o secretário de Segurança, Robert Rios, o representante da Associação dos Subtenentes e Sargentos dos Policiais Militares, Alberto Sena, o representante da Associação dos Oficiais, Major Amorim.

Entre as causas apontadas pelo secretário de Segurança para o problema da criminalidade está o sucateamento do Poder Judiciário. A afirmação, feita por Robert Rios, foi ratificada pelo Juiz, que considera que o poder judiciário precisa fazer a sua parte.

CONFIRA:

Em relação aos julgamentos que culminam na soltura de reincidentes, Dr. Almir Abib foi incisivo ao afirmar que um juiz precisa julgar com a razão. Ele também faz afirmações acerca do cenário de crimes do estado do Piauí e relembra o caso do menino Felipe, de seis anos, morto no bairro Promorar nesta terça-feira, 18. ?O juiz criminal não pode julgar com o coração e sim com a razão. A polícia trabalha muito! Falta o Poder Judiciário fazer a sua parte. Está todo mundo cansando dessa brincadeira. As pessoas são soltas com benevolência. A legislação é branda, é boa demais para marginais. Quem solta não é a justiça e sim o juiz. O poder judiciário está falhando porque não cumpre as suas metas, ele é também Segurança Pública. O marginal solto vai assaltar de novo e praticar roubos e inadivertidamente mata pessoas, como aconteceu com o menino Felipe, do bairro Promorar?, diz o juiz, referindo-se à Justiça Criminal.

Ele considera que o aumento do contingente não é a solução. Não adianta aumentar o contingente de policiais. ?É da índole do homem cometer delitos! Nos países desenvolvidos acontecem crimes e todo lugar têm polícia. A meu ver a impunidade é culpa do judiciário que não cumpre a sua parte. Todos os dias em audiência a gente vê a Polícia, a Justiça trabalhando, mas o poder judiciário não. Os marginais afastados da sociedade não vão praticar novos delitos?, reforça.

Em relação à celeridade dos processos o juiz aponta a importância de novas Varas. ?Teresina tem mais de 1 milhão de habitantes para 11 Varas em Teresina. É um número muito alto de pessoas para a quantidade de Varas que temos. Eu acredito que o Tribunal de Justiça deva aumentar esse número para que os processos sejam julgados com mais celeridades. Nós estamos no limite, enxugando gelo. É a impunidade reinando na sua grandeza. Precisamos urgentemente dessa mudança, pois até maio ou junho teremos uma vara exclusiva para tráfico de drogas?

O secretário de Segurança, Robert Rios, defende a renovação do Poder Judiciário. ?O Poder Judiciário está sucateado! Há juiz que tem mais de 5000 processos para analisar. Criaram regras para que a Justiça não funcione. Num interior percebe-se apenas um juiz. Primeiro temos que dar condições ao Ministério Público.? Após fazer essa afirmação o secretário diz não profetizar, mas aponta que ?nós vamos ter saudades dos dias de hoje. Daqui a dez anos só vamos falar em violência!?

Robert ratifica as afirmações do juiz Almir Abib, ao afirmar que o contingente de policiais não é a maior dificuldade. ?Se fosse possível resolver o problema só com polícia, a gente já tinha resolvido o problema da criminalidade. Eu entendo que alguém vá preso uma vez e vá solto, mas diversas vezes? Nós estamos vivendo dentro de um sistema nojento. A polícia está no limite! Nunca se trabalhou tanto! As leis do Brasil não prestam! A polícia quando erra, paga caro, mas um promotor quando erra não paga nada!?

Ele sugere ainda ao prefeito Firmino Filho a instalação de câmeras em ruas, avenidas e praças de Teresina. ?Nós precisamos que o nosso prefeito coloque câmaras em Teresina?.

Robert cita os avanços do estado na área de Segurança. ?O Piauí era o estado que tinha menos peritos no Brasil e isso foi resolvido, hoje nós temos todo tipo de peritos na área de segurança no Piauí.?

Quanto ao assassinato da criança, de 6 anos, ocorrida nesta terça-feira, 18, no bairro Promorar, o secretário foi incisivo em relação à Justiça. ?Eu admiro o pai do garoto que morreu, mas não perdoo o bandido, assim como, eu não vou perdoar a quem devolver para rua um bandido reincidente.?

Major Amorim considera a importância de trabalhos preventivos, mesmo com efeitos sortidos em longo prazo e aproveita para fazer um apelo ao Senado Federal. ?A gente precisa de um trabalho de prevenção. Se começarmos hoje esse trabalho os efeitos só vão ser sentidos daqui a cinco anos. Fazemos um apelo aos senadores para pormos um fim nesse regime de progressão de pena. Se um marginal pegar 30 anos de cadeia, no dia que ele sair não volta ao crime. A gente só tem essa forma de resolver o problema da violência no Piauí?.

Sargento Alberto Sena, da associação dos Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar, considera que não basta prender. Ele afirma que a educação tem que estar associada à socialização. ? Não basta prender. A gente tem que educar e socializar?.

FOTOS PRODUZIDAS POR DENISON DUARTE



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES