RJ: família de juíza morta cobra justiça: “21 tiros na democracia”

A família da juiza cobra condenação dos 11 envolvidos

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Familiares e amigos da juíza Patrícia Acioli, assassinada com 21 tiros no dia 11 de agosto de 2011 na porta de casa, participaram, na noite deste sábado em Niterói, de um ato público de protesto e em homenagem à sua memória pelo primeiro ano da morte. A mobilização, na praia de Icaraí, contou com o apoio da ONG Rio de Paz, que espalhou cartazes com os dizeres "Mãe, um ano de saudade", e "21 tiros na democracia", em alusão ao número de disparos que atingiram a magistrada, conhecida como linha dura e pelo combate a grupos de extermínio em São Gonçalo e região metropolitana do Rio.

A família cobra condenação dos 11 envolvidos, incluindo o ex-comandante do batalhão de São Gonçalo, Claudio Luiz Oliveira. Todos estão presos e aguardam julgamento. A maioria pode responder a júri popular. O clima era de muita consternação no local. "Alento a gente só vai ter quando conseguir que os 11 bandidos que fizeram isso covardemente com minha irmã sejam presos. É o que a gente espera para fechar esse ciclo. Porque o sofrimento eu sei que vai ficar para sempre", desabafou a irmã de Patrícia, Márcia Acioli.

As duas filhas da juíza, Maria Eduarda, 11 anos, e Ana Clara, 13 anos, participaram do ato, que contou com uma vigília de familiares e amigos, que seguraram velas ao lado de 21 reproduções em papel que simulavam projéteis de arma de fogo. Uma das meninas se emocionou ao chegar ao local do ato público e ouvir na caixa de som a simulação de tiros. "As meninas perderam a mãe. A minha irmã acreditava na justiça e agora a gente quer que ela receba isso, a justiça", cobrou Márcia Acioli.

O advogado Wilson Júnior, ex-marido de Patrícia e que hoje cuida das duas filhas e um terceiro filho deles, de 22 anos, mora na Austrália. Ele também cobra condenação para os 11 policiais. "Se isso não acontecer vai ser um tapa na cara da sociedade. O mínimo que o Estado e a sociedade podem fazer é condenar essas pessoas. Foi uma execução covarde, na porta da casa dela com os filhos em casa. Não dá para entender. Uma das nossas filhas tinha ligado pra Patrícia pedindo se podia esperá-la chegar. A mãe nunca chegou, apenas o barulho dos 21 tiros chegou", desabafou o advogado. "É inimaginável que a sociedade se cale".

O presidente da ONG Rio de Paz Antonio Carlos Costa, um dos organizadores da mobilização em Niterói, lamentou a falta de empenho da sociedade brasileira em casos como o da execução da juíza Patrícia Acioli. "É inimaginável que a sociedade se cale. O que fazemos é quase um trabalho didático. As pessoas não têm a cultura do envolvimento. Olhe, era para essa praia estar lotada", lamenta, observando a praia de Icaraí. No momento do ato público, dezenas de pessoas aproveitavam a orla para jogar vôlei e caminhar, a maioria delas alheia à manifestação.

Antonio Carlos, que encampou a luta da família da juíza Patrícia Acioli desde o dia seguinte ao assassinato, disse que o trabalho feito nesse e em outros casos tem como meta atingir os jovens. "A Patrícia encarou os "profissionais da morte", isso não é coisa para qualquer um. Os jovens têm que aprender a valorizar pessoas como ela".

O caso

A juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, foi assassinada a tiros dentro de seu carro, por volta das 23h30 do dia 11 de agosto, na porta de sua residência em Piratininga, Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, ela foi atacada por homens em duas motos e dois carros. Foram disparados 21 tiros de pistolas calibres 40 e 45, sendo oito diretamente no vidro do motorista.

Patrícia,47 anos, foi a responsável pela prisão de quatro cabos da PM e uma mulher, em setembro de 2010, acusados de integrar um grupo de extermínio de São Gonçalo. Ela estava em uma "lista negra" com 12 nomes possivelmente marcados para a morte, encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, preso em janeiro de 2011 em Guarapari (ES) e considerado o chefe da quadrilha. Familiares relataram que Patrícia já havia sofrido ameaças e teve seu carro metralhado quando era defensora pública.



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