“Deus sempre no controle’, diz esposa em mensagem para Cunha

A esposa, Cláudia Cruz, tentou tranquilizá-lo com mensagens.

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Minutos depois de a maioria dos ministros do STF votar a favor de tornar réu o deputado Eduardo Cunha, sua mulher, a apresentadora Cláudia Cruz, tentou tranquilizá-lo com mensagens de texto. Cunha também trocou torpedos com uma das filhas, Camila, e com seus advogados.

A mulher mandou mensagens religiosas, tentando confortar Cunha. “Calma. Deus sempre no controle. Ele move. Ele põe. Ele tira. Ele faz”, escreveu ela. Depois, pediu: “Confia no senhor mesmo que o vento esteja ao contrário ele não te abandonou (sic)”. A filha perguntou como o pai estava e recebeu como resposta: “Tranq filha (sic)”.

Com os advogados, Cunha ressaltou ter previsto na véspera que o recebimento da denúncia do Ministério Público Federal contra ele seria “parcial”, ou seja, que os ministros fariam restrições à peça do MPF.

Nas entrevistas, Cunha tentou usar a seu favor uma minúcia do voto do ministro Teori Zavascki para argumentar que não poderá ser afastado do cargo. Alegou que, como a Corte não aceitou paralisar o seu processo por ele fazer parte da linha sucessória da Presidência da República, não poderá afastá-lo do cargo usando esse mesmo argumento.

"Passaram muito tempo dizendo que tornando réu tinha que ser afastado. Alegavam até que era o terceiro na linha de sucessão e, por isso, teria que ser afastado. Contestamos na preliminar o mesmo fato: se tem de ser afastado por estar na linha sucessória, ninguém pode, então, ser processado por atos estranhos ao mandato. A rejeição dessa preliminar mostra que não existe razão para afastamento de quem se torna réu. Essa matéria já foi vencida", disse.

Ele acompanhou boa parte do julgamento acompanhado de colegas, mas já estava presidindo os trabalhos na Câmara quando se formou a maioria no STF para torná-lo o primeiro presidente da Casa a virar réu no exercício da função.

Entre os que não o deixaram só ao longo da tarde estavam o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), os peemedebistas Hugo Motta, Carlos Marun e Lúcio Vieira Lima, e os oposicionistas Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Wladimir Costa (SD-PA).

Nas conversas com os aliados, Cunha avaliou que o fato de Teori Zavascki ter rejeitado parte das acusações pode ajudá-lo na tentativa de mostrar que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se excede nas acusações.

"Estou absolutamente tranquilo porque estou com a verdade, estou com a inocência. Eu não tenho nada com que me preocupar. Tornar réu não é sentença de ninguém. Tanto é que já fui réu em 2013 e fui absolvido por unanimidade em 2014. Querer me condenar por ter me tornado réu seria não me dar o direito de um julgamento correto", afirmou, à imprensa.

Para os aliados de Cunha, o revés no STF não provoca uma mudança imediata na correlação de forças na Casa. Eles avaliam que o recebimento da denúncia já estava “precificado” desde que o presidente da Casa foi abandonado por PT e PSDB.

DEBANDADA DE ALIADOS

Apesar disso, alguns manifestam preocupação com o processo no Conselho de Ética. Eles afirmam que, caso o processo de cassação avance, poderá haver uma debandada. Os opositores de Cunha, por sua vez, falam em aumentar a pressão para que ele deixe a função, e em trabalhar para que o Conselho consiga dar celeridade aos trabalhos.

Cunha destacou que ainda fará “muitos recursos” em relação às decisões do colegiado, inclusive contra a de admitir a representação contra ele. Afirmou ter confiança do afastamento do presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PSD-BA), que deu o voto de minerva a favor da admissibilidade. Chamou ainda de “meio golpe” a sessão da noite de terça em que a decisão foi tomada:

"Foi assim um meio golpe. Avisaram aos parlamentares que não ia ter a reunião, os parlamentares foram embora e tentaram fazer de surpresa depois da sessão, foram catando gente em casa para vir aqui correndo porque estão tentando sempre fazer a coisa errada e descumprindo o regimento. Sem contar que não julgou a suspeição dele. Tem uma série de fatores que meus advogados farão os recursos correspondentes".

Ainda que pretenda recorrer da decisão, comemorou o fato de ter sido retirado do processo do Conselho a acusação de ter recebido propina desviada da contratação de navios-sonda da Petrobras. Aos seus pares, ele responderá apenas por ter mentido à CPI da Petrobras ao negar ter contas no exterior. (Colaboraram André Coelho e Letícia Fernandes)



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