Marcus V. Coêlho diz que resultado das urnas devem ser respeitada

O Brasil deverá sair do processo eleitoral, mais uma vez, dividido

Avalie a matéria:
|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

A indicar pelas pesquisas de opinião e pelas manifestações dos principais representantes das tendências políticas mais expressivas do país, o Brasil deverá sair do processo eleitoral, mais uma vez, dividido.

É preciso, então, que as lideranças políticas, apoiadores e eleitores, respeitem ao resultado das urnas. É preciso que se comprometam, sem meias palavras, a trabalhar em favor do país, respeitando os princípios constitucionais que orientam o desenvolvimento de nossa sociedade.

Cabe relembrar o didático exemplo do ex-vice-presidente dos EUA Al Gore que, no ano 2000, disputou e perdeu a eleição presidencial por diferença mínima. Mas ele admitiu de pronto a derrota, assim que a Suprema Corte decidiu sobre a questão. Uma atitude em nome da moderação e da estabilidade política, sem colocar em questão a lisura do processo. No ano passado, ao ser derrotada por Emmanuel Macron nas eleições francesas, a candidata da extrema direita Marine Le Pen parabenizou o adversário no discurso feito após o resultado ser conhecido. Ao perder para Donald Trump, em 2016, Hillary Clinton constatou que os EUA estavam divididos, desejou sucesso ao oponente e pediu que ele governasse para todos os americanos.

Vencedor e vencido devem se respeitar, de modo que todos continuem a contribuir, como governo ou oposição, para o aprimoramento da democracia. Trata-se, em suma, de respeitar a Constituição e zelar pela harmonia e independência entre os Poderes, sem que nenhum braço do Estado invada ou tente usurpar a competências dos demais. É o futuro do país que está em jogo. Não há espaço para aventuras autoritárias, quaisquer que sejam suas origens e orientações ideológicas.

Neste 5 de outubro, a promulgação da Constituição completará 30 anos. A Carta representa uma conquista da cidadania, na medida em que estipulou os direitos e as garantias individuais e também as obrigações dos cidadãos. Foi cumprindo a Constituição que o Brasil enfrentou e superou momentos de crise.

Os erros do passado demonstram cabalmente que todos os órgãos e instituições devem cumprir seu papel específico, sua missão constitucional, sem ceder à tentação de ir além de suas atribuições. Rompantes voluntaristas de imposição, tutela, ameaça velada ou direta entre e contra as instituições da República pouco têm a contribuir para a superação deste já delicado momento.

O Brasil está, lamentavelmente, cindido e descrente daquele que é o melhor recurso para a solução de problemas em uma democracia: o diálogo. Preocupantes declarações de representantes de diversos grupos, da esquerda à direita, demonstram flagrante incompreensão sobre o significado dos valores republicanos. É certo que o atual momento do país favorece a criação de falsas polêmicas e a defesa de causas que, na realidade, revelam-se vazias de conteúdo e sentido.

O País precisa, então, de mais pontes e menos muros, de mais respeito e mais tolerância, de um passo decidido na direção do interesse coletivo. O único lado possível para todas as instituições republicanas é o lado da cidadania e do respeito à ordem democrática, o lado de todos nós brasileiros.

*Marcus Vinicius Furtado Coêlho, doutor em direito, foi presidente nacional da OAB de 2013 a 2016 e é o atual presidente da Comissão Constitucional da OAB



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES