Rejeição entre as mulheres pode atrapalhar Bolsonaro no 2º turno

Mulheres estão planejando manifestação no país contra o candidato

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Líder nas pesquisas de opinião na disputa pela Presidência, o candidato Jair Bolsonaro (PSL/RJ) enfrenta resistência do eleitorado feminino. O índice de rejeição ao capitão da reserva do Exército subiu a 50% entre elas, mesmo internado após ser esfaqueado em 6 de setembro.

Reações nas redes sociais desencadearam o movimento #elenao, com mulheres planejando manifestação em todo o país contra o candidato em 29 de setembro.

A rejeição das mulheres é embalada por declarações e atos polêmicos de Bolsonaro, que já xingou uma deputada de "vagabunda", acrescentando uma frase que chocou grande parte do eleitorado feminino por dizer que ela "não merecia ser estuprada", destratou uma jornalista que o entrevistava chamando-a de "ignorante" e "idiota"; além de dizer que os homens "fraquejaram" ao ter filhas, e não ver problema na diferença salarial entre homens e mulheres.

A ira contra o presidenciável ganhou novo combustível na última segunda-feira, quando seu vice, o general Hamilton Mourão, disse que famílias pobres .lideradas por mães e avós e sem pais e avôs são "fábricas de desajustados". Declaração esta que tirou do sério até Bolsonaro que, internado no hospital, desautorizou o companheiro de chapa, num gesto de aproximação com o eleitorado feminino.

Responsáveis pela campanha de Jair Bolsonaro se abstiveram de comentar.

De acordo com pesquisa Ibope publicada esta semana, 50% das mulheres não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro. Entre os homens, a rejeição é de 33%..

Nas ruas da capital do país é possível identificar essa indignação. "Tenho dó de mulheres que votam no Bolsonaro, elas não têm a menor consciência de vida. Têm aquela velha mente machista", diz a estudante Stefani Martins, 27.

Um grupo criado no Facebook pela publicitária Ludimilla Teixeira, 36 anos, chamado Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, foi hackeado no fim de semana passado, por criticar o líder nas pesquisas. Ao ser restabelecido, nesta semana, saltou de 1 milhão para 3 milhões de seguidoras.  "A ideia do grupo foi de Ludimilla, mas a luta é coletiva. A página foi hackeada porque perceberam a força da união feminina.  Temos o direito de nos manifestar contra um candidato machista e preconceituoso", disse Ludimilla, em entrevista à Bloomberg.

As mulheres, além de serem maioria do eleitorado, 52,3%, também são as que mais comparecem às urnas, o que pode, em um segundo 2º turno, dificultar uma eventual vitória de Bolsonaro. "Nenhum candidato teve nas eleições uma disparidade tão grande entre homens e mulheres como Bolsonaro neste ano.

Este abismo é uma grande barreira para ele", analisa o cientista político Jairo Nicolau, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.  "Além da disparidade que já existe, as mulheres estão se mobilizando e esses movimentos têm capilaridade", complementa.

Em resposta aos movimentos contra Bolsonaro, mulheres favoráveis ao candidato redobraram esforços em sua defesa. A advogada e professora de Direito da USP Janaina Paschoal, que foi uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), relativiza o perfil polêmico do candidato. "Ele é uma pessoa muito contundente e isso nem sempre é compreendido. Existe uma má vontade dos formadores de opinião para com ele", afirma.

Paschoal avalia que o país enfrenta aumento da criminalidade e da corrupção e que este é o foco das eleições deste ano. "O que as mulheres preferem: um candidato mais ríspido e a garantia da sequência do processo  de depuração do país, ou um candidato supostamente gentil e o PT de volta? As opções estão postas.".

A advogada brasiliense Andreia Clemente, 35 anos, aumenta o coro pró-Bolsonaro. Diz que concorda com sua plataforma, de defesa da disciplina, educação e combate à corrupção. "Não enxergo as falas dele contra as mulheres e acredito que o mais importante é o que fala sobre criminalidade, bandidos, violência, educação, saúde, corrupção", afirma.



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