Quem ganha na guerra Rússia x Ucrânia? por José Osmando de Araújo

Grandes potências têm interesse em manter conflitos armados porque lucram com a indústria de armas

Avalie a matéria:
Guerra entre Rússia e Ucrânia é lucrativa para a industria armamentista | GETTY IMAGES
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Por José Osmando Araújo 

Na sua passagem pela cúpula do G7, realizada este final de semana no Japão, o Presidente Lula fez duras críticas aos países ricos e relacionou o protecionismo posto em prática por eles como responsável pelo enfraquecimento do comércio global e a paralisação de organismos multilaterais, como a OMC ( Organização Mundial  do Comércio) e a ONU, acusando-os também de  estimularem abertamente a existência de conflitos armados em várias partes do planeta, especialmente essa última tragédia, em vigor, entre Ucrânia e Rússia.  

Lula pontuou, especificamente, que o endividamento externo de muitos países, que vitimou o Brasil no passado e hoje assola a Argentina, é causa de desigualdade gritante e crescente, e requer do Fundo Monetário Internacional um tratamento que considere as consequências sociais das políticas de ajuste.  

Quanto à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, ele reiterou sua posição de que ambos os países são culpados pelo conflito armado, reforçando sua crítica às maiores potências econômicas da Europa, e Estados Unidos, pelo estímulo que oferecem na materialização desses confrontos. E voltou a defender o fim das agressões e o restabelecimento da paz.  

PREGANDO NO DESERTO 

Mas parece que o Presidente Lula está pregando no deserto, diante de visível constatação de que um país como o Brasil, não fazendo parte do grupo de superpotências econômicas, não teria o direito de opinar sobre paz e o fim de guerras descabidas. Pregar o fim de uma guerra insana e querer a prevalência da paz não parece ser um direito e um dever que quem anseia por um mundo melhor. Essa é a lógica da política dominante. 

Não está distante, porém, a explicação para esse raciocínio assombroso de que a guerra parece ser melhor do que a paz. Mais de um ano após a Rússia ter invadido a Ucrânia e aí ter-se iniciado a guerra, obtém-se a certeza que nenhum dos dois países envolvidos no conflito está ganhando alguma coisa com isso. Quem ganha fortemente é a indústria armamentista.  

CONSUMO DE ARMAS

As dez maiores companhias de armas e munições dos Estados Unidos apresentaram um crescimento de 7,5% apenas no último trimestre de 2022. O próprio Ministério da Defesa da Ucrânia atesta que o país consome cerca de 400 mil projéteis de artilharia, como balas de fuzil e metralhadoras, por mês, o que representa uma média superior a 13 mil munições por dia. Só os Estados Unidos enviaram a Kiev um milhão de projéteis de 155 mm, o que, em tempos de paz, significaria a produção de cinco anos.  

NAÇÕES SE ARMARAM

Esse armamentismo disparado não ficou apenas com os dois protagonistas principais da guerra. De acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz, de Estocolmo, as importações europeias de armamentos cresceram 92% em 2022, pois diversas outras nações da Europa correram para se armar, por princípio de precaução de defesa. A Ucrânia, em guerra direta, teve um aumento armamentista de 6.700%, comprando 68 vezes mais do que fizera em 2021.E a vizinha Polônia aumentou suas compras em 764%. 

Vê-se, assim, quem ganha com as guerras. Daí o interesse das grandes potências em manter conflitos armados entre países sobre os quais têm domínio. Esquecem, porém, que essas práticas podem colocar a Rússia no canto da parede, dando motivação ao Vladimir Putin de optar por ataques nucleares, com chances de se iniciar a Terceira Guerra Mundial. 

Aí, quem sabe, vão compreender que Lula tinha razão em pregar a paz.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES