Pesquisa encomendada pela Academia Piauiense de Letras (APL) e realizada pelo Instituto Amostragem, com apoio do Sistema Meio Norte de Comunicação, aponta que 27,9% dos piauienses afirmaram ter o hábito de leitura, somando um público estimado de 687.938 leitores com idade de 16 anos e mais.
A pesquisa ouviu de 2000 pessoas entre homens e mulheres com mais de 16 anos residentes nas zonas rural e urbana de 90 municípios do Piauí no período de 24 a 28 de fevereiro de 2022. A amostra estatística apresenta um nível de confiança de 95% e margem de erro de até 2,1 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Conforme a pesquisa, entre as mulheres, o hábito de ler é maior (30,2%) do que entre os homens (25,4%). Curiosamente, o hábito decresce com a idade, pois atinge 41,4% na faixa de 16 a 24 anos, diminuindo para 34,9% na faixa de 25 a 34 anos, 27,0% na faixa de 35 a 44 anos, 22,5% na faixa de 45 a 59 anos, e de 18,4% na faixa de 60 anos e mais.
Quanto maior grau de instrução, maior número de leitores
Ao contrário, como é de se esperar, o hábito aumenta na medida do grau de instrução: 4,8% para quem apenas lê e escreve; 16,7% entre os que têm ensino fundamental incompleto ou completo; 36,0% entre os que possuem ensino médio incompleto ou completo; de 61,2% entre os que possuem o ensino superior incompleto; e 62,1% entre os que têm ensino superior completo.
Também como esperado, o hábito de leitura cresce em razão da renda familiar dos entrevistados: 26,7% para quem tem renda até R$ 1.212,00; 23,0% para a faixa de R$ 1.212,01 a R$ 2.424,00; 34,9% para a faixa de R$ 2.424,01 a R$ 6.060,00; 41,9% para a faixa de R$ 6.060,01 a R$ 12.120,00; e de 58,3% para a faixa de mais de R$12.120,00.
O hábito de leitura está mais presente entre os moradores da zona urbana (32,0%) do que os da zona rural (19,3%), o que é igualmente um resultado esperado.
Biografias e romance são os gêneros preferidos
Ao fazer análise dos dados, o professor e economista Felipe Mendes diz que os gêneros Biografia e Romance são os preferidos e estão praticamente empatados. Segundo dados, 24,7% leem biografia e 24,0% preferem romance. Em seguida vem a Poesia (19,5%), o Conto (12,5 %), e a Crônica (12,2%), enquanto Outros Gêneros foram apontados por 48,8% dos entrevistados que disseram ter hábitos de leitura.
Segundo Felipe Mendes, os entrevistados consideraram a Família muito importante (63,3%) e importante (26,2%) para a formação do leitor, ou seja, um apreciável total de 89,4% de todas as respostas. Indiferente (4,8%), pouco importante (4,6%) e sem importância (1,1%) completam as respostas.
Ainda de acordo com a pesquisa, a participação do Professor na formação do hábito de leitura foi considerada muito importante para 75,6% e importante para 21,7%, ou seja, um total significativo de 97,3% para o papel do Professor, restando indiferente (1,1%) e pouco importante (1,6%) na complementação das respostas.
Preço do livro foi considerada a principal dificuldade
O preço do livro foi considerada a principal dificuldade para 33,7% dos entrevistados, em seguida vem a falta de divulgação (22,8%), o desinteresse do entrevistado (19,7%), a dificuldade de acesso à Internet (11,5%) e a qualidade dos livros (3,6%). Outra Razão completa as respostas, com 27,8%, ressalvando-se que à pergunta cabiam respostas múltiplas, daí o total ser superior a 100.
35,4% costumam ler autores piauienses
A pesquisa aponta ainda que 35,4% dos entrevistados costumam ler obras de autores piauienses, somando um público estimado em 244.000 pessoas.
Sobre a quantidade de livros de autores piauienses lidos nos últimos doze meses, a pergunta foi dirigida aos entrevistados que responderam ter costume de ler livros de autores piauienses, para a qual as respostas foram: nenhum livro nos últimos 12 meses (32,8%), um livro (31,8%), dois livros (15,7%), três livros (10,1%) e quatro ou mais livros (9,6%).
Dos entrevistados que costumam ler livros de autores piauienses, 61,6% afirmaram ter tido indicação de Professor.
Divulgação
A pesquisa do Instituto Amostragem aponta ainda que dentre os entrevistados que costumam ler autores piauienses, 34,3% apontaram a divulgação em redes sociais como principal motivo para tomarem conhecimento sobre os livros, depois vem a escola com 28,8%; a divulgação em jornais, sites, rádio e TV (23,2%); a influência de amigos (19,2%); a admiração pelo autor (6,6%); e finalmente outra razão (14,1%).
Entre os entrevistados que costumam ler livros de autores piauienses, 43,4% responderam sim à influência de livro ou autor piauiense sobre sua vida.
APL desenvolve projeto arrojado
O presidente da Academia Piauiense Letras, Zózimo Tavares, disse que há 10 anos, a APL desenvolve um projeto arrojado de publicação de livros. "Já foram publicados 210 livros, sendo 150 edições dentro do Projeto do Centenário e 60 da coleção Século 21 e nesta última incluindo muitos autores novos", diz, enfatizando que o objetivo da Academia é contribuir para o avanço desse cenário de leitores e com dados concretos, contribuir com as instituições para o desenvolvimento de políticas públicas e promover debates para que essa realidade seja conhecida por mais pessoas. "A pesquisa confirma o que imaginávamos", disse.
A preocupação da pesquisa é saber como anda o processo de leitura no Piauí. "Quero agradecer ao Instituto Amostragem pelo trabalho e também ao Sistema Meio Norte, que foi patrocinador dessa pesquisa, ao professor e acadêmico Felipe Mendes que coordenou todos os trabalhos da pesquisa no Piauí", comenta.
Para Zózimo Tavares, a Academia Piauiense de Letras tem interesse de que o hábito de ler cresça em função de maior disponibilidade de livros de autores piauienses, na literatura em geral ou em assuntos do conhecimento técnico e científico. Afinal, a Cultura, como se sabe, é a síntese de todas as atividades criadoras de um povo.
Estudo foi importante para o Amostragem
O estatístico João Batista Teles disse que essa pesquisa é inédita no País. Ele destacou a importância do tamanho da amostra, com 2 mil entrevistas distribuídas proporcionalmente em 90 municípios. "Representa uma amostra superdimensionada, foram quesitos específicos sobre hábitos de leitura e aprofundamentos esse hábito a respeito da literatura piauiense. De modo que a APL está de parabéns e agradecemos ao Sistema Meio Norte que cedeu parte do questionário para fazermos esse tipo de levantamento", disse.
A pesquisa ouviu pessoas das zonas urbanas e rural, um aspecto metodológico bom, pois o Piauí tem uma proporção significativa de pessoas residentes na zona rural. "A gente tem esse indicador e esperamos que daqui a algum tempo possamos renovar esses indicadores. A academia vai fazer ampla divulgação, o professor Felipe Mendes fez análise e vai mandar para instituições interessadas no sentido de incentivar o hábito da leitura do piauiense, principalmente focado nos jovens", disse.
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