Quanto mais exercício, menos remédio, afirma médico psiquiatra

Esporte regular, aliado a uma meta acompanhada de uma recompensa pelo esforço, muitas vezes, pode ser melhor do que medicamentos

Quanto mais exercício, menos remédio, afirma médico psiquiatra | Pixabay
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Durante as quatro décadas em que atuei como médico psiquiatra, minha experiência tem revelado de maneira intuitiva uma conclusão significativa: a prática esportiva está diretamente relacionada à redução da necessidade de intervenções medicamentosas nos casos de dependência química e questões de saúde mental. A afirmação é do médico psiquiatra Arthur Guerra, em sua coluna na Forbes Saúde.

Essa percepção foi se desenvolvendo ao longo das décadas. À medida que aprofundava meus estudos sobre as diversas categorias de medicamentos psiquiátricos, tornava-se cada vez mais claro para mim que uma considerável parcela deles é direcionada à redução da ansiedade e promoção da tranquilidade. Outro conjunto de grande relevância possui propriedades estimulantes, sendo formulados para proporcionar um aumento de ânimo, uma injeção de energia àqueles que se encontram desvitalizados, desmotivados e com dificuldades para se levantar da cama.

Observei que o esporte regular, desde que exija bastante do corpo (tem de nos deixar ofegantes, cansados) – e aliado à presença de uma meta (vou pedalar, correr ou nadar ‘x’ quilômetros, por exemplo) acompanhada de uma recompensa pelo esforço (uma medalha, um registro de participação) é tão bom e, às vezes, até melhor do que um remédio. 

É claro que essa fórmula não se aplica a todas as questões de saúde mental. Uma parcela dos transtornos mentais é grave, exige medicamentos e precisa ser tratada, por vezes, de forma urgente, contundente. Há, porém, um bom número de situações muito comuns, como é o caso da ansiedade, depressões mais leves, problemas com o sono, em que o exercício supre e até supera os benefícios do uso de medicamentos. 

A comunidade científica tem progressivamente acumulado evidências que corroboram minha experiência clínica. Um estudo recentemente publicado na renomada revista médica British Journal of Medicine realizou uma abrangente análise de mais de mil pesquisas, todas voltadas para investigar os impactos da atividade física sobre a depressão, ansiedade e angústia psicológica.

Descobriu o mesmo que venho aplicando há mais de 20 anos: o esporte é uma maneira eficaz de tratar problemas de saúde mental, podendo, inclusive, ser mais eficiente do que medicamentos. Descobriu também que quanto mais intenso é o exercício, mais benefícios para a saúde mental traz. Além, claro, de a prática de atividade física ser barata e ter muito menos efeitos colaterais do que uma droga psiquiátrica. 

Eu vi isso acontecendo comigo mesmo. Desde que comecei a praticar esporte, tenho uma qualidade de sono infinitamente melhor, fiquei mais calmo e muito mais focado para realizar os meus compromissos profissionais. Incorporar a prática de atividade física como parte do tratamento para questões de saúde mental não representa uma mera opção secundária, mas sim um enfoque que merece constante consideração. Diversas organizações médicas internacionais, incluindo as da Suíça, Austrália e Nova Zelândia, têm reconhecido essa abordagem como fundamental. 

Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental. 

(Com informações da Forbes)



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