“Brasil supera a fome e desafio agora é garantir alimentação saudável”, diz ministra

A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Teresa Campello, afirmou em entrevista exclusiva ao JMN que o cadastro do Bolsa Família no Piauí é um dos melhores do Brasil

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Ministra | Reprodução
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A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Teresa Campello, afirmou em entrevista exclusiva ao Jornal Meio Norte que o cadastro do Bolsa Família no Piauí é um dos melhores do Brasil. Isso significa na prática que o programa tem atingido as famílias pobres piauienses e excluído aquelas que não atendem aos requisitos do programa. Campello disse ainda que o Piauí tem um dos melhores acompanhamentos dos requisitos na área educacional e de saúde exigidos pelo Bolsa Família. A ministra fala ainda do próximo desafio do Brasil após sair do Mapa da Fome, que passa a ser o combate a obesidade infantil no País.

Tereza Campello ressaltou que após o Brasil sair do mapa da fome é preciso traçar estratégias de combate à fome, não apenas de caráter nacional, mas voltadas também a grupos específicos como povos indígenas, quilombolas e população de rua. Relatório divulgado no último dia 16, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), aponta que o Brasil cumpriu metas de reduzir a fome, e o problema no país deixou de ser estrutural.

Segundo a FAO, no período de 1990 a 1992, 14,8% dos brasileiros passavam fome. Para o período de 2012 a 2014, o índice brasileiro caiu para 1,7%. Para a FAO, quando o percentual da população subnutrida é inferior a 5%, o problema deixa de ser estrutural.

A ministra avalia que será preciso fortalecer o mecanismo de busca ativa do programa Brasil sem Miséria, não apenas para inserir as pessoas no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal, mas para construir as políticas específicas.

A exemplo do que declarou na divulgação do relatório, Tereza Campello atribuiu a redução da fome no Brasil a fatores como a política de valorização do salário mínimo, o Programa Bolsa Família, o fortalecimento da agricultura familiar e o acesso de 43 milhões de crianças e jovens à merenda escolar.
Jornal Meio Norte – Como o Brasil conseguiu sair do Mapa da Fome e ter esse trabalho reconhecido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)?

Tereza Campello – Há 50 anos a FAO acompanha esse indicador com 119 países, para nossa alegria não só o Brasil saiu do mapa da fome, mas o relatório trouxe um capítulo específico para o Brasil, mostrando o que o país conquistou para sair do Mapa da Fome. O problema da fome é histórico, era tratado como um problema natural, como se a fome fosse parte da nossa história. Tem países do mundo em que a fome acontece porque não tem como produzir comida, o Brasil sempre foi um dos grandes produtores do mundo. O Brasil sempre teve solo e tecnologia disponíveis para alimentar todos os brasileiros, mesmo tento toda essa capacidade uma parcela grande estava subalimentada e muitos passavam fome. O Brasil conseguiu mudar de quadro porque tomou a decisão de priorizar o combate a fome.
Quando deixou de ser aquela coisa envergonhada e foi para o centro da meta. Os pobres foram para o centro da meta no País. Tem que ter meta em área social e essa foi a grande meta que o Brasil estabeleceu. A gente conseguiu construir políticas que atacaram o problema da fome. Não faltava comida, mas faltava acesso. Esse acesso foi garantido aumentando o salário mínimo. A população passou a ter mais renda para comprar comida. Segundo o aumento do emprego formal. 20 milhões de empregos foram criados. Em terceiro o Bolsa Família que deu acesso as famílias de baixa renda para conseguir alimentos. Esses são os três elementos levantados pela FAO.

JMN – Como a comunidade internacional passa a ver o Brasil a partir desse relatório da FAO?

TC – O Brasil tem recebido dezenas de países que vêm aqui conhecer o que o Brasil vem fazendo. O Mapa da Fome era uma marca negativa para o Brasil. Um país produtor de alimentos que tinha fome. A FAO considera que o país supera a fome quando o país tem menos de 5% das pessoas em situação de subalimentação, o Brasil tem apenas 1,7%. Não é que 1,7% da população é faminta. Não aceitamos esse número como de famintos. A gente não ver mais em nenhum lugar as pessoas famintas. As pessoas conseguem comer, esses subalimentados são pessoas que mesmo comendo não tem a quantidade de nutrientes saudáveis suficientes para dizer que ela está bem alimentada. Uma pessoa mesmo tendo Bolsa Família às vezes não conseguem ter as frutas e verduras suficientes para a alimentação.

JMN – Para identificar as pessoas que ainda enfrentam problemas de alimentação estão em grupos específicos e para identificá-las foi criado o Busca Ativa. Quais os números dessa busca no Piauí?

TC – No Piauí são quase 24 mil famílias identificadas. Há populações isoladas e específicas que se encontram em desnutrição, que é o caso de comunidades indígenas e quilombolas isoladas, populações de rua, são alguns grupos que estamos fazendo um trabalho especial. Essas comunidades mesmo com o Bolsa Família não conseguem ter acesso a esses alimentos por estarem longe das cidades. Estamos trabalhando para melhorar a produção nas comunidades sem romper culturalmente a tradição. Estamos dando assistência técnica, distribuindo sementes, instalando cisternas, um conjunto de ações para melhorar a produção.

JMN – Quais os números mais recentes do Bolsa Família no Piauí?
TC – No país temos 14 milhões de famílias e no Piauí são 458 mil famílias recebendo o Bolsa Família e quase R$ 1 bilhão por ano repassados para o programa no Piauí. No caso do Piauí o cadastro é um dos melhores do Brasil. A maior parte da população pobre está no cadastro e quase não tem erro, ou seja, gente que não deveria estar.

Também temos no Piauí um dos melhores indicadores de acompanhamento das crianças, de famílias que mantém crianças na escola. As famílias tem que manter as crianças na escola. No Piauí o acompanhamento é acima da média nacional. No caso da saúde as crianças até seis anos é melhor tanto na saúde como na educação. No Piauí temos um dos melhores exemplos do Brasil no cadastro e no acompanhamento na saúde e educação das crianças beneficiadas. E tem um dado novo. Existem duas maneiras de se medir a desnutrição: o peso e a altura em relação a idade. Quando a criança está com peso baixo para a idade a gente chama de desnutrição aguda, a criança não comeu e perdeu peso. Mas muitas vezes a criança está com o peso bom, mas está desnutrida porque só está comendo coisas que não são saudáveis. Então o indicador de peso não deve ser usado sozinho. A gente está conseguindo mostrar que as crianças do Bolsa Família estão melhor no indicador de desnutrição crônica, as crianças estão ficando mais altas. Esse indicador é importante porque se a criança for submetida a períodos longos sem ser estar alimentada ela não vai crescer o suficiente. Quando ela não cresce suficiente não é só a questão da estatura, na verdade isso é um indicador de que o desenvolvimento dela como um todo é ruim. Que os ossinhos dela não cresceram, que o coraçãozinho não cresceu, e o pior, que o cérebro dela não está se desenvolvendo com todo seu potencial, ou seja, essa criança vai ser prejudicada por não ter comido. Não é só a questão do peso no momento, isso vai impedir que ela seja um adulto com seu completo potencial, então por isso que nossa prioridade são as crianças, então agora a gente está conseguindo medir e essas medidas mostraram que lá em 2008, medimos nossas crianças com cinco anos de idade, e agora estamos medindo todo ano, agora em 2012 essas crianças cresceram quase um centímetro. Isso mostra que a gente está revertendo esse quadro gravíssimo onde as crianças não se desenvolviam de forma suficiente e estamos quase chegando no que é a meta estabelecida pela Organização Mundial de Saúde, isso é uma alegria, uma notícia maravilhosa.

A gente está conquistando essa inversão de um quadro histórico e secular do Nordeste. 60% do Bolsa Família está no Nordeste, e as crianças que tinham o maior déficit de altura do país eram as nordestinas. A desnutrição está revertendo o quadro geral do Brasil e os que mais conseguiram reverter são as do Nordeste.

JMN – Onde ainda é preciso avançar?
TC – Estamos entrando com ações específicas distribuindo doses de Vitamina A, de Sulfato Ferroso, para impedir que as crianças tenham anemia. Na semana que vem vamos anunciar uma política nova em parceria com o Ministério da Saúde. Na terça-feira o ministro Chioro vai anunciar, são ações na área de nutrição. Estamos com toda uma ação na área de alimentação saudável porque o grande desafio do Brasil tendo superado a fome é agora combater a obesidade porque temos que impedir que nossas crianças sejam adultos obesos com vários problemas graves de saúde. O grande desafio do Brasil passa a ser a gente garantir uma alimentação saudável e garantir que nossas crianças comam alimentos saudáveis, frescos, frutas, verduras e legumes.

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