Cinthia Lages

Notícias Direto de Brasília

Adolescente é a primeira piauiense com Down aprovada em Vestibular

História de superação ganha homenagem do pai, o médico Edinaldo Miranda

Maísa: dedicação aos estudos e vitória | divulgação rede social
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Quem é amigo ou seguidor do cirurgião pediátrico Edinaldo Miranda nas redes sociais acompanhou  a história de sua filha e todas as pequenas e grandes conquistas. Neste domingo, Dia Internacional da Síndrome de Down, o pai comemorou a aprovação de Maísa Castelo Branco de Miranda, que completará 18 anos nesta semana, no vestibular para Fisioterapia. “Primeira pessoas do Piauí a passar no vestibular”. Em carta comovente à filha, ele fala de todas as barreiras que ela enfrentou até chegar à Universidade.

“Você é um orgulho para nós, uma menina especial, que nunca teve nenhum privilégio por conta da sua condição genética, pelo contrário, teve que batalhar mais que os outros para vencer as adversidades e dificuldades da vida. Mas nas tuas batalhas sempre teve como armas o amor, a alegria, a dedicação e o vontade de vencer. Quando vezes, ao tentar te tratar diferente, movido pelo instinto paterno, ouví você dizer: pai, eu sou igual a todo mundo, não me faça pagar mico..” conta o pai.

A carta descreve o cuidado com a filha e o acompanhamento da família em relação aos estudos da garota. “Agora, na reta final para o vestibular, quantas vezes fui ao seu quarto de madrugada e você ainda estava lá, estudando e, ao me ver, dizia: nem venha me mandar dormir, o vestibular não é fácil e eu tenho que estudar muito para vencer na vida”, recorda.

O médico segue afirmando que Maísa é um orgulho para os portadores de Síndrome de Down . “Ao passar no vestibular para um área importante, você mostra que são capazes de tudo, de chegar aonde quiserem, aonde desejarem, basta que lhes deem as oportunidades e o apoio necessários” continua.

“Que esta nova etapa seja cheia de sucesso, siga a sua vida. Esta semana, quando brindamos e você pode beber a sua tão desejada primeira taça de vinho, pude reviver tanta coisa que se passou entre aquele distante 27/02/2003, quando te recebi nos meus braços na maternidade até este momento em que te entrego à academia, à universidade. Como disse na tua festa de 15 anos: vá filha, se qualifique e seja feliz. Que as novas amizades sejam para ti um porto seguro como foram as suas amadas amigas e amigos do Instituto Dom Barreto. Que todos te amem e sejam amados, do porteiro à diretoria! Que possam de acolher nas tuas dificuldades, que te ajudem nas tuas necessidades e que se tornem parte da tua vida. Que sejam amadas por você com a intensidade e imensidão do teu amor”.

A dedicação do médico Edinaldo Miranda à filha é ressaltada pelos comentários de apoio no perfil dele.”Parabéns, Maísa, você é vencedora!”, comentou um dos internautas.”orincesa, guerreira, você vai ainda mais longe”, escreveu outra.

Num dos trechos da carta à filha, Miranda lembra o nascimento da primeira filha após oito anos de casamento e fases do crescimento da garota desde o diagnóstico.

“Veio você! Lembramos como hoje, uma quinta – feira à noite... tudo ainda está tão vivo na nossa memória. Sentado ao lado da sua mãe, segurando carinhosamente a sua mão, eu te recebi para o primeiro banho. Você chorou e pude perceber teus traços delicados, rios de suor encharcaram o meu rosto e minhas roupas. Sua mãe, sem nada entender e sem saber ainda, te abraçou, beijou e disse: “seja bem vinda ao nosso mundo de amor, princesa”! Depois, segurou a minha e, percebendo que estava gelada, disse: “eu pari e você está gelado, frio, quase desmaiando? Com um sorriso tímido, te beijamos.

Tanto tempo passou, tantas alegrias, hoje você é uma adolescente maravilhosa, totalmente independente, sempre acima de todas as expectativas e previsões! Nos impressiona a tua vontade de aprender, de estudar, de vencer, a tua determinação em busca dos teus desejos e da felicidade, a maneira alegre como enfrenta as batalhas diárias, sempre com sorrisos, beijos e palavras otimistas.

Nossa vida mudou contigo, Maísa, para muito melhor e mais tranquila que antes. Tocar-te, embalar-te, acariciar-te, verdadeiramente nos entorpece de alegria, de paz, de bem-estar, de orgulho. Teus olhinhos frágeis, flácidos e afáveis, de um verde - azulado encantador e misterioso, irradiam amor e contagiam com ternura, sossego, esperança e saudade de cada momento vivido ao teu lado.

Sem você não saberíamos como saborear a doçura melancólica do tenebroso pôr do sol do nosso amado Piauí, nem a magia da gota de orvalho atraindo os primeiros raios do sol nos nossos jardins. Sem ti não saberíamos encontrar a saída para os ingratos e pequenos infortúnios da vida diária. E a tua mãe e teus irmãos? E os avôs e bisavôs? E teus familiares, loucos por você? E tuas amigas e amigos? Todos hoje precisam da tua alegria, tua inocência, tua bondade e tua complacência para perdoar e enfrentar o dia-a-dia, que muitas vezes é tão duro e cruel.

Continuaremos andando de mãos dadas pelas ruas, parques e praias, na companhia dos seus inseparáveis irmãos, Dante e Gabriel, mas agora, Maísa, você já não é mais só uma menina-adolescente, você é uma universitária , logo será uma profissional com todas as responsabilidades que isto implica, ficou adulta!

Agora, Maísa, vá, siga a sua vida e a sua independência, seja feliz... uma rainha, sem nunca esquecer que te amamos demais e que, para nós, serás sempre uma menininha a três palmos do chão.

Com amor,

Sua família!

Síndrome de Down

Em seu site, o médico Drauzio Varela define a alteração ” Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é uma alteração genética causada por um erro na divisão celular durante a divisão embrionária. Os portadores da síndrome, em vez de dois cromossomos no par 21 (o menor cromossomo humano), possuem três. Não se sabe por que isso acontece”.

Estima-se que no Brasil 1 em cada 700 nascimentos ocorre o caso de trissomia 21, que totaliza em torno de 270 mil pessoas com síndrome de Down. Nos EUA a organização National Down Syndrome Society (NDSS) informa que a taxa de nascimentos é de 1 para cada 691 bebês, sendo em torno de 400 mil pessoas com síndrome de Down. No mundo, a incidência estimada é de 1 em 1 mil nascidos vivos. A cada ano, cerca de 3 a 5 mil crianças nascem com síndrome de Down.



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