Cinthia Lages

Notícias Direto de Brasília

Independência: coração de Dom Pedro é preservado há 187 anos

De heroi a vilão no Brasil, imperador é venerado em Portugal, diz professor piauiense que estuda sua vida

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Daniel Martins no quarto onde Dom Pedro nasceu e morreu | Arquivo pessoal
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Prestes a completar 200 anos, no dia 7 de  Setembro de 2022, o Grito do Ipiranga, transformou o príncipe regente D.Pedro em  heroi nacional. Nove anos depois, quando o imperador abdicou do trono, foi considerado traidor do Brasil e, a partir de então, a trajetória dele para os brasileiros foi  praticamente esquecida. É exatamente este,  o ponto de partida dos estudos do professor piauiense Daniel Martins, em sua  dissertação de Mestrado em História Contemporâneia  pela Universidade do Porto: “denvesndar como um mesmo fato histórico, acusa, relativiza e heróifica o mesmo personagem, dependendo da proximidade e afastmento temporal das abordagens historiográficas e bibliográficas”, explica

Para dedicar-se ao estudo dessa fase da vida de Dom Pedro I ( Dom Pedro IV em Portugal), Martins fez o mesmo que o imperador, em 1831. “Abdicou” do emprego de professor renomado na rede escolar de Teresina, vendeu os bens que tinha, guardou os livreos na casa dos pais e, em 2019, mudou-se, com a mulher, Janyce Ibiapina e os filhos adultos Caius e Dhara (o terceiro, Daniel, é estudante de Engenharia Mecatrônica e ficou no Brasil) . “Não foi uma decisão fácil deixar uma história já construída no nosso país e estado de origem.Para realizar este desejo, foi preciso muita coragem e um “pouco ou muita loucura”, conta Martins, cujo desejo era estar perto da história do seu objeto do estudo e poder usufruir de lugares que ajudem na elaboração da dissertação.

A ausência de escritos sobre o pós-reinado no Brasil reduzem no imaginário, a figura de  Dom Pedro I “Fala-se de sua sexualidade desmedida e de seu gênio impaciente, e a “história” acaba por criar-lhe um estereótipo de monarca complicado e político sem empatia, repleto de diversas mulheres pela corte e fora dela, com muitas amantes (sendo a mais famosa Domitila de Castro – Marquesa de Santos)”, diz o mestrando. É bem verdade que a vida privada do imperador do Brasil causou escândalo em outras Cortes da Europa, à ponto dele encontrar dificuldades de conseguiu um novo  matrimônio pois os nobres não viam com “bons olhos” atitudes  não conservadoras, como o reconhecimento de filhos fora do casamento.

Rei Soldado

“Pouco se percebe sobre este personagem da história do Brasil e de Portugal, considerando ser de personalidade instável, mas que se dispôs a morrer por uma causa, diz. Após deixar o Brasil em 1831, Dom Pedro passaria os três anos seguintes em conflitos contra seu irmão D.Miguel, até recuperaa o trono em favor da sua filha Maria da Glória, que nasceu no  Brasil e  viria a ser rainha de Portugal com o título de Maria II.  

Para Martins, a guerra entre os irmãos foi fundamental para a história de Portugal ao definir, em certo sentido, “a vitória do liberalismo sobre o absolutismo em Portugal, em consonoância com o que já havia acontecido no restante da Europa, e isto se dá de forma efetiva”.

Para ele, Dom Pedro “participou de forma marcante da história de duas nações, deixando marcas históricas inquestionáveis, que sem dúvidas lhe atribuem o título de rei soldado” As sucessivas vitórias de Pedro IV nas batalhas que travou em defesa do trono, passaram-se em Porto, que, por isso, recebeu a alcunha de “Cidade Invicta”

O coração de Dom Pedro

Uma das histórias mais curiosas à respeito do imperador diz respeito ao testamento dele. Dom Pedro morreu em Porto, no dia 24 de setembro de 1834, aos 36 anos de idade, vítima de tuberculose. O filho de Dom João VI nasceu no dia 12 de outubro de 1798, no Palácio de Queluz, em Sintra. Um dos seus desejos era de que seu coração fosse doado à cidade A viúva, Dona Amélia, determinou que o coração fosse guardado em um escrínio (uma espécie de vaso e o entregou-o ao ajudante de campo do rei que veio de Lisboa para o Porto num navio, quando em 1835, “em procissão da Ribeira para a Lapa” e “toda a cidade esteve presente”, diz o historiador português Ribeiro da Silva. Depois, o coração foi levado para a Igreja da Lapa onde, ainda hoje, é mantido, sob forte segurança. A cada dez anos, o órgão é retirado para que seja feita a manutenção com uma mistura de formol. A cerimônia de retirada é acompanhada pelo presidente da Câmara e seis ajudantes, responsáveis pelo ritual de retirada. A última vez que ela ocorreu foi em 2015.

O campo de estudos de Martins já levou defensores da Monarquia no Brasil a confundir o papel de estudioso com o de ativista da causa “a minha ideia não é defender ou favorecer qualquer sistema político. A concepção identificar, analisar, reinterpretar e até entender que D.Pedro I após deixar o Brasil “, esclarece o historiador que, a partir do segundo semestre, irá ministrar aulas nas escolas de Porto.



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