Direto da China

Experiências de Rany Veloso direto da China

China critica os EUA ao anunciar oito metas para a Nova Rota da Seda

Xi Jinping diz que está do lado correto da história e que se opõe a sanções econômicas unilaterais

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Por Rany Veloso

O principal evento do ano para o governo chinês saiu como o planejado.

Durante seu discurso no Fórum Internacional que comemorou os 10 anos do Cinturão e Rota ou Nova Rota da Seda, Xi Jinping foi objetivo ao dizer que a China está do lado certo da história, categórico ao criticar indiretamente os EUA por sanções econômicas unilaterais e assertivo ao anunciar 8 novas metas, dentre acordo de livre comércio, para o maior programa de investimentos do país.

E isso tudo ocorre quando o PIB  do terceiro trimestre cresceu 4,9% em relação ao mesmo período do ano passado e agora, para economistas, fica mais palpável atingir a meta de 5% de crescimento do PIB anual. Recentemente, as notícias eram de desaceleração da economia e crise de desemprego entre os jovens.

"Encarar o desenvolvimento dos outros como uma ameaça ou tratar a interdependência econômica como um risco não vai melhorar a sua própria vida nem acelerar o seu desenvolvimento (...) O confronto ideológico, a rivalidade geopolítica e a política de bloco não são uma escolha para nós”, disse Xi ao se posicionar contra à coerção econômica, à dissociação e interrupção da cadeia de suprimentos.  

Para uma plateia com 25 líderes mundiais, delegações ou representantes de 152 países e jornalistas, o presidente chinês repetiu várias vezes que o Cinturão e Rota é uma cooperação econômica para os países em desenvolvimento.

A estratégia é ser uma opção da política do multilateralismo com um modelo alternativo aos EUA. 

“A China está se esforçando para se transformar em um país mais forte e rejuvenescer a nação chinesa em todas as frentes. A modernização que procuramos não é apenas para a China, mas para todos os países em desenvolvimento por meio de esforços conjuntos. 

ANFITRIÃO E CONVIDADO DE HONRA IGNORAM AS GUERRAS

Convidado de honra, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, elogiou a iniciativa de Xi Jinping parabenizando pelos acertos que eram dúvidas quando lançados há 10 anos. E adiantou o que pretende fazer como próximo presidente do BRICS ao citar projetos de aproximação econômica entre Europa e Ásia também por uma nova ferrovia que deve ligar o Ártico ao Sul da Ásia. 

Mas nem Xi nem Putin falaram sobre as guerras da Rússia e Ucrânia (desde fevereiro do ano passado); e a mais recente entre Israel e Hamas. 

Somente no fim do dia, quando os dois participaram de um encontro reservado, Putin disse ao final que trataram detalhadamente sobre as guerras e um "trabalho conjunto com as organizações internacionais".

"Catástrofe", foi assim que Putin adjetivou o ataque a um hospital na Faixa de Gaza nesta terça quando mais de 500 morreram. Na sua opinião, isso deve acelerar a negociação para o fim do conflito, mas não falou sobre possibilidade de desfecho do confronto em seu próprio país. Duas pessoas morreram após um ataque com mísseis russos em Zaporizhzhia, na Ucrânia, nesta quarta (18). 

No início da reunião, a TV estatal chinesa transmitiu a fala de Xi, que reafirmou a parceria "sem limites" com Putin. Ele disse que a confiança política entre os dois países está se aprofundando continuamente  em uma "coordenação estratégica próxima e eficaz". 

A agenda girou também em torno do comércio bilateral. Xi Jinping disse que "o volume [do comércio bilateral] atingiu uma máxima histórica, que está avançando em direção à meta de US$ 200 bilhões estabelecida pelas duas partes".

Putin afirmou que Pequim e Moscou estão perto de fechar um outro acordo de cooperação.

NÚMEROS DO CINTURÃO E ROTA

De acordo com o presidente chinês, somente no Fórum Empresarial do evento os acordos somaram US$ 97,2 bilhões. E anunciou ¥ 350 bilhões para financiamento de projetos e mais ¥ 80 bilhões para o Fundo da Rota da Seda.

O Cinturão e Rota investiu cerca de US$ 1 trilhão na última década, em projetos de infraestrutura, energia e tecnologia em mais de 140 países, a maioria do Sul Global. Isso rendeu aos cofres da China US$ 2 trilhões em contratos e uma dívida desses países de US$ 300 bilhões. Fato que faz a China avançar na influência geopolítica, pois soma "favores".

As novas 8 metas têm como objetivo aumentar a conectividade e o comércio explorando várias áreas como a ciênica e tecnologia, inteligência artificial, economia digital. Xi também quer se voltar ao desenvolvimento "verde" sustentável, turismo e uma "rota da seda de comércio eletrônico".

Uma novidade é o secretariado para o Cinturão e Rota. Pesquisadores vêem como um ponto de avanço até para resolver a questão das críticas sobre corrupção, uma vez que teoricamente com o órgão as informações devem ficar mais transparentes. 

O presidente também anunciou a remoção total das restrições ao investimento estrangeiro na indústria chinesa.

SECRETÁRIO-GERAL DA ONU FOI O ÚNICO A FALAR SOBRE A GUERRA  

Antônio Guterres reservou um espaço da sua fala para apelar pelo fim da guerra entre Israel e Hamas. Reconheceu o sofrimento dos palestinos com uma ocupação há mais de 50 anos, mas condenou tanto os ataques terroristas quanto o "troco de Israel", e pediu um cessar fogo até para a passagem de civis.

“Estou plenamente consciente das profundas queixas do povo palestino após 56 anos de ocupação, mas por mais graves que sejam essas queixas, elas não podem justificar os atos de terror contra civis cometidos pelo Hamas em 7 de outubro [que] imediatamente condenei”. 

"Mas aqueles ataques não podem justificar a punição coletiva do povo palestino. Estou horrorizado com as centenas de pessoas mortas em nosso hospital em Gaza, por um ataque que condeno fortemente. Peço um cessar-fogo humanitário imediato."   

Guterres começou falando da infraestrutura como caminho para a globalização do sistema financeiro e elogiando o Cinturão e Rota que pode fazer esse movimento.

Mas também cobrou dos líderes mundiais esforços para baixar a temperatura mundial em 1 grau e meio, zerar a emissão de carbono e alcançar a transformação energética para que seja possível alcançar o desenvolvimento sustentável. 



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