Rany Veloso

Coluna da jornalista Rany Veloso, direto de Brasília

Lula diz que não esqueceu da promessa da “picanha e cervejinha”

Presidente não está preocupado com a queda na avaliação do governo, fez críticas ao Banco Central e diz que não viu ato de Bolsonaro porque estava fotografando MCMV do João-de-barro

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Por Rany Veloso

Durante café da manhã com jornalistas, nesta terça-feira (23), no Palácio do Planalto, Lula falou de economia, relação com o Congresso, manifestação a favor de Bolsonaro, eleições na Venezuela à greve.

Em resposta à coluna, disse não estar preocupado com a avaliação negativa do governo neste momento e lembra que não esqueceu das promessas de campanha da "picanha e cervejinha", além da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

"Eu sei que nós estamos plantando o desenvolvimento, geração de emprego, melhoria das condições salariais, melhoria do salário mínimo e tudo isso está acontecendo. Você pensa que eu esqueci da cervejinha e da picanha. Eu não esqueci e falo até hoje. O preço da carne já baixou e tem que baixar mais", disparou

Pelo segundo dia consecutivo, Lula disse que o Brasil vai crescer neste ano mais que as projeções econômicas, como as do ano passado, quando o FMI estimou o PIB (Produto Interno Bruto) em 0,9% e o resultado foi de 2,9%. 

RELAÇÃO COM O PRESIDENTE DA CÂMARA E CONGRESSO NACIONAL 

Em meio a dificuldades na relação do governo com o Congresso, Lula se encontrou com o presidente da Câmara, Arthur Lira, no último domingo, mas quando questionado também pela coluna não quis revelar o teor da conversa.

“Como é conversa entre dois seres humanos, eu peço a vocês que não sou obrigado a dizer a conversa que eu tive com Lira”, respondeu.

E afirmou que não dá para viver em uma "eterna briga" com o Legislativo, onde reconhece que tem minoria, mas fez questão de destacar que todos os projetos do governo foram aprovados até agora.

“A gente não vai viver em uma eterna briga. Porque se você optar pela briga não aprova nada, o país é prejudicado, vamos conviver com todo mundo (...) Eu sinceramente não acho que a gente tenha problema no Congresso. A gente tem situações que são as coisas normais da política. Vamos só lembrar um número. Nós temos 513 deputados e meu partido só tem 70. Nós temos 81 senadores e o meu partido só tem 9". 

E relacionou a importância de um bom relacionamento com um Congresso empoderado, que decide sobre o orçamento.

"Quem aprova o orçamento da União são eles, quem aprova os projetos de lei são eles. Então é o governo que precisa ter cuidado em manter a relação mais civilizada possível tanto com a Câmara quanto com o Senado".

Lira chamou recentemente o ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha, o responsável pela articulação dos projetos do governo no Congresso, de "desafeto pessoal" e "incompetente", mas Padilha disse que o caso já está superado. Mesmo assim, Lula teve que entrar em campo e em reservado tratar com Arthur Lira sobre os seus incômodos para com o governo, que demitiu na última semana o seu primo do Incra de Alagoas.

Vale lembrar que há muito tempo, líderes do Centrão estão de olho em cargos estratégicos na Esplanada, mesmo assim hoje Lula descartou Reforma Ministerial.

Lula também deve se encontrar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ainda nesta semana, para tratar da pauta da casa, que começa a discutir hoje a PEC do Quinquênio, que aumenta o salário dos juízes e promotores em 5% a cada 5 anos e pode gerar um impacto nas contas públicas de até R$ 42 bilhões por ano.

VETOS DO PRESIDENTE DEVEM SER DERRUBADOS

Amanhã, na sessão do Congresso Nacional a expectativa é de derrubada de ao menos dois vetos emblemáticos. Ao da lei que acaba com as saidinhas temporárias dos presos e ao corte de R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão.

Lula diz que faz parte do jogo derrubarem os vetos presidenciais. "Se o Congresso derrubar o veto é um problema do Congresso". E argumentou que a "questão da família é uma coisa muito sagrada".

Lula vetou parcialmente a lei permitindo que os presos do regime semiaberto que não cometeram crimes hediondos, como homicídio, sob violência ou grave ameaça visitem a família.

REUNIÃO PARA ESTRATÉGIAS DE COMBATE A EXTREMA DIREITA

Em contato com o presidente da Espanha, Pedro Sanchez, e da França, Emmanuel Macron, Lula quer estratégias para combater a extrema direita no mundo. A reunião deve acontecer antes da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).

ELEIÇÕES VENEZUELA: "A OPOSIÇÃO TODA SE UNIU"

Lula disse que se o Brasil for convidado vai participar das eleições na Venezuela e destacou a união da oposição como algo "extraordinário".

"Está acontecendo uma coisa extraordinária, a oposição toda se uniu, está lançando candidato único, vai ter eleições".

E reforçou: "quem perdeu se prepare para as outras eleições", ao esperar que a Venezuela "volte à normalidade" sem as sanções econômicas dos EUA.

SEM CITAR BOLSONARO DIZ QUE NÃO VIU MANIFESTAÇÃO DO DOMINGO: "ESTAVA FOTOGRAFANDO O MCMV DO JOÃO-DE-BARRO"

Lula negou ter visto ato a favor de Bolsonaro no último domingo (21), em Copacabana no Rio de Janeiro. "Eu não vi o ato porque eu tava fotografando o Minha Casa Minha Vida do João-de-Barro (...) não me preocupa os atos dos fascistas".

LULA COMENTA SOBRE EDUARDO CUNHA ARTICULANDO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

O presidente também comentou sobre o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, articulando a votação sobre prisão do deputado Brazão, acusado de mandar matar Marielle Franco: "acho normal. Ele tá solto, quem é político nunca deixa de ser político (...) Ele tinha que saber que o poder que ele tinha ele jogou no lixo"

Cunha foi preso no âmbito da operação Lava-Jato e condenado a cerca de 16 anos por corrupção passíva e lavagem de dinheiro, mas o STF (Supremo Tribunal Federal) anulou a condenação.

CRÍTICA AO PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL: "EU GOSTO MAIS DO BRASIL DO QUE DO MERCADO"

Lula diz que vai ter que aguentar Roberto Campos Neto até o fim do ano: "quem já conviveu com Roberto Campos 1 ano e 4 meses não tem nenhum problema em conviver mais 6 meses" e faz críticas: "eu gosto mais do Brasil do que do mercado".

O presidente avalia que é o mercado quem ganha dinheiro com a alta taxa de juros e questiona se o setor reclamou do rombo, segundo ele, de R$ 300 bilhões do governo Bolsonaro em prol das eleições de 2022 com desoneração e isenção fiscal e outras medidas. "E vocês viram o mercado falar alguma coisa? Não falou".  

"Esse país não pode todo dia ficar tomando susto que o mercando não gostou disso, não gostou daquilo. O mercado tá ganhando é muito dinheiro com essa taxa de juros. Isso tem que ficar claro para a sociedade. E o presidente do Banco Central tem que saber que quem perde dinheiro com essa taxa de juros alta é o povo brasileiro", disparou.

 

GREVE

Questionado sobre as paralisações, Lula diz que ninguém será punido por fazer greve: "eu nasci fazendo greve", mas diz que governo só pode dar o que pode.

"A gente tá fazendo muito concurso, a gente quer fazer uma remuneração das carreiras".

Mais de 20 universidades e institutos federais estão em greve cobrando reajuste salarial e reestruturação das carreiras.



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