Rany Veloso

Coluna da jornalista Rany Veloso, direto de Brasília

Marcos Pereira: “presidente da Câmara não pode ser subserviente”

Por blog Direto de Brasília

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Marcos Pereira, deputado federal e presidente nacional do Republicanos |
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Por Rany Veloso 

Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos, 1º vice-presidente da Câmara até nesta segunda-feira (01) de eleição e aliado de Jair Bolsonaro pelo Centrão. O deputado federal pelo estado de São Paulo concedeu uma entrevista exclusiva ao blog falando sobre a sua relação com Rodrigo Maia e com o presidente da República. Esclareceu porque saiu do bloco de Maia, ainda durante a formação, e agora apoia Arthur Lira. Para ele, o novo presidente da Câmara não pode ser subserviente ao Palácio do Planalto, que assim como ele não é e faz as críticas ao governo, quando necessário, por isso ele acredita que Arthur Lira, se eleiro, não cederá as influências do governo. Pereira também falou que no momento não há clima para impeachment porque o povo não está pedindo e nem se manifestando fortemente sobre a possibilidade.

Blog - Por que o senhor defende a volta das votações presenciais no Congresso?

Marcos Pereira - Nós estamos há quase um ano fazendo votações remotas e já me manifestei a favor do retorno das votações presenciais. É óbvio que enquanto não houver uma vacinação em massa nós não poderemos voltar como era antes. Qunado eu defendo a volta presencial com alguns regramentos, por exemplo, deputados e deputadas que são do grupo de risco, que têm comorbidades, que têm problemas de saúde e outros crônicos não devem participar presencialmente. O plenário foi construído para 300 e poucos deputados e não 513. Quando temos 513 alí fica hiper, super lotado. Então eu defendo que haja acessos limitados ao plenário e uma regra que a nova mesa diretora da Câmara, a partir do dia 1º de fevereiro, poderá definir quem poderia ter acesso ao plenário. Nem todos os assessores, nem todos os deputados. Seria uma volta gradual e não total.

Blog -  Quais as pautas urgentes no retorno do trabalho no Congresso?

Marcos Pereira - O primeiro tema urgente de ser tratado é instalar a comissão mista de orçamento e votar o orçamento no país, que hoje está sem orçamento e assim fica praticamente impossível de administrar as contas públicas sem um orçamento aprovado pelo Congresso. Então o mais urgnte de todas é votar o orçamento que não foi possível votar ano passado pela falta de instalação da CMO (Comissão Mista de Orçamento). Depois nós temos as reformas, que por um acordo que está sendo desenhado pelos prováveis futuros presidentes do Senado e da Câmara, a PEC Emergencial, que deve ficar no Senado, e a PEC da Reforma Administrativa que deve ser votada pela Câmara e também a reforma principal de todas, a Reforma Tributária. Esses são temas cruciais.

Blog -  Qual o melhor candidato à presidência da Câmara?

Marcos Pereira - O Arthur é o melhor candidato primeiro porque a gente percebe durante a campanha que foi feita, o Arthur esteve com os deputados dos 26 estados e do Distrito Federal, o outro candidato, pelo que li na imprensa, só esteve em 12 estados. A candidatura do Arthur está posta há mais tempo. Ele é um candidato que é considerado um bom articulador, um político que cumpre compromissos, que quando dá a sua palavra cumpre, que tem previsibilidade, está com propostas boas para a Câmara, por isso eu acho que a candidatura dele é a melhor e a mais viável e por isso nós estamos, eu e meu partido, apoiando.

Blog - O Republicanos vai ficar com algum cargo na mesa diretora da Câmara?

Marcos Pereira - O partido não vai ficar com a primeira vice-presidência porque houve um acordo pretérito, o PL declarou apoio ao Arthur Lira antes de nós e portanto teve a precedência na escolha da primeira vice até porque é  um partido que tem uma quantidade de deputados maior que a nossa. Mas a depender da formação dos blocos, nós ficaremos com uma das secretarias.

Blog - Como é o seu relacionamento com o até então presidente da Câmara? Teve algum atrito no processo de escolha do nome do candidato à presidência da Casa apoiado por ele? 

Marcos Pereira - O meu relacionamento com Rodrigo Maia é muito bom. Nesta última semana estive com ele batendo um papo por mais de uma hora sobre diversos assuntos da política nacional, mas eu disse para ele que entraria no jogo para jogar o jogo e não num jogo jogado. E em algum momento da articulações percebi que havia um veto velado a minha pessoa e uma preferência por outros candidatos, inclusive, a atuação do presidente para os outros candidatos e por isso então eu decidi não seguir no bloco e apoiar Arthur Lira, mas isso não arranhou a minha relação com o presidente, eu entendi que isso é coisa da politica, é tanto que conversei recentemente com ele sobre a conjuntura atual e futura do país.

Blog - O senhor acha que a sua proximidade com o presidente Bolsonaro atrapalhou um alinhamento ao bloco de Maia, de quem o senhor é atualmente o 1º vice-presidente na Câmara, ou até mesmo a escolha do seu nome como candidato? 

Marcos Pereira - Pode ter acontecido sim, porque sempre que se discutia o assunto eles colocavam um único "se não" a minha pessoa, que nem era nem a minha pessoa, era ao meu partido, pelo fato de ter dois filhos do presidente filiados ao partido.

Blog - E com o presidente da República, como está a sua relação? Republicanos segue com Bolsonaro?

Marcos Pereira - A minha relaçao com o presidente é boa, ela sempre foi uma relação boa, uma relação harmônica. Obviamente não é uma relação de subserviência, é uma relação de parceria, de ser aliado e não ser alienado, digamos assim, porque nas vezes que preciso criticar o faço porque tenho que também dar satisfação aos meus eleitores e manter a independência dos poderes. Recentemente a última crítica que diz, não ao presidente, mas ao governo, foi quando a Ford anunciou a saída do Brasil, por exemplo, eu como ex-ministro de Indústria e Comércio Exterior não poderia ficar silente daquela situação. Então sempre que preciso e sempre que acho que o governo precisa, de acordo com minhas convicções, obviamente, fazer alguns ajustes eu faço as críticas não só ao presidente ou aos ministros, mas até muitas das vezes em público, mas a relação é muito boa e o partido tem atuado para ajudar nas Reformas que são importantes para o Brasil e que são promovidas, ou que são, pelo menos, estimuladas pelo governo.   

Blog - Muito se fala que Arthur Lira é o candidato apoiado pelo presidente Bolsonaro, que até assumiu articulação a favor dele. O senhor acha que Arthur Lira, se eleito, pode ceder às vontades do governo?  

Marcos Pereira - Qualquer presidente que sentar da mesa diretora que sentar na cadeira da presidência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal não pode ceder a pressões ou apelos do presidente da República sem que haja uma diálogo harmônico, mas não pode ser subserviente, tem que haver independência, porque senão há uma inconstitucionalidade, como também se não houver harmonia há uma inconstitucionalidade. A gente tem sempre que preservar a independência entre os poderes mais a harmonia. O presidente da Câmara não é subordinado ao presidente da República, o presidente da República não é subordinado ao presidente da Câmara e nem do Supremo. Tem que haver independência entre os poderes, cada um cumprindo o seu papel constitucional em harmonia, portanto eu acho que o Arthur vai atuar com independência mais harmonia, o que não aconteceu nesses últimos dois anos. Houve independência, mas houve desarmonia.

Blog - Há clima de impeachment? O impedimento pode ser descartado com Arthur Lira?

Marcos Pereira - Eu não diria que seria descartado nem pelo Arthur nem pelo candidato adversário. O principal candidato, porque na verdade são 8 candidatos a presidência da Câmara. Mas nós temos dois ai que tem maiores  chances, o Baleia Rossi e o Arthur Lira. Tanto um quanto o outro estão dizendo que esse é um tema que tem que ser analisado com certa cautela, com um certo cuidado. Não se faz impeachment todo dia, toda hora. Só se faz impeachment se tiver dois componentes: um jurídico, e esse é um tanto quanto mais fácil de você procurar e achar. O Direito é passivo de várias interpretações; e o político, que é na verdade o povo na rua. Não tem povo pedindo. Aí alguém vai dizer: não tem povo pedindo por causa da pandemia. Não, não é só por causa disso, porque as pessoas hoje têm outras formas de se manifestar: panelaços, carreatas, maifestação nas rede sociais diretamente dos deputados pedindo ou defendendo aquilo que elas querem ou acreditam. E eu não estou vendo isso nem nas minhas redes sociais, nem na rua, nas carreatas que fizeram aí, e nem, muito menos, passeatas ou movimentos pró-impeachment. Então não tem componenete político, pelo menos por hora, para impeachment.



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