Rany Veloso

Coluna da jornalista Rany Veloso, direto de Brasília

Witzel abandona CPI, mas diz que voltará sob segredo de justiça

O ex-governador do Rio de Janeiro sofreu impeachment por desvios da saúde na pandemia e diz que foi perseguido por Bolsonaro

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Por Rany Veloso

Ao ver que viraria uma sessão de agressões, Wilson Witzel, munido de um Habeas Corpus, abandonou a CPI da Pandemia após discutir com o senador Jorginho Melo (PL-SC), que o chamou de leviano porque foi cassado, se referindo ao impeachment que o ex-governador do Rio de Janeiro sofreu em abril deste ano.

"Na medida em que começa haver ofensas, da forma como o senador que dirigiu a mim, de forma ofensiva, de forma leviana, até mesmo chula. Infelizmente, eu não posso continuar. Estou aqui para ser respeitado e respeitar. Até o momento que nós estávamos conduzindo a sessão de forma civilizada, eu continuei. A partir do momento que ela se tornou uma sessão de fundamentos como tem acontecido nas redes sociais, eu entendi e os advogados também entenderam que seria o melhor encerrar porque tudo que tinha que ser falado já foi falado", explicou Witzel.

Antes, também houve bate-boca com Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), quando interrompeu a fala do depoente, que por sua vez pediu respeito e chamou o senador de "mimado". Vale lembrar que nas eleições de 2018 os dois fizeram uma dobradinha. Na discussão, os senadores do G7 viram uma tentativa de intimidação. Nas redes sociais, o filho do presidente chamou Witzel de "arregão".

"E quando ele percebeu que o bicho ia pegar, que ele ia responder as perguntas mais clássicas, não aquelas combinadinhas, como tava acontecendo com o com o relator, senador Renan Calheiros. Isso me indignou, porque ele [Calheiros] fazia perguntas que não tinha nada a ver com a CPI. Vários tentam atacar o presidente Bolsonaro e me indigna porque é um senador que responde a 17 processos no Supremo", dispara Flávio Bolsonaro na expectativa de que  haja outros depoimento com governadores e representantes.

Durante o curto depoimento, Witzel aproveitou o palanque da CPI para se defender das denúncias de lavagem de dinheiro e corrupção na pandemia e dizer que foi perseguido por Bolsonaro após prisão dos executores da vereadora Marielle Franco. "A polícia chegou aos dois que moravam no mesmo condômíno do presidente, a partir daquele momento o presidente não falou mais comigo".

O ex-governador culpou Bolsonaro pela omissão na condução da crise sanitária e a falta de diálogo com os governadores. Ele acredita que o atraso na aprovação do auxílio emergencial e as consecutivas mudanças no ministério da Saúde prejudicaram a ação dos estados.

Nem todas as informações que Witzel diz ter foram compartilhadas e por isso a CPI vai ouví-lo em novo depoimento, mas em sessão reservada. O ex-governador disse que sofre risco de vida e que a milícia está por trás da máfia da Saúde no Rio de Janeiro. Para ele, a CPI vai chegar à conclusão de que Bolsonaro sabotou o controle da pandemia para culpar os governadores.

"O presidente não atendeu os governadores, nós fizemos várias cartas [ao presidente] pra que ele nos atendesse. Então, você percebe que foi uma construção de ações negacionistas, omissões, para desestruturar, desestabilizar os governos do estado, colocar a população contra os governadores para provocar algum tipo de movimento social, algum tipo de situação que pudesse levar, inclusive, a um estado policialista. Isso estava em andamento. Nós estamos, hoje, vivendo uma situação com um tanto quanto dificuldade pros governadores. E a CPI pode esclarecer isso pra que nós tenhamos, definitivamente, a verdade de que os governadores foram perseguidos, são perseguidos", afirma Witzel.

Antes do depoimento, novos requerimentos de convocações e quebras de sigilo foram aprovados, dentre eles, o do empresário Carlos Wizard, que deveria prestar depoimento nesta quinta-feira (17), mas alegou estar nos EUA acompanhando familiar em tratamento médico. Ele recorreu sobre a quebra de sigilo telefônico e telemático aprovada antes da fiscal e bancária, aprovada hoje, mas a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, negou o pedido.



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