Memória

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Avião brasileiro faz pouso forçado ao chegar a Paris e 123 morrem

Era o voo Varig 820 da empresa aérea brasileira Varig, que partiu do Aeroporto Internacional de Galeão, no Rio de Janeiro, com destino a Londres, Inglaterra e uma escala no Aeroporto de Orly, em Paris, França.

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No dia 11 de julho de 1973, um acidente aéreo de enormes proporções, com um avião comercial do Brasil, causou a morte de 123 pessoas, incluindo o cantor Angostinho dos Santos, à época de enorme popularidade, e o senador Felinto Muller, que era o presidente do Senado brasileiro.

Era o voo Varig 820 da empresa aérea brasileira Varig, que partiu do Aeroporto Internacional de Galeão, no Rio de Janeiro, com destino a Londres, Inglaterra e uma escala no Aeroporto de Orly, em Paris, França.

O avião, um Boeing 707 prefixo PP-VJZ, realizou um pouso de emergência sobre uma plantação de cebolas, a cerca de quatro quilômetros do aeroporto francês, devido à fumaça existente dentro da cabine, provocada por um incêndio iniciado num dos banheiros do fundo do avião. O incêndio, a fumaça e a aterrissagem forçada resultaram em 123 mortes, com apenas onze sobreviventes (dez tripulantes e um passageiro).

A tragédia começou quando um incêndio se iniciou no toalete, poucos minutos antes da chegada à escala. O avião já se encontrava em procedimentos de descida, com todos os passageiros em seus assentos presos pelos cintos de segurança, quando a fumaça começou a tomar a aeronave. Membros da tripulação tentaram conter o incêndio que principiava no fundo do avião, na área dos banheiros, mas não conseguiram encontrar uma maneira de apagá-lo. A aterrissagem de emergência foi feita a pouco mais de um quilômetro da pista de Orly, num campo de cebolas da vila de Saulx-les-Chartreux, ao sul de Paris.

Os pilotos não conseguiam ver nada através da fumaça que invadiu a cabine e perderam a comunicação com a torre de comando do aeroporto. Quando a aeronave realizou o pouso de emergência, a maioria das pessoas a bordo já havia morrido, intoxicada pela inalação da fumaça. Apenas um passageiro sobreviveu — Ricardo Trajano, de 21 anos, que se recusou a atender a ordem dos comissários de ficar sentado preso pelo cinto e pousou sentado no chão e agarrado na porta da cabine, enquanto a maior parte da tripulação deixou o avião pela saída de emergência da cabine do piloto. O comandante do voo, Gilberto Araújo da Silva, que sobreviveu à tragédia, desapareceria seis anos depois, em 1979, enquanto comandava outro voo, de carga, sobre o Oceano Pacífico, na rota Tóquio–Los Angeles–Rio de Janeiro.

Entre as vítimas fatais estavam personalidades como o cantor Agostinho dos Santos, a atriz e socialite Regina Lecléry, o iatista Jörg Bruder, o senador Filinto Müller, então presidente do Senado Federal, e os jornalistas Júlio Delamare e Antônio Carlos Scavone.

Todos os sobreviventes escaparam com ferimentos, de queimaduras a fraturas pelo corpo, provocadas pelo pouso forçado no terreno irregular, incluindo o 1º oficial Antônio Fuzimoto — responsável pelo comando nos momentos finais e pelo pouso no campo, por completa impossibilidade de visão do comandante Gilberto Araújo — com fratura exposta no braço.

O passageiro sobrevivente

O jovem Ricardo Trajano, de 1,90 metro de altura, que viajou sozinho na fileira 27 do avião, espalhado nas três cadeiras da penúltima fileira da classe turística, foi o único sobrevivente da tragédia entre os passageiros (dos dezessete tripulantes, sete morreram). Salvou-se por sair do lugar e ficar sentado perto da cabine de comando, respirando menos fumaça na área próxima do tapete do corredor. Ele conseguiu chegar ao pouso respirando gases tóxicos desmaiado e inconsciente, mas vivo, enquanto as pessoas morriam à sua volta, paralisadas em suas poltronas pelo monóxido de carbono da fumaça negra que envolveu todo o interior da aeronave em minutos. Ricardo foi retirado desmaiado e agonizando do avião, pelo primeiro bombeiro francês que chegou ao local, Jean-Marc Veron, oito minutos após o pouso forçado, que conseguiu abrir a porta principal do avião, encontrando um corpo caído encostado nela. Parte do seu corpo estava queimada porque após o pouso o teto do avião desabou em fogo sobre o interior da aeronave.

Um ano após a tragédia do voo RG-820, já recuperado depois de passar dois meses internado no Hospital da Beneficência Portuguesa, no Rio de Janeiro, transladado de maca de Paris num voo especial da Varig, Ricardo Trajano entrou numa loja da Varig no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, e dirigiu-se à surpresa atendente do balcão de passagens dizendo: "No ano passado comprei uma passagem para Londres, mas o avião caiu e eu não cheguei lá. Acho que tenho direito a outra." A solicitação foi atendida.



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