Memória

Coluna sobre fatos históricos, acontecimentos e pessoas que marcaram a história da humanidade

Chernobyl, que teve o maior acidente nuclear da história, volta aos russos

Um dos primeiros locais a serem ocupados pelo Exército russo, foi exatamente a usina nuclear de Chernobyl, que voltou ao seu comando

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Na madrugada de 26 de Abril de 1986, aconteceu o acidente de Chernobyl, na Ucrânia, o maior desastre nuclear da história.Iniciou-se às 1h23min47s, portanto na madrugada. Esse acidente aconteceu no reator 4 da usina de Chernobyl e foi resultado de falha humana, uma vez que os operadores do reator descumpriram diversos itens dos protocolos de segurança. Além disso, foi apontado posteriormente que os reatores RBMK (usados em Chernobyl e em outras usinas soviéticas) tinham um grave erro no seu projeto, o qual permitiu que o acidente acontecesse.

Tudo ocorreu durante um teste de segurança que estava em curso e resultou na explosão do reator 4. Com a explosão, dois trabalhadores da usina foram mortos e, na sequência, um incêndio no reator 4 iniciou-se e estendeu-se durante dias. A explosão deixou o reator nuclear exposto, e o incêndio foi responsável por jogar na atmosfera uma elevada quantidade de material radioativo.

O vento levou o material radioativo lançado na atmosfera, principalmente para o oeste e norte de Pripyat, e a radiação espalhou-se pelo mundo. Rapidamente, foram identificados altos níveis de radiação em locais como Polônia, Áustria, Suécia, Bielorrússia e até locais muito distantes, como Reino Unido, Estados Unidos e Canadá.

Chernobyl, que teve o maior acidente nuclear da história, volta aos russos - Foto: Reprodução

Os primeiros a alertarem a comunidade internacional de que algo havia acontecido na União Soviética foram os suecos. Os questionamentos realizados ao governo soviético levaram-no a admitir que o acidente havia acontecido no dia 28 de abril. Até então, os soviéticos trataram de esconder o que havia acontecido, temendo os impactos disso para a reputação do país.

Como funcionava a usina de Chernobyl?

O princípio básico de funcionamento da usina de Chernobyl era similar ao das demais usinas nucleares: o reator, local onde são armazenados os combustíveis físseis, faz com que a energia emitida pela fissão de elementos instáveis, como urânio ou plutônio, aqueça e evapore água pura a cerca de 270 ºC. Essa água é mantida sob altas pressões e, por isso, quando liberada, tem força suficiente para movimentar um conjunto de turbinas conectadas a um gerador. Os geradores, por sua vez, são como grandes ímãs e ficam envolvidos em uma enorme quantidade de bobinas condutoras. A produção de energia elétrica acontece de acordo com o fenômeno chamado de indução eletromagnética: enquanto o gerador estiver em rotação, haverá geração de corrente elétrica.

A usina de Chernobyl era equipada com quatro reatores nucleares RBMK-1000, capazes de gerar cerca de 1000 MW de energia elétrica cada. Na época do desastre, a usina de Chernobyl produzia aproximadamente 10% de toda a energia elétrica consumida pela Ucrânia. Além disso, Chernobyl foi a terceira usina nuclear produzida pela União Soviética a utilizar os reatores RBMK, produzidos por uma tecnologia ultrapassada, criada cerca de 30 anos antes da data do acidente.

Chernobyl, que teve o maior acidente nuclear da história, volta aos russos - Foto: Reprodução

No interior dos reatores nucleares, havia centenas de pastilhas de urânio-235. Essas pastilhas estavam dispostas em compridas varetas metálicas, as quais estavam mergulhadas em um tanque de água pura (destilada), usado para regular o processo de fissão nuclear. Todo o reator era recoberto por uma grande e espessa armadura de grafite.

Os quatro reatores usados na usina de Chernobyl foram construídos entre 1970 e 1977 e usavam a grafite como moderador das reações nucleares. A moderação consistia em desacelerar os nêutrons emitidos pelas fissões nucleares, tornando-os nêutrons térmicos, de modo que a energia emitida por eles fosse transferida para a grafite em forma de calor. Ao entrar em contato com as paredes de grafite, a água também absorve calor e evapora de forma controlada.

Hoje, entretanto, conhecemos um grave problema relacionado a esse tipo de reator: eles não são muito seguros quando operam em baixas potências. Em regimes de baixas potências, a grafite acaba moderando uma quantidade excessiva de nêutrons, liberando muito calor. Com isso, a fração de vapor de água no interior do reator aumenta significativamente, bem como a sua pressão interna. Como o vapor de água não é tão eficiente quanto a água em estado líquido para refrigerar as células de combustível, a reação em cadeia é acelerada até que não seja mais possível moderá-la.

Além das peculiaridades dos reatores que utilizam a grafite como moderador, os reatores de Chernobyl careciam de um dispositivo de segurança crucial para evitar o vazamento de material nuclear: uma cúpula de contenção de aço e concreto.

Causas do desastre

O desastre de Chernobyl foi ocasionado por uma sucessão de erros humanos e violações de procedimentos de segurança. No dia 25 de abril de 1986, durante um desligamento de rotina, os técnicos da usina realizaram um teste no reator Chernobyl 4. O teste consistia em determinar quanto tempo as turbinas eram capazes de girar após uma queda abrupta de energia. O teste em questão já havia sido executado no ano anterior, quando se percebeu que as turbinas haviam parado muito rapidamente. Para resolver isso, novos dispositivos foram instalados ao longo do ano e precisavam de testes.

Chernobyl, que teve o maior acidente nuclear da história, volta aos russos - Foto: Reprodução

O operador da usina cometeu alguns erros cruciais durante o experimento, como a desativação do mecanismo de desligamento automático do reator e o desligamento de quatro das oito bombas de água que o refrigeravam. Quando o operador percebeu o estado em que o reator encontrava-se, já era muito tarde. A reação nuclear já estava extremamente instável, e a quantidade de energia que ele produzia já ultrapassava 100 vezes a sua potência usual.

Os técnicos da usina decidiram que era necessário bombear gás xenônio para o interior das varetas que continham as pastilhas com cerca de 210 toneladas de urânio-235, já que esse gás tem a capacidade de absorver os nêutrons emitidos pela fissão nuclear. A instalabilidade do reator tornou impossível o controle da fissão exclusivamente pelo uso do xenônio. Dessa forma, hastes contendo o elemento boro foram inseridas manualmente, para frear a emissão de nêutrons, porém, quando inseridas, as hastes expeliram certo volume de água do reator, consequentemente, a água restante sobreaqueceu e evaporou, expandindo-se violentamente."

Agora, em guerra com a Rússia já há 57 dias, a Ucrânia viu as tropas russas ocuparem seu território. E um dos primeiros locais a serem ocupados pelo Exército russo, foi exatamente a usina nuclear de Chernobyl, que voltou ao seu comando. A ocupação se deu logo no início da guerras, em 24 de Fevereiro.

Tropas russas assumiram o controle da usina de Chernobyl, local onde ocorreu o pior desastre nuclear da história décadas atrás, durante o primeiro dia de sua invasão ao território ucraniano.

A tomada da região no norte da Ucrânia ocorreu logo na quinta-feira (24), no primeiro da invasão russa ao território ucraniano.



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