Memória

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Há 30 anos Brasil perdia Nara Leão, ícone da Bossa-Nova

Nascida em Vitória (ES), Nara foi ainda criança para o Rio de Janeiro com a sua família, onde foi morar na zona sul, junto com a sua irmã, Danuza Leão

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 No dia 7 de junho de 1989 o câncer tirou a vida de uma das maiores intérpretes e compositoras da música brasileira, a memorável Nara Leão, um dos maiores ícones do movimento musical da década de 60, que ficou conhecido como Bossa-Nova.  Faleceu na Casa de Saúde São José, Rio de Janeiro, depois de um intensa e dolorosa luta contra a doença. 

São decorridos, portanto, nesta data, 30 anos da perda irreparável para a música brasileira dessa que se transformou em verdadeiro símbolo do melhor período da música nacional.

Nascida em Vitória (ES), Nara foi ainda criança para o Rio de Janeiro com a sua família, onde foi morar na zona sul, junto com a sua irmã, Danuza Leão, que mais tarde também se destacaria como modelo e jornalista. Nara Leão foi uma das primeiras cantoras consagradas a apoiar a Tropicália, outro movimento musical que revelou grandes nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Foi também ao cantar 'A Banda', de Chico Buarque, que Nara ganhou o 2° Festival de Música Popular Brasileira. 

Cantora com visão de produtora, Nara lançou vários compositores e inúmeras músicas ganharam fama em sua voz como "Pedro Pedreiro", "Olê Olá" (ambas de Chico Buarque), "Maria Moita" (Carlos Lyra / Vinicius), "Corisco" (Sergio Ricardo/ Glauber Rocha), "Esse Mundo É Meu" (Sergio Ricardo), "Maria Joana", "Pede Passagem" (Sidney Miller), "Recado" (Casquinha/ Paulinho da Viola), "Coisas do Mundo, Minha Nega" (Paulinho da Viola), "João e Maria" (Sivuca / Chico Buarque), "Com Açúcar, com Afeto" (Chico Buarque), "Apanhei-te Cavaquinho" (Ernesto Nazareth / Nara Leão), além de praticamente todos os clássicos da bossa nova. Após um tempo no exílio na Itália e na França, onde permaneceu casada com o cineasta Cacá Diegues e teve sua primeira filha, Isabel, Nara retornou ao Brasil, onde teve o seu segundo filho, Francisco. Nesta fase, dedicou-se quase que exclusivamente à maternidade e foi estudar psicologia.

 Extremamente tímida em sua infância, Nara desistiu de aprender o acordeom, instrumento da moda na época, para se dedicar ao violão, que acabou se tornando o companheiro de toda a sua vida. Um de seus primeiros namorados foi Roberto Menescal, ao qual apresentou o ritmo que estava encantando os Estados Unidos, o jazz.  Entediados com as músicas que estavam sendo feitas no país, Nara e seus amigos começaram a se reunir em sua casa para buscar ritmos diferentes e fazer uma nova música. Estava então definido o ponto de encontro de artistas como Ronaldo Bôscoli e João Gilberto, que, juntamente com outros grandes nomes da música brasileira, criou a bossa-nova. Nara Leão tornou-se a musa daqueles rapazes que queriam fazer músicas com poesias.

  Com o aumento do interesse pelo novo ritmo, as apresentações nos apartamentos ficaram pequenas para o crescente público e, assim, começaram as apresentações em universidades e boates. Em sua estréia em um desses grandes shows, Nara ficou tão nervosa que se apresentou de costas para o público.  Noiva do cantor e compositor Ronaldo Bôscoli, Nara rompeu com o músico após saber que o mesmo tivera um caso durante uma viagem pela América do Sul com a cantora Maysa. A sua estréia profissional aconteceu com o musical de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, 'Pobre Menina Rica'. Apesar da superprodução, o espetáculo não fez o sucesso esperado.  O sucesso da garota da zona sul chegou com o lançamento do seu primeiro disco, em 1964, onde a cantora surpreendeu com o resgate de músicas de sambistas como Cartola e Nelson Cavaquinho, e de músicas engajadas, fugindo da temática da bossa-nova, que só tratava de temas como o sorriso, o amor e o mar. 

 A cantora foi a estrela do show Opinião, ao lado de João do Vale e Zé Kéti, um dos mais aclamados da MPB. Só teve que sair por problemas de saúde, escolhendo a cantora Maria Bethânia para ficar em seu lugar. Logo depois, estreou o espetáculo 'Liberdade, Liberdade', que foi censurado após pouco tempo em cartaz. A menina tímida, que tinha medo do palco, tornou-se uma mulher com opiniões firmes e contestadoras, chegando a fazer ofensas aos militares em pleno regime militar. 

"Os militares podem entender de canhão ou de metralhadora, mas não 'pescam' nada de política", disse a cantora em uma entrevista em 1966. Apesar de o então presidente, Arthur da Costa e Silva, querer enquadrá-la na Lei de Segurança Nacional, uma legião de intelectuais saiu em sua defesa, entre eles o poeta Carlos Drummond de Andrade. Nara Leão retomou aos poucos a sua carreira cantando com amigos e fazendo shows por todo mundo, principalmente no Japão, onde tinha um público cativo. Aos 47 anos, na manhã de 7 de junho de 1989, Nara morreu devido a um tumor inoperável no cérebro.



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