Memória

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Morte do líder negro Martin Luther King abalou o mundo há 51 anos

Luther King se notabilizou pela luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos

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Foi no dia 4 de abril de 1968, hoje decorridos 51 anos, que o mundo foi abalado com o brutal assassinato do incontestável líder do movimento dos direitos civis e das causas da população negra nos Estados Unidos, Martin Luther King. Pastor da Igreja Batista, Luther King se notabilizou pela luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos, vítimas históricos de leis de segregação racial vigentes naquele país.

Liderou movimentos populares sem precedentes na história dos Estados Unidos, chamando a atenção do mundo para o processo vigente de preconceito, descriminação e violência contra a população negra, sempre inspirado na luta heróica que outro líder negro, Nelson Mandela, desenvolveu na África do Sul.

Luther King foi, antes de sua morte, vítima de dois outros atentados, conseguindo por pouco escapar da morte. O líder negro, que tanto se engajou pela igualdade de direitos nos Estados Unidos nas décadas de 1950 e 1960, nem completou 40 anos de idade. Sua morte ocorreu quando acabara de completar 39 anos.

Luther King foi morto por um disparo de arma de fogo quando se encontrava na sacada de um hotel em Memphis. O autor do disparo, dizia-se à época, teria motivos supostamente racistas. Em dezembro de 1999, no entanto, um processo civil no Estado do Tennessee chegou à conclusão de que sua morte foi planejada por membros da máfia e do governo norte-americano.

Martin Luther King Jr. nasceu em Atlanta em 15 de janeiro de 1929, segundo dos três filhos do casal Martin Luther King, Sr. e de Alberta Williams King. Desde cedo frequentou a igreja Batista, onde se tornou pastor e um ativista contra a segregação racial nos EUA.

As leis de segregação racial existentes em vários estados dos EUA até os anos 1960 pregavam, por exemplo, a existência de lugares proibidos para negros – desde determinadas escolas até lugares no transporte público. Por isto, foi de grande importância, um verdadeiro simbolismo histórico, a atitude de Rosa Parks, que, em 1º. de dezembro de 1955 recusou-se a ceder o lugar em que se sentava em um ônibus a um passageiro branco, em Montgomery, mesmo não estando em uma área definida como reservada aos brancos. Este ato deu início ao movimento de negras e negros contra esta segregação, que contou com a participação de Luther King e isto se espraiou para os EUA.

Uma das causas da luta de Martin Luther King era a de que os negros pudessem ter direito ao voto. Nessa luta, ele assim se expressava: “Não ficaremos satisfeitos enquanto um só negro do Mississipi não puder votar ou um negro de Nova York acreditar que não tem razão para votar.”

Acreditava ele que, à medida que negros não podiam votar, não eram cidadãos nem eleitores e, portanto, suas demandas nunca eram consideradas pelos poderes instituídos. A condição de não eleitor inclusive impedia que negras e negros pudessem participar de júris populares, fazendo com que brancos julgassem réus negros e rés negras segundo suas próprias vontades e preconceitos.

A opção de luta feita pelas organizações dirigidas por Martin Luther King eram baseadas na tática da desobediência civil e da não violência. Para ele, as ações reativas não violentas às repressões violentas dos racistas gerariam uma opinião pública favorável às demandas dos direitos civis da população negra. As várias marchas lideradas por King pelo direito ao voto e contra as leis segregacionistas atraíram multidões, foram apoiadas por ativistas não negros simpáticos à causa e, de fato, ganharam apoio nacional.

Apesar dessa posição pacifista, Martin Luther King foi intensamente perseguido pelas forças de segurança dos EUA, chegando a ser considerado “comunista” pelo FBI e seu dirigente, J. Edgar Hoover. O programa idealizado por Hoover chamado COINTELPRO teve em Luther King um dos principais alvos. Por isto, as organizações das marchas pelos direitos civis eram vigiadas por espiões do FBI que, não raro, infiltrava agentes seus nas reuniões.

Uma das marchas mais famosas lideradas por Martin Luther King foi a ocorrida em 25 de março de 1965, no estado do Alabama, entre as cidades de Selma e Montgomery, capital do estado. A marcha ocorreu após duas tentativas, uma primeira em 7 de março, interrompida por uma intervenção violenta da polícia que não deixou os manifestantes atravessarem a ponte de Pettus, na entrada da cidade de Montgomery. Depois, nova tentativa em 9 de março, que foi interrompida pelo próprio Luther King ao perceber que havia uma coluna de policiais militares prontos para reprimir os manifestantes assim que atravessassem a ponte de Pettus. Após intensas negociações com o então presidente da República, Lindon Johnson, a marcha consegue chegar à capital. O sucesso dessa marcha inspirou o ativista Stokely Carmichael, futuro líder do Partido dos Panteras Negras, a criar a expressão Black Power (Poder Negro).

Havia uma nítida estratégia política em Martin Luther King: centrar nos direitos civis e no direito ao voto da população negra. Com isto argumentava que as bandeiras do movimento eram democráticas, mostrando que a sua não concessão era um absurdo em uma nação que se propugnava como a grande pátria democrática. A sua famosa frase “Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela cor de sua pele”, sintetiza uma perspectiva liberal-democrática que, pela força das mobilizações, foi paulatinamente sendo incorporada ao ordenamento político dos EUA, particularmente após a aprovação da Lei dos Direitos Civis em 1964 e da Lei dos Direitos Eleitorais em 1965.



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