Memória

Coluna sobre fatos históricos, acontecimentos e pessoas que marcaram a história da humanidade

Vídeos de Ariano Suassuna seguem esbanjando sabedoria e fazendo rir

Escritor morreu no dia 23 de julho de 2014 em Recife

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No dia 23 de julho de 2014, hoje decorridos cinco anos, faleceu em Recife, vítima de complicações causadas por um AVC hemorrágico, o escritor Ariano Suassuna (1927- 2014). Autor de "O Auto da Compadecida", sua obra-prima, que adaptada para a televisão e para o cinema, Ariano deixou uma obra que reúne, além da capacidade imaginativa, seus conhecimentos sobre o folclore nordestino. Foi poeta, romancista, ensaísta, dramaturgo, professor e advogado. Em 1989, foi eleito para a cadeira nº 32 da Academia Brasileira de Letras. Em 1993, foi eleito para a cadeira nº 18 da Academia Pernambucana de Letra e em 2000, ocupou a cadeira nº 35 da Academia Paraibana de Letras.

Um dos traços marcantes da personalidade de Ariano Suassuna, além da sabedoria que acumulou e que passava às pessoas sobre várias vertentes da literatura e da arte, era o humor genuíno, picante, contagiante, que ele passava nas suas palestras, entrevistas e inúmeros documementários gravados ao longo de sua edificante vida pública.

Cinco anos após sua morte, os diversos vídeos de entrevistas, palestras e das chamadas “aulas-espetáculos”, que Ariano protagonizou ao longo de sua vida seguem espanjando sabedoria e fazendo as pessoas rirem muito, tal a forma, muitas vezes escrachada, com que se comunicava com o público. Avesso aos estrangeirismos acolhidos pela língua portuguesa, em vários campos, sobretudo na imprensa, Ariano tinha posições cômicas em suas palestras. Não admitia, por exemplo, que uma apresentação fosse considerada “show” - por ser um estrangeirismo -, daí ter criado “aulas-espetáculos”.

Em 1995, Ariano assume assume a Secretaria Estadual de Cultura, no governo de Miguel Arraes. Uma das decisões que tomou como parte de seu programa de atuação, foi instituir as “aulas-espetáculos”, que se tornaram um projeto de governo para difundir no Estado e no Brasil a cultura Pernambucana. Ariano recebia inúmeros convites para realizar "aulas-espetáculos" em várias partes do país onde, com seu estilo próprio e seus "causos" imaginativos, deixava o público encantado.

Ariano voltou, em 2007, a assumir a Secretaria Especial de Cultura do Estado, convidado por Eduardo Campos. No segundo mandato do governador, Ariano passa a integrar a Assessoria Especial do governo de Pernambuco.

Ariano Vilar Suassuna (1927-2014) nasceu no Palácio da Redenção, na cidade de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital da Paraíba, em 16 de junho de 1927. Filho de João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna, na época, governador da Paraíba, e de Rita de Cássia Dantas Villar foi o oitavo dos nove filhos do casal. Passou os primeiros anos de sua infância na fazenda Acahuan, no município de Sousa, no sertão do Estado.

Durante a Revolução de 1930, seu pai, ex-governador da Paraíba e então deputado federal, foi assassinado por motivos políticos, no Rio de Janeiro. Em 1933, a família muda-se para Taperoá, no sertão da Paraíba, onde Ariano iniciou seus estudos primários. Teve os primeiros contatos com a cultura regional assistindo as apresentações de mamulengos e os desafios de viola.

Em 1938, a família muda-se para a cidade do Recife, Pernambuco, onde Ariano entra para o Colégio Americano Batista, em regime de internato. Em 1943 ingressa no Ginásio Pernambucano, importante colégio do Recife. Sua estreia na literatura se deu nas páginas do Jornal do Comércio, em 1945, com o poema “Noturno”. Em 1946 ingressou na Faculdade de Direito do Recife, onde fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco, junto com Hermilo Borba Filho, entre outros. Em 1947, escreve sua primeira peça "Uma Mulher Vestida de Sol". No ano seguinte escreve "Cantam as Harpas de Sião". Em 1950, conclui o curso de Direito. Dedicou-se à advocacia e ao teatro.

Em 1955, Ariano escreve a peça "O Auto da Compadecida" que se enquadra na tradição medieval dos Milagres de Nossa Senhora, em que numa história mais ou menos profana, o herói em dificuldades apela para Nossa Senhora. Em estilo simples, o humor e a sátira une-se num tom caricatural, porém com sentido moralizante. Ariano traz uma visão cristã sem se aprofundar em discussões teológicas, denunciando o preconceito, a corrução e a hipocrisia. No dia 11 de setembro de 1956 estreia a peça no Teatro Santa Isabel. No ano seguinte, a peça estreia no Rio de Janeiro no 1º. Festival de amadores nacionais.

A partir de 1956, Ariano Suassuna passou a dar aulas de Estética na Universidade Federal de Pernambuco e abandona a advocacia. Em 1957 casa-se com Zélia de Andrade Lima, com quem teve cinco filhos. Permanece como professor até 1994, quando se aposenta, porém em 2008 volta a dar aulas na UFPE, no curso de Letras, ministrando a cadeira de Estética.

Em 1970, Ariano Suassuna cria e dirige o Movimento Armorial, com o objetivo de realizar uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares. Mais do que um movimento, o armorial buscava se

um preceito estético, que partia das ideias de que é preciso criar a partir de elementos realmente originais da cultura popular do país, como os folhetos de cordel, os cantadores, as festas populares, entre outros aspectos.

Ariano Suassuna escreveu 15 livros de romance e poesia e 18 peças de teatro. Suas obras “A Mulher vestida de Sol”, “Romance d’A Pedra do Reino” e “O Auto da Compadecida”, foram transformadas em séries e filmes. Em 1989, Ariano foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Em 1990 assumiu a cadeira nº. 32.



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