José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

Edgar Morin condena atos de Israel e faz um apelo para resistir

Sua fala, gravada a mais de 120 dias de sua quase premonição contida no artigo de 20 de outubro, é uma lição, uma advertência e um chamado à resistência

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Em 20 de outubro de 2023, duas semanas após ter começado a guerra entre Israel e a Palestina, deflagrada com o ataque criminoso que o Hamas fez aos israelenses, o notável pensador Edgar Morin publicou um artigo no jornal francês La Republica, no qual expressava seus temores do que viria a acontecer a partir daquele momento.

"Não é impossível que o conflito se alastre, abrangendo e incendiando uma nação após outra. Há que se temer o pior".

Edgar Morin, da altura dos seus quase 103 anos de vida ( a se completarem em 8 de julho), possuidor de uma riqueza intelectual como poucos na humanidade registram, e o peso de uma experiência de vida sofrida, com a juventude marcada pela violência, por fugas, prisões e enfrentamento armado aos nazistas numa França ocupada nos anos 1930, acaba de fazer uma fala que nos leva a uma obrigatória reflexão.

Numa gravação desta semana, Morin expressa uma lucidez e uma clareza que servem de lição aos dirigentes mundiais, a políticos de todas as esferas, a jornalistas, profissionais da mídia que são pagos para difundir os fatos e interpretar o mundo e se perdem em falácias e desinformações. Sua fala, gravada a mais de 120 dias de sua quase premonição contida no artigo de 20 de outubro, é uma lição, uma advertência e um chamado à resistência.

Resistência, aliás, que é um conceito que Morin conhece muito bem, pois foi na França ocupada por Hitlter e suas tropas, que esse judeu de origem  se viu tomado de coragem ao integrar a Resistência Francesa, combatendo os nazistas que os perseguiam e traziam violência à terra ocupada.

Esta semana, decorridos cerca de 130 dias de um conflito armado que se transformaria num massacre de dimensões gigantescas, Morin volta à cena:

“Eu estou ao mesmo tempo chocado e indignado pelo fato de que aqueles que representam os descentes de um povo que foi perseguido pelos séculos, por razões religiosas ou raciais, que os descentes desse povo, que são hoje os tomadores de decisões do Estado de Israel, poderiam não só colonizar um povo inteiro, expulsá-los de suas terras, tentar expulsá-los para sempre  de seus territórios. Mas, além disso, depois do massacre de 7 de outubro, envolveram-se numa carnificina massiva da população de Gaza e continuam, incessantemente, atingindo mulheres, crianças e civis.”

E segue Edgar Morin: “E ver o silêncio do mundo, dos Estados Unidos, protetores de israel. O silêncio dos estados árabes. O silêncio dos estados europeus, que afirmam ser os defensores da cultura, da humanidade, dos Direitos Humanos. Acho que estamos vivendo uma tragédia horrível, porque nós também somos impotentes diante dessa coisa que está se desencadeando.

E pelo menos eu digo: Testemunhe!”

Testemunhar é a única coisa que nos resta. Se nós podemos resistir de alguma forma combatente, vamos resistir. Não podemos nos enganar. Não vamos esquecer. Coragem para encarar de frente.

Edgar Morin lembra que esse ódio não é novo. Mas agora está vindo de ambos os lados, gerando o delírio da culpa coletiva do povo inimigo, que conduz às piores crueldades e aos massacres, atingindo inocentes.

E diz de forma altiva: “Assim como é necessário manter viva a memória dos milhões de vítimas do nazismo, também é necessário o respeito à memória do povo palestino, que não pode justificar o domínio de Israel sobre esse povo, que é inocente em relação aos crimes de Auschwitz.

E pergunta, finalmente; “A maldição de Auschwitz deve ser privilégio que justifica toda a pressão israelense?”

Morin dá uma lição derradeira aos governantes mundiais:  A nossa missão não é apenas rejeitar o ódio,. Mas fazer todo o possível para chegar a um início de compreensão mútua, não só entre Israel e Palestina, mas também entre apoiadores franceses de ambos os povos, sem abandonar ao esquecimento de uma causa justa.”



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