José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

Haddad está certo ao propor taxar super-ricos para acabar com a fome

No Brasil cerca de 63% da riqueza nacional concentra-se nas mãos de apenas 1% da população

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Ao lançar nesta semana um movimento para que os dirigentes mundiais se convençam da necessidade de tributar as grandes fortunas globais para reduzir a pobreza e eliminar a fome, o ministro brasileiro da Fazenda, Fernando Haddad, levanta uma bandeira que se torna urgente diante da brutal desigualdade presente, que a cada dia se faz mais crescente.

Haddad aproveitou a presença no Brasil dos ministros de Finanças e dirigentes de bancos centrais dos países que integram o G20, que se reuniram na quarta e na quinta-feira, para mostrar dados alarmantes da realidade mundial de imensa concentração de riqueza e, na outra ponta, de extrema pobreza, para fazer esse desafio global.

O fórum para esse desafio lançado, é o mais apropriado possível, pois o G20 integra todas as grandes economias mundiais, de Estados Unidos, à China, Canadá, Japão e estados europeus. E é no conjunto de nações do Hemisfério Norte, sobretudo, que se concentram 69% da riqueza global e 74% dos bilionários, um conjunto que abriga apenas 21% da população do planeta.

Os dados que a Oxfam (organização não-governamental dedicada ao estudo e acompanhamento da desigualdade), vem nos apresentando são estarrecedores. Sobre o Brasil, por exemplo, aponta-se que 63% da riqueza nacional concentra-se nas mãos de apenas 1% da população, enquanto os 50% mais pobres ficam apenas com 2% desse patrimônio econômico. Em 2022, último ano do governo anterior, os super-ricos aumentaram sua renda em 31%. Em contrapartida, o número de pessoas na parcela mais pobre cresceu 22,7%.

Informações contidas no relatório Desigualdade S.A, apresentado recentemente no Fórum de Davos, aponta que o fim da pandemia deu impulso à produção de riqueza global e, ao mesmo tempo, ao crescimento da desigualdade. A riqueza dos cinco mais ricos do mundo mais que dobrou (114%) desde 2020, enquanto 5 bilhões de pessoas empobreceram.  

A soma de bilionários do planeta está US$ 3,3 trilhões, ou 34%, mais alta do que no início desta década. O patrimônio desse grupo cresceu o triplo da inflação no período. Por outro lado, a parcela de riqueza dos 60% mais pobres, que era de 2,26%, caiu para 2,23%.

É novamente um estudo publicado pela Oxfam Brasil que nos socorre em face dessa grotesca situação. Estima que um imposto de até 5% sobre os mais ricos nos países do G20 poderia arrecadar cerca de US$ 1,5 trilhão por ano, quantia que a ONG diz ser suficiente para acabar com a fome global e adaptar as nações em desenvolvimento à crise climática.

Estamos diante de uma fatal desigualdade que é crescente, intolerável e perigosa, uma bomba que pode explodir a qualquer momento para desassossego infinito. É para essa estúpida circunstância que o ministro Haddad chama a atenção, enquanto é tempo de evitar a derrocada final da sociedade mundial. Junto com a urgência de se reparar o meio-ambiente e evitar a catástrofe climática que se acelera,  e colocar um ponto final  nos  conflitos armados que também têm crescido, essa bandeira de tributação das grandes fortunas coloca o Brasil numa liderança corajosa e profundamente humanitária.



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