José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

O mundo precisa voltar a acreditar na ONU

O histórico de contribuição da ONU no sentido de colocar equilíbrio nas relações sempre conflituosas entre israelenses e palestinos, nunca pareceu ser dos mais louváveis

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Este deplorável conflito entre Israel e a Palestina, em que mais de 5 mil pessoas, a maioria crianças e mulheres, já perderam a vida- sem esquecer o rastro de destruição de moradias, hospitais e escolas-, está servindo para escancarar a fragilidade que, paulatinamente, no correr dos tempos, foi dominando a Conselho de Segurança da ONU, a ponto de torna-lo um organismo meramente decorativo, sem força e sem vontade de atuação.

O histórico de contribuição da ONU no sentido de colocar equilíbrio nas relações sempre conflituosas entre israelenses e palestinos, nunca pareceu ser dos mais louváveis. Omissa em relação aos anseios históricos do povo palestino, o de conquistar seu legítimo direito à formação de um Estado independente, assim como Israel o conquistara já em 1948, a ONU tem as mãos sujas nessa tragédia. Além de dar as costas às pretensões dos palestinos, essa instituição mundial, que no passado simbolizou reais anseios de paz, parece ter contribuído bastante para atiçar as animosidades, ao assistir passivamente à ânsia de domínio dos judeus sobre os espaços palestinos.

PROSPOSTA BRASILEIRA

Esta a semana que finda foi bastante esclarecedora sobre esses pontos que aqui levanto. Ao recusar uma proposta de caráter puramente humanitário, apresentada pela diplomacia brasileira, no sentido de permitir pausas nos ataques, para assegurar o acesso de ajuda às mulheres, crianças, idosos, doentes, que se encontram encurralados, especialmente alimentos e remédios aos que encontram-se  na mira de bombas na Faixa de Gaza, o Conselho da ONU mostrou para que serve.

O voto que impossibilitou que a resolução do Brasil fosse aprovada, veio dos Estados Unidos. Como membro permanente do Conselho, tem o poder de veto. E aqui está a prova dessa agravante atitude. Informações da própria Presidência dos EUA dão conta de explicar que “ o próprio Presidente Biden já havia avisado ao governo brasileiro que não queria o envolvimento do Conselho da ONU nas questões relativas a Israel, depois dos atos terroristas cometidos pelo Hamas no dia 7 de outubro”.

PERDEU O SEU PAPEL?

Ora, para que serve mesmo esse Conselho de Segurança da ONU? Teria o Conselho perdido o seu papel de garantidor da paz e estaria, literalmente, nas mãos do presidente dos EUA, sujeita à suas manobras eleitorais?

É exatamente essa resposta que mais de 50 países querem ter. É por esse esclarecimento, e para que sejam tomadas atitudes honestas, sérias e corajosas para por fim a essa guerra vergonhosa, a essa escalada anti-humana gritante, que esses países resolveram se unir para pedir a convocação de uma reunião de emergência da Assembleia Geral da ONU, com poder superior ao Conselho e Segurança.

Os dirigentes nacionais desses mais de 50 países enxergam claramente a necessidade de mobilizar apoio político e popular para proteger o povo palestino, impedindo a tempo que Israel avance nessa fúria de limpeza étnica que visivelmente está promovendo, sob o argumento de que é necessário extinguir o terrorismo do Hamas.

A tomada de posição dos dirigentes desses países decorre exatamente da reprovação da resolução de cunho exclusivamente humanitário que o Brasil apresentou, que surpreendeu a diplomacia mundial ao receber 12 votos favoráveis, mas foi derrotada por voto dos EUA. E, agora, se conseguirem ser atendidos, se a ONU aceitar realizar essa Assembleia Geral extraordinária, os líderes mundiais querem ampliar as decisões, para permitir uma nova ordem sobre o território palestino ocupado.

Penso que ainda há tempo de a ONU se redimir, de modo que a humanidade possa voltar a olhar para ela como uma instituição sempre mais necessária a uma convivência de paz, com dignidade humana e respeito às diferenças.



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