José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

Pegadinha sobre tufão nas Filipinas é um grave despertar

Nas Filipinas, acontecem cerca de 18 a 20 tufões por ano

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Muitas pessoas, assim como eu, foram impactadas desde ontem pela divulgação de vídeos mostrando a fúria devastadora de tufões, em território das Filipinas, como se estivessem ocorrendo neste momento. Se houve alguma intenção de fake News por parte de quem disparou a divulgação, a pegadinha ocorreu apenas em relação ao tempo da ocorrência, mas as imagens são reais, provavelmente do mês de julho passado, e dizem respeito a um fenômeno mortal e bastante frequente nesse país situado no Sudeste da Ásia, no Pacífico Oeste. Para mim, essa pegadinha sobre o vídeo, tem o efeito de um grave despertar.

Parecem episódios apocalíticos, profecias de fim de mundo anunciadas na Bíblia, registrando o fim da vida animal e vegetal na forma como até hoje foi conhecida. O trágico, porém, é que se trata de uma realidade. Nas Filipinas, acontecem cerca de 18 a 20 tufões por ano, tornando, com essa frequência, o território provavelmente mais afetado do mundo, com um rastro de destruição de vidas humanas e animais, e de devastação ambiental sem precedentes na história.

O que muita gente não parece refletir, é que tufões, tornados, ciclones, furacões, e outras tantas desequilibradas manifestações da natureza, provocadoras de tragédias pelo mundo afora, são sinais claríssimos de como a elevação das temperaturas, afetando sobretudo os mares e oceanos, está sendo crucial para determinar a ocorrência desses fenômenos.

TRAGÉDIA NO RIO GRANDE DO SUL

E não apenas em países distantes como a asiática Filipinas, mas em territórios muitos próximos da gente, alguns deles ao alcance de nossos olhos, como vimos neste começo de setembro no Estado do Rio Grande do Sul, quando ciclones extratropicais castigaram 97 municípios, mataram 47 pessoas, deixaram outras 46 desaparecidas até o momento, e colocaram mais de 25 mil pessoas fora de suas casas, causando uma destruição material incalculável. Os ciclones são centros de baixa pressão atmosférica formados pelo contraste entre massas de ar quente e frio, que sugam a umidade e a jogam para a atmosfera. A umidade se transforma em nuvens, num processo que espalha chuva e vento.

Rio Grande do Sul, aconteceram cinco ciclones nos últimos quatro meses. Porém, o último foi mais forte que a média por dois motivos: uma rápida aceleração do El Niño, que induz frentes frias e ciclones mais fortes, e o fato de o Oceano Atlântico estar mais quente na costa do Rio Grande do Sul. “Quando o ciclone extratropical chega nessa região, evapora mais água e essa água sobe, causando chuvas mais intensas”, explica o cientista Carlos Nobre.

CATÁSTROFE NA LÍBIA

Nesse mesmo início de setembro, coincidindo com os estragos do Rio Grande do Sul, outro ciclone atingiu a Europa, cruzou o mar Mediterrâneo e causou inundações catastróficas na Líbia, onde grande parte de uma cidade costeira foi devastada e o número de vítimas, ainda incerto, se eleva aos milhares. As autoridades e entidades mundiais de socorro ainda contam os mortos nesse país do norte da África, mas é real a expectativa de que passem de 20 mil. E os que sobreviveram à tragédia não têm água e nem comida.

O que parece inevitável, é ter em mente que o planeta Terra bateu recordes seguidos de temperaturas nos últimos três meses. Julho foi o mês mais quente da história, com média global de 16,95°C. Em seguida, veio agosto, que assumiu o segundo lugar no pódio, com 16,82°C. Além disso, a temperatura do oceano também atingiu temperatura recorde em agosto (20,98°C), enquanto a camada de gelo da Antártica atingiu uma extensão 12% abaixo da média, de longe a marca mais baixa para agosto desde que as observações via satélite tiveram início, no final dos anos 1970.

ALERTAS

Organismos internacionais dedicados à observação do tempo e das condições do planeta Terra, como a Organização Meteorológica Mundial (OMM), braço da Organização das Nações Unidas (ONU), têm emitido frequentes alertas sobretudo para as questões climáticas relativas às águas e para outra realidade seriamente preocupante: este ano de 2023 apresenta-se como o segundo mais quente das história da humanidade, ficando atrás apenas do ano de 2016, quando houve o agudo aparecimento do fenômeno El Niño, que teve forte influência na elevação da temperatura global.

O que está acontecendo com o mundo- açoitado por frequentes tragédias, sempre mais violentas na sua forma de atuação-, merece despertar os dirigentes governamentais mundiais. E do mesmo modo, igualmente, dos detentores do poder econômico, para a necessidade urgentíssima de que se adotem formas racionais de governança, adequadas e eficientes em conter os efeitos desses fenômenos, capazes de atacar as causas da sua existência, sob pena de que se decrete a morte do planeta. Nunca foi tão urgente a recuperação ambiental da nossa Terra.



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