José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

Petróleo e outros minerais, os reais motivos de conflitos armados

A questão envolve a preocupação de líderes políticos e organizações mundiais, cabendo ao Presidente brasileiro a intermediação de um acordo

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O Presidente Lula viaja, a partir desta quarta-feira (28), para Georgetown, capital da Guiana, onde participa como convidado do encerramento da 46ª Cúpula de Chefes de Governo da Caricom, a Comunidade do Caribe. Essa ida do presidente brasileiro tem um significado especial, pois a Guiana passou a ser objeto de cobiça do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que reivindica a posse territorial da região de Essequibo, reacendendo uma disputa que já tem mais de 100 anos, cabendo a Lula o papel de conciliador, atuando para que o dirigente venezuelano aceite um acordo com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, permitindo uma trégua nessa disputa.

Maduro já havia avançado bastante nessa sua vontade de ter Essequibo integrada ao território venezuelano, e isso culminou com a realização de um plebiscito, em dezembro passado, recebendo aprovação de mais de 10 milhões de votos. Antes dessa consulta popular, Nicolás Maduro chegou a ameaçar a Guiana de intervenção militar, causando alvoroço em toda a América Latina.

A questão envolve a preocupação de líderes políticos e organizações mundiais, cabendo ao Presidente brasileiro a intermediação de um acordo. Esse quibo representa 70% de todo o território da Guiana. Embora a reivindicação da Venezuela venha desde 1841, essa luta por sua posse voltou com muita força agora com Maduro da direção do país, ante a constatação recente de que a Guiana deu um salto econômico extraordinário, em razão da descoberta significativa de petróleo e gás, fazendo a economia saltar 400% entre 2021 e 2023, pulando de US$ 8 bilhões para US$ 40 bilhões. Apenas nas suas relações com o Brasil, a Guiana passou de uma balança de US$60 a 70 milhões, para US$1,3 bilhão.

Além de petróleo e gás, a Guiana, comprovadamente, é rica também em ouro, diamantes e outros minerais valiosos, além de reservas florestais diversificadas, que despertam interesse de outros países. Vê-se, nessa disputa, igualmente ao que ocorre em todos os conflitos armados que o mundo já testemunhou e testemunha a cada dia, que o real interesse é sempre econômico. Os conflitos armados existem por conta de interesses econômicos, políticos ou religiosos. É uma grande mentira a pregação enganosa de que essas disputas sangrentas surgem pela necessidade de defender a Democracia e as Liberdades públicas. Por trás delas firma-se o envolvimento de grupos de poder político ou econômico, de lideranças militares, de fabricantes de armas, do sistema financeiro e da guerra por petróleo e minerais preciosos.

A propósito, com rigorosa clareza e lucidez, o respeitado Eduardo Galeano, autor do indispensável livro “As Veias Abertas da América Latina”, define muito bem isso de que falamos:

“As guerras dizem que ocorrem por nobres razões: a segurança internacional, a dignidade nacional, a democracia, a liberdade, a ordem, o mandato da civilização ou a vontade de Deus. Nenhuma tem a honestidade de confessar: "Eu mato para roubar”.

Ministro Alexandre de Moraes e sua alerta para “não baixar a guarda”

Após o evento deste domingo na Avenida Paulista, em que Bolsonaro e seus seguidores mostraram que estão vivos, e dispostos a seguir uma caminhada perigosa, em permanente ameaça à democracia, o Ministro Alexandre de Moraes, do STF, fez um alerta necessário: “As forças democráticas não devem baixar a sua guarda, para não receberem um novo golpe”, e fez um apelo pelo fortalecimento das instituições e pela regulamentação do que precisa ser regulamentado.

A advertência do Ministro Moraes coincide com um momento lamentável, em que temas importantes como a urgente necessidade de que o Congresso regulamente a internet, suas redes sociais, inteligência artificial, e as chamadas Big Tecks, estão com seus projetos paralisados, interrompidos pelo lobby das empresas multinacionais. Nesta hora, os dirigentes da Câmara, na volta retardada das atividades do ano, vêm a público para anunciar que a principal discussão do momento será a retomada da PEC que amplia a isenção tributária de templos religiosos.

Pesquisadores da USP que foram a campo para ouvir os participantes dos atos de domingo pró-Bolsonaro, trazem dados alarmantes: 94% dos entrevistados dizem que o Brasil vive uma “ditadura”, revelando um inacreditável déficit de cognição, amparados e alimentados por fake news e pregação de ódio. Trata-se de um enorme exército de extrema direita, entre os quais 78% se dizem “muito conservador”, ou seja, um mundo retrógrado e sem noção da realidade. E que são ancorados na desinformação e propagação da violência posta em prática na internet.

Se somados dos que dizem que Bolsonaro deveria ter decretado uma operação de GLO (garantia da Lei e da Ordem, 49%), com os que dizem que ele deveria ter invocado o artigo 142 da Constituição para solicitar a intervenção das Forças Armadas(42%), alcança-se mais de 90% favoráveis ao golpe de Estado. Do total de participantes ouvidos, 92% confessam ser de direita. Vejamos, finalmente, outro absurdo: 88% acreditam que foi Bolsonaro e não Luiz Inácio Lula da Silva que de fato ganhou a eleição de 2022.



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