José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

Títulos verdes do Brasil, saída para enfrentar a tragédia climática

O planeta parece derreter sob temperaturas elevadíssimas, nunca vistas na história da humanidade.

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As mudanças climáticas chegaram de vez para amedrontar as pessoas e gerar toda sorte de estragos vastos ambientes da terra, dando um tapa na cara daqueles que, ao longo da história, causaram  destruição ambiental e, também, de todos os que foram vendo as desgraças acontecerem e ficaram inertes, paralisados, incapazes de engrossar as fileiras de uma meia dúzia de ambientalistas, “fanáticos e exibicionistas”, como muitos foram chamados, e que faziam um enorme esforço para ver resultados dos alertas disparados, de que um dia a coisa ia pegar fogo. E todos pagaram para ver. A Terra está mesmo pegando fogo. O planeta parece derreter sob temperaturas elevadíssimas, nunca vistas na história da humanidade, que seguem se elevando a níveis que nem mesmo os mais profundos conhecedores do ambiente conseguem prever a que ponto chegaremos. Há mais de 40 anos as pesquisas têm advertido para esse descalabro que agora parece ter chegado para ficar. E quase nada foi feito.  As grandes potências econômicas e políticas mundiais preferiram abraçar a produção e o consumo de armas de guerra ou mesmo de armas de uso pessoal, que chegam às mãos dos civis, geralmente para matar outros humanos, do que destinar dinheiro para os programas de reparação ambiental. Os governantes, de modo geral, mundo afora, foram pouco eficientes em prever os desastres que o desequilíbrio ecológico causaria, e muitos países de peso na geopolítica mundial, como Estados Unidos e muitas nações europeias, têm as mãos sujas de cinza, por terem participação ativa no processo de desmatamento de florestas e degradação de outros ambientes, sobretudo relativos às ofertas de água. 

Discurso corajoso, realista e esperançoso

No Brasil, país que detém uma enorme área territorial e uma presença significativa de florestas, rios, lagos, uma riqueza extraordinária de flora e um domínio expressivo sobre a Amazônia, louve-se o comportamento político do Presidente Lula, que tem sustentado um discurso corajoso, realista e esperançoso, conclamando os líderes de grandes nações, sobretudo de potências como Estados Unidos, a mudarem suas práticas e passarem a destinar recursos financeiros para que países pobres e em desenvolvimento – onde as consequências do clima são mais graves-, para permitir investir em programas ousados, continuados e eficientes de reparação ambiental.  Não parece que sua voz, que se solta de maneira vigorosa em todos os importantes fóruns mundiais e regionais de que participa, tenha sido adequadamente ouvida. A despeito disso, porém, é o próprio Brasil quem dá agora um exemplo formidável. A menos de uma semana, na bolsa de valores de Nova York, o país lançou títulos de dívida sustentáveis, os chamados Títulos Verdes, com recursos carimbados para projetos com benefícios ambientais e sociais. O lançamento- feito numa hora extremada do advento de temperaturas mais elevadas da história-, foi um sucesso extraordinário. A iniciativa do ministro Fernando Haddad, criada há cerca de 90 dias e posta em prática agora, atraiu investidores internacionais numa velocidade incrível. Todos os títulos lançados foram imediatamente comprados. O Brasil captou, então, RS$ 2 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões), e houve uma demanda superior a RS$ 5 bilhões, o que significa que se o país tivesse tentado captar RS$ 6 bilhões, teria muito provavelmente captado tudo. 

R$ 10 bilhões para projetos verdes

Além do êxito revelador da credibilidade que o Brasil demonstrou possuir junto aos investidores estrangeiros, os títulos verdes vendidos por nosso país caracterizam uma expressiva contribuição na tarefa da reconstrução ambiental, servindo de exemplo para o mundo. Para garantir a sua condição de sustentável, o governo brasileiro se comprometeu a destinar o valor total captado, ou seja, R$ 10 bilhões, para a aplicação em projetos verdes e/ou sociais contemplados no relatório de alocação indicativa da operação, que foi publicado no mês de outubro, o que, portanto, é público e sujeito a acompanhamento da sociedade. Desse total, cerca de R$ 1,2 bilhão será usado em projetos ambientais para monitoramento da emissão de gases do efeito estufa. 

Iniciativas do Brasil

O Brasil, com iniciativas dessa magnitude, está dizendo ao mundo o que pode ser feito para melhorar o clima. Se grandes potências largarem as armas de lado, derem uma pausa nos conflitos armados, e se abraçarem ao Brasil em atitudes como essa dos títulos verdes, provavelmente muitos ambientes serão salvos ou recuperados, e muitas vidas humanas serão preservadas. Porque o desequilíbrio ambiental, a elevação apavorante das temperaturas, não destroem apenas a natureza. Matam seres humanos de maneira crescente. Não é sem razão que os cientistas estão advertindo que, nos próximos anos, morrerão 5 vezes mais pessoas do que morrem hoje por conta desse calor descomunal.



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