Deolindo x Assis: filiação de evangélicos, sede fechada e briga no PT

Por Sávia Barreto

A história não começou com uma sala trancada, mas teve lá seu ápice. A sede estadual do PT deveria ser utilizada na última semana pelo vereador de Teresina, Deolindo Moura (PT), para realizar a filiação de mais de 100 lideranças ao Partido dos Trabalhadores. O problema é que, ao chegar no local, Deolindo diz ter sido impedido de utilizar o espaço do partido. Ele alega que a ação vem de um grupo de pessoas ligadas ao presidente estadual do PT, o deputado federal Assis Carvalho.

“Tivemos um problema com o grupo dele mas já relevei. Fizemos nossas filiações de lideranças no auditório da Câmara Municipal de Teresina”, pontuou Deolindo.  Assis, que está de repouso em casa após uma cirurgia no coração, nega qualquer conflito com Deolindo.

 “Não existe animosidade. Estou afastado e não tenho conhecimento da rotina do Partido. Ouvi a fala dele num portal e me exclui de qualquer envolvimento. E não acredito que qualquer filiado seja impedido de se reunir no partido se solicitado o auditório dentro das regras do PT. Agora se o auditório está disponibilizado para outro filiado, não podemos furar a fila. E é isso que é feito dentro do partido”, afirmou Assis ao blog.

O que poderia ser apenas uma disputa por espaço físico, na verdade é um imbróglio com fundo político. Deolindo Moura faz parte do mesmo grupo do vereador da capital Dudu e da deputada federal e primeira-dama, Rejane Dias. Esse grupo está trabalhando para filiar ao PT cerca de 700 lideranças sociais, principalmente ligadas ao movimento hip-hop, movimentos sociais e muitos evangélicos.

Depois de filiados, esses novos membros vão poder participar da eleição interna da sigla, ou seja, devem votar seguindo a direção do grupo de Rejane Dias e não de Assis Carvalho. Como um petista disse ao blog: “Liderança é gente que tem gente”, ou seja, multiplica-se o poder de influência de um grupo político em oposição a outro. Resumindo: a disputa Assis x Deolindo é, na verdade, a disputa de dois grupos políticos pelo poder de decidir os rumos do PT no Piauí. Esse é o Game of Thrones da vida real.