Nem “flopou” nem “bombou”:a disputa discursiva dos atos pró-Bolsonaro 

A coluna resume assim os atos pró-Bolsonaro no país e, em particular, no Piauí.

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Por Sávia Barreto

Na internet, costuma-se usar o termo "bombar" para classificar algo que deu muito certo e seu antônimo, "flopar", para dizer que algo fracassou. Dessa forma, a coluna Primeira Mão resume assim os atos pró-Bolsonaro no país e, em particular, no Piauí: não bombou nem flopou. Conseguiu atrair um número significativo de pessoas às ruas - em estados como o Rio de Janeiro, o volume foi exponencial. Já em locais onde a oposição é forte, como o Maranhão, a quantidade de manifestantes a favor das pautas em benefício de Bolsonaro foram tímidas. Em Teresina, capital piauiense com governador petista, os organizadores estimaram 3 mil participantes, a Polícia Militar cravou em mil. Independente do número final e comparada com outras manifestações da direita no Piauí, esta conseguiu atrair mais pessoas do que as anteriores, cujo público não passava da centena.

O fato é que o ato encampado - mesmo que não oficialmente - pelo Governo Federal fez um movimento menor do que as manifestações de 15 de maio contra o contigenciamento de recursos na área da Educação (que terminou virando um movimento de protesto geral contra a gestão de Bolsonaro e pautas como a reforma da Previdência). Por outro lado, mostrou que ainda tem musculatura para brigar, apesar do desgaste com o Congresso e parte da opinião pública decorrente das crises espetaculares e sucessivas envolvendo os filhos do presidente, o próprio Bolsonaro, os militares e o escritor Olavo de Carvalho. Não foram atos grandes o suficiente para intimidar o Congresso, mas mostraram que existe uma ala aguerrida e significativa da população que banca e defende os atos de Bolsonaro. 

O ponto fora da curva foram as faixas pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, algo inaceitável em uma democracia. Os Poderes existem justamente para fiscalizar uns aos outros e a negociação é intrínseca à prática política. Demonizá-la só criará um ambiente mais hostil a Bolsonaro no Legislativo. Dizer que um líder não precisa do Parlamento para governar é o mesmo que descartar a democracia, o único regime político que, dentre tantas falhas, ainda assim se mostrou melhor que todos os outros.

Tudo é uma questão de discurso, ângulo e visão ideológica: esquerdistas provam que "flopou", direitistas garantem que "bombou". A disputa é narrativa e os vencedores a escreverão nos livros de história no futuro.



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