Presidente de sindicato contesta investigação de prefeito

Sindicalista argumenta que há erros na lista e critica publicação nas redes sociais

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Por Arimatéa Carvalho

O blog anunciou que o prefeito de Nazária, Osvaldo Bonfim (PT), pediu orientação ao Ministério Público para abrir processos administrativos para apurar faltas em excesso de professores da rede pública municipal.

A presidente do Sindicato dos Professores, Danyelle Ravenna Lopes de Sousa, entrou em contato com o blog para colocar o ponto de vista da entidade sobre a investigação proposta pelo prefeito:

"Sexta-feira (13/03/2020) o prefeito de Nazária, senhor Osvaldo Bonfim foi a um meio de comunicação para relatar que acionou o Ministério Público contra os professores que faltam demais. Nós achamos corretíssimo e tem todo nosso apoio. No entanto, algumas denúncias parecem equivocadas. Ouvimos o depoimento de uma professora que seu nome saiu numa lista de frequência com faltas até dia 02 de novembro – feriado nacional – dia dos mortos. Outro professor relatou que na lista constava falta no turno da tarde, sendo que o mesmo só trabalha no turno da manhã e noite, no horário da tarde ele é lotado em outra instituição. Essa lista de frequência foi compartilhada de forma insolente em rede social, denegrindo a imagem de profissionais que fazem o possível para cumprir com suas obrigações, sofrendo, muitas vezes, até violência psicológica e assédio moral, como uma professora que relatou que sofreu ameaças por aparecer em reportagem, na TV clube, ao denunciar a falta de livro didático. 

Claro que sabemos que há professores (assim como outros profissionais), em todo lugar, que não exercem suas funções de maneira digna, sendo assim, os alunos são prejudicados. Esses profissionais merecem e tem que ser punidos por tais atitudes. Isso é indubitável! 

Todavia, já que estamos falando sobre denúncias, é mister dizer que os professores de Nazária enfrentam inúmeros desafios. Só para citar alguns: Não temos condições decentes de trabalho, nas escolas faltam materiais pedagógicos; não tem computadores (quando tem falta manutenção); na maioria das escolas, as impressoras não funcionam; faltam livros didáticos; as salas não têm ventilação, nem iluminação adequada; não tem acessibilidade, alunos com deficiência sofrem com a falta de rampas de acesso para cadeiras de rodas e banheiros adaptados; a quantidade de profissionais, algumas vezes, não é suficiente para suprir a necessidade; professores sofrem, com frequência, assédio moral nas escolas, tendo inclusive que se afastar de suas atividades por problemas de saúde como depressão, crise de ansiedade, etc. ; não tem segurança, professores já tiveram armas apontadas por bandidos dentro das escolas. 

Enfim, são muitos problemas. No entanto, a responsabilidade da qualidade educação é colocada apenas nas costas do professor. Como se esse profissional tivesse que fazer milagres para alcançar seus objetivos. Somos, a todo o momento, desvalorizados, desrespeitados e massacrados. Infelizmente, alguns gestores não fazem ideia do que seja GESTÃO DEMOCRÁTICA. 

O senhor Osvaldo Bonfim alegou que a prefeitura concedeu aumento no piso dos professores e tem investido na melhoria das instalações. Gostaríamos de saber onde está realizando essa melhoria, já que a maioria das escolas a estrutura é precária. Temos sim uma realidade lamentável. 

Não podemos falar em qualidade da educação sem garantir condições de trabalho para o professor, respeito e valorização profissional. Seria, no mínimo, muita incoerência. Não adianta garantir 200 dias letivos para o aluno, se as escolas não possuem estrutura satisfatória, não tem recursos. É pura hipocrisia, nada além. Como tão bem afirmou nosso patrono da educação Paulo Freire: “É preciso diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, até que num dado momento, a tua fala seja a tua prática”. 

Então, vamos juntos cada um fazer sua parte, cumprir com suas obrigações, cada um cuidando do que está ao seu alcance".



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