Governo quer pontuação extra para negros e índios em concurso

A proposta será enviada até a próxima segunda (9) à Assembleia Legislativa, mas não há previsão de quando será votada.

Geraldo Alckmin | Pâmela Kometani/G1
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O governador Geraldo Alckmin lançou nesta sexta-feira (6) um projeto de lei que institui pontuação extra para negros, pardos e índios em concursos públicos estaduais. A proposta será enviada até a próxima segunda (9) à Assembleia Legislativa, mas não há previsão de quando será votada.

A meta é que cada órgão do estado tenha 35% de servidores negros e pardos e 0,19% de indígenas em 5 anos. Atualmente, do total de 500 mil servidores públicos de SP, mais de 30% são negros. Mas alguns órgãos não atingem o percentual interno de 35%. "Foi feito um estudo por Secretaria e de modo geral essa compensação é necessária", afirmou a secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo, Eloisa de Sousa Arruda.

"A Fundação Casa, por exemplo, já ultrapassou esse índice, mas, na Procuradoria do Estado, ele não chega nem próximo", diz a secretária. "O objetivo é equilibrar."

De acordo com o projeto, os candidatos que poderão se beneficiar com o sistema serão os que se autodeclararem negros, pardos ou índios. Em caso de fraude, o autor será excluído da seleção ou, caso tenha sido empossado, perderá o cargo.

A secretaria ainda não explicou como será o sistema de pontuação extra. Uma comissão será criada para definir os detalhes, mas Eloisa adianta que ele será similar ao que existe nas seleções para alunos das Etecs (escolas técnicas) e Fatecs (Faculdades de Tecnologia do Estado de São Paulo). Nelas o Sistema de Pontuação Acrescida concede bônus de 3% a estudantes afrodescendentes e de 10% a oriundos da rede pública. Caso o aluno esteja nas duas situações, recebe 13% de bônus.

A comissão vai estudar se combinará a questão racial com a condição sócio-econonômica dos candidatos nos concursos. A regra poderá não ser aplicada a todos as seleções, excluindo órgãos que já atingiram o percentual desejado pelo governo de servidores negros e índios.

Cotas para negros

A decisão do governo de SP de aumentar o número de servidores negros e índios vai ao encontro de medidas já adotadas por outros estados. Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul adotam a reserva de uma determinada porcentagem das vagas em seleções estaduais.

No RS, a lei prevê a reserva de 16% das vagas para negros, pardos e indígenas de todos os concursos da administração pública direta e indireta de todos os poderes do Estado. No PR são 10% para negros; no MS, 10% para negros e 3% para índios, e, no Rio de Janeiro, são 20% para negros e índios.

Há ainda um projeto de lei federal tramitando na Câmara Federal que prevê a reserva de 20% das vagas para candidatos negros nos concursos para a administração pública federal, autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista controladas pela União, como Petrobras, Caixa Econômica Federal, Correios e Banco do Brasil.

Questionado sobre as iniciativas do governo federal para inclusão, o governador afirmou que boas políticas públicas podem ser implementadas. "Ninguém tem o monopólio. Como muitas coisas que São Paulo faz, outros fazem também. As experiências são verificadas e o que dá certo continua". O governador ainda informou que foi São Paulo que introduziu as ações afirmativas em 2006, nas Fatecs e Etecs.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES