BRA: Para segurar bons profissionais, empresas apostam em descontração

Empresas têm videogames e massagens para melhorar desempenho

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Videogame à disposição, jogos online, espaço para massagens e churrasqueiras. Estes são alguns elementos que começam a fazer parte dos ambientes organizacionais e que já configuram uma tendência quando se fala em gestão de pessoas. Em muitos casos, os investimentos das empresas para tornar as áreas de trabalho mais descontraídas não são uma opção, tornaram-se uma obrigação para manter o bom funcionário na casa, em especial, os jovens da chamada ?Geração Y?. Eles têm entre 20 e 34 anos de idade, e são conhecidos por serem questionadores, multitarefas, imediatistas. Eles buscam prazer no trabalho, por isso, estão mais propensos a abandonar o trabalho atual caso as funções não os satisfaça.

?Todas as empresas precisam migrar para isso, em maior ou menor grau, para reter talentos, conhecimento e ter competitividade?, explicou o professor de MBA em gestão de pessoas da Isae/ FGV, em Curitiba, Amir El-Kouba. De acordo com o especialista, os jogos podem, dependendo de como são coordenados e quando são alinhados à cultura da empresa, estimular o planejamento, o raciocínio, o relacionamento interpessoal e, principalmente, as pessoas percebem que a empresa está preocupada com o bem-estar dela o que ajuda no comprometimento, na motivação da equipe.

El-Kolba cita que não são raros os casos em que os profissionais conseguem solucionar um problema, após pararem para um momento de lazer em meio ao expediente. ?Você areja a mente. Você sai um pouco do foco, da pressão, para depois retomar o foco com mais veemência?, explicou.

A Sofhar, uma empresa de tecnologia da informação e comunicação, decidiu aderir a este modelo de gestão quando mudou de sede em Curitiba em 2011. A mudança física foi o impulso para apostar em uma nova gestão. As caraterísticas do segmento da empresa ajudaram. Contudo, a ideia é trabalhar simultaneamente a autonomia dos funcionários com a responsabilidade e o comprometimento.

?A gente só trabalha com problema. Cada projeto, um desafio. Só somos acionados quando tem problema, então, você sai do seu canto, quando já está com o "tutano" fervendo. Isso ajuda muito na hora de você fazer a retrospecção. O fato de você fazer uma pausa, já é bastante interessante?, avalia Anderson Carraro, que trabalha com administração de banco de dados. Para ele os resultados são incontestáveis, porque tem se demostrado eficiente na resolução dos problemas diários.

Essa proposta também agrada Maycom Roberto Bruno, arte finalista na OpusMúltipla, uma empresa especializada em planejamento de comunicação integrada e propaganda, de Curitiba. A agência oferece, por exemplo, massagem para os funcionários e, em todas as oportunidades, Maycom aproveitou para relaxar. ?Muitas vezes fui fazer a massagem com algumas preocupações e voltei mais confiante e relaxado?, contou.

Para ele, quando se trabalha em empresas consideradas mais tradicionais, o trabalho acaba não motivando o profissional e o único propósito acaba sendo pagar as contas. ?Tudo fica cinza e sem graça?, complementou. Entretanto, segundo ele, quando se tem ambientes mais aconchegantes, o profissional se sente mais à vontade e com ânimo para encarar os desafios diários.

Mudança de cultura

Este modelo de gestão representa uma mudança de cultura corporativa para compatibilizar as empresas às características dos empregados nascidos na década de 80. ?Essa é uma geração com algumas particularidades lidas pelo mundo corporativo como positivas por um lado, mas, por outro, preocupantes. De qualquer forma, isso é muito interessante para acabar com o marasmo que estava na organização há tantas décadas?, avaliou Amir El-Kouba.

O professor citou algumas destas peculiaridades - negativas e positivas - que influem diretamente no dia a dia profissional. Entre as positivas estão, por exemplo, a familiaridade com as tecnologias, que fez com que esses profissionais desenvolvessem novas habilidades, prioridade pelo equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e o clamor por contexto mais participativo. Em contrapartida, são profissionais mais instáveis, às vezes, sem foco, adeptos à informalidade excessiva e que possuem certa dificuldade com relacionamentos interpessoais, em virtude das relações online.

Há ainda as características que, conforme a análise do professor da Isae/ FGV, podem ser tanto negativas quanto positivas. Uma delas é a dificuldade de aceitar imposições. ?O mundo corporativo ainda é muito regrado, está formatado para algumas questões top-donw [de cima para baixo]. Nem tudo pode ser totalmente questionado, e aí falta maturidade para poder trabalhar esta questão?. É preciso, conforme destacou El-Kouba, ter cuidado para não supervalorizar ou crucificar esta geração. Segundo ele, nenhuma das duas avaliações é adequada.

De qualquer forma, ele acredita que a ?Geração Y? catalisou o processo de mudança e colocou os gestores, com práticas tradicionais, em uma situação delica a pontos de terem que repensar a forma de trabalho. ?Os caras correram atrás, muitas vezes com sabor amargo na garganta?, disse.



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