Médica voluntária da vacina contra a Covid fala em 'evento histórico'

'Eu estou tranquila, alguns colegas meus já tomaram. Um teve um pouquinho de reação, febre, dor no corpo, mas é esperado em qualquer vacina e e os outros dois não sentiram nada', diz. Nesta segunda, Oxford anunciou que vacina é segura e tem resposta imune.

Covid-19 | Reprodução
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Assim que abriram as inscrições para o corpo de voluntários dos testes da vacina da Universidade de Oxford para a Covid-19, uma pediatra de 34 anos, que atua na linha de frente da doença na cidade de São Paulo, se candidatou. Apesar de os testes terem começado há cerca de um mês, o pesquisadores necessitaram de mais voluntários e no sábado (18) entraram em contato com a médica para que ela fosse submetida a uma triagem para possivelmente participar do estudo. Em entrevista, ela conta que considera um privilégio participar do estudo e acredita estar vivendo um "momento histórico".

Imagem retirada de vídeo  mostra voluntário recebendo injeção de teste da vacina contra Covid-19

"Eu fico contente fico feliz, porque é uma coisa histórica que vai ficar aí para sempre, que vai ser contado para os filhos, para os netos, enfim, eu acho que é um privilégio poder participar. Estou bem contente de poder participar, de trabalhar na linha de frente, de poder contar minha história mais para frente. Eu fico feliz. Eu acho que é uma experiência muito boa", afirma a médica que aguarda posicionamento da Unifesp sobre sigilo ou não de voluntários para poder se identificar.

Mesmo a vacina ainda estando em fase de testes, a pediatra se diz confiante, pois alguns colegas que foram submetidos ao teste não apresentaram muitos efeitos colaterais.

"Eu estou tranquila, alguns colegas meus já tomaram, também desse hospital que eu trabalho. Um teve um pouquinho de reação, febre, dor no corpo, mas é esperado em qualquer vacina e e os outros dois não sentiram nada, então, eu estou, na verdade, esperançosa. Eu confio na Unifesp, eu confio em Oxford, então, eu acho que estou indo bem tranquila", diz.

Durante os testes, os participantes são divididos em dois grupos: pessoas receberam a vacina experimental, e outras que receberam uma vacina de meningite (o grupo controle). Esse tipo de estudo é denominado de duplo cego, pois pesquisadores e pesquisados não sabem quem recebeu qual tipo de tratamento.

"Talvez essa vacina que vai ser lançada ainda precise de um pouco de ajuste, muitas coisas vão ser descobertas, mas eu estou esperançosa, eu acho que é um pontapé inicial e é isso. Eu acho que a esperança nesse momento é a vacina, não vai ter nenhuma medicação milagrosa. Eu acho que o que vem pela frente de bom vai ser a vacina, mas eu não acredito que isso seja em menos de um ano", afirma a médica.

Nesta segunda-feira (20) cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, anunciaram que, de acordo com resultados preliminares, a vacina da universidade para a Covid-19 é segura e induziu resposta imune no corpo dos voluntários. No entanto, o resultado não permite concluir ainda se de fato uma pessoa exposta ao Sars-Cov-2 fica imune com a vacina. De acordo com a Unifesp, o imunizante, se tudo der certo, poderá ter o registro liberado em junho de 2021.

Requisitos

A aplicação da vacina em São Paulo é coordenada pelo Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Unifesp. Para participar do corpo de voluntários é necessário ter entre 18-55 e atuar prioritariamente na linha de frente do combate à Covid-19. Além disso, os participantes não podem ter contraído a doença antes de receber a vacina.

A médica conta que já fez três testes para a doença desde o início da pandemia, sendo três rápidos e um sorológico, os quais verificam a presença de anticorpos para o coronavírus no sangue.

"Na primeira vez que eu fiz eu estava com suspeita, só que eu paguei porque a prefeitura, enfim, o governo ainda não estava disponibilizando e foi bem no começo, mas veio negativo. Aí depois eu fiz mais duas vezes pela prefeitura que começou a testar os profissionais, aí os dois vieram negativos. O último faz três dias mais ou menos que eu fiz, mas, provavelmente, eles vão testar de novo", conta.

A pediatra relata que desde que começou a trabalhar na linha de frente do coronavírus já passou por vários momentos de dificuldade e que agora está mais adaptada

"Primeiro eu tive várias fases. No começo quando tudo começou eram casos isolados. No comecinho eu dizia, ‘ah, imagina, pelo amor de Deus, sarampo, é muito pior, gripe é muito pior’. Aí de repente fui lendo as coisas, fui pegando uns casos e aí eu fui vendo que não, que realmente tudo era verdade. Eu já passei por várias fases depois disso. Já fiquei apavorada, já entrei em depressão, já fiquei com síndrome do pânico, mas a gente vai se adaptando a realidade. Hoje eu acho que eu estou adaptada, tento fazer meu melhor em todos os momentos. ", relata.

"Mas eu estou bem, hoje eu posso dizer que eu estou bem, ainda estou tomando todos os cuidados, tudo o que necessita ser feito. Acho que o pior é não poder ver minha família", completa.

Terceira fase

Atualmente, a vacina de Oxford está em sua fase 3. Ao todo, 50 mil pessoas participam dos testes em todo o mundo, 10% delas no Brasil: 2 mil em São Paulo, 2 mil na Bahia e outras 1 mil no Rio de Janeiro.

Testes iniciais, das fases 1 e 2, foram realizados na Inglaterra com 1.077 voluntários. O resultado apontou que a vacina é segura e induz o corpo a reagir contra a Covid-19.

Vacina chinesa

Nesta terça-feira (21) deverá começar a ser aplicada em 890 voluntários de São Paulo no Hospital das Clínicas (HC) a vacina chinesa contra o coronavírus. A pesquisa está em sua terceira fase e 9 mil voluntários irão receber o imunizante. Após a aplicação da primeira dose, os voluntários receberão uma segunda dose da vacina 14 dias depois.

As 20 mil doses produzidas pelo laboratório chinês Sinovac Biotech chegaram no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, na madrugada desta segunda-feira (20). O avião com as vacinas saiu de Frankfurt, na Alemanha, e, após 11 horas de viagem, pousou por volta das 4h20 no Aeroporto Internacional de São Paulo. As doses estão na alfândega do aeroporto aguardando liberação.



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